Sr. Joaquim, a sua esposa é a mulher daquela noite! romance Capítulo 651

No caminho, as ruas da Cidade M estavam completamente congestionadas. O trânsito parecia uma metáfora perfeita para o caos que se passava na mente de Rosana. Ela ligou para Manuel incontáveis vezes, os dedos tremendo enquanto tentava disfarçar o desespero crescente. Mas ele não atendeu. No final, ele desligou o celular. Ela sabia que ele estava furioso. Um arrepio percorreu sua espinha, se lembrando de como Manuel podia ser implacável quando estava irritado.

Quando finalmente chegou ao Hotel Kim, o quarto já estava vazio. Seu coração acelerou com a ansiedade, um suor frio começou a se formar em sua testa. Sem outra opção, ela voltou para casa, a tensão em seu corpo crescendo a cada quilômetro.

Ao abrir a porta de casa, encontrou Manuel sentado no sofá com uma expressão sombria, o olhar fixo em algum ponto invisível à sua frente. Parecia que ele também havia acabado de chegar, pois ainda estava vestido com a camisa e a calça social, apenas o paletó azul estava jogado de qualquer jeito no sofá, como se tivesse sido descartado sem nenhum cuidado.

Rosana parou na porta, o medo a imobilizando por um instante.

Apesar de Manuel ser cruel e manipulador, Rosana tinha que admitir, mesmo relutantemente, que sua aparência era impecável. Mesmo aos trinta e poucos anos, ele parecia ficar cada vez mais atraente com o passar do tempo.

“Como ele pode ser tão bonito e ao mesmo tempo tão terrível?”, pensou ela, tentando se consolar de que, afinal, não foi uma total perda passar cinco anos ao lado de um homem assim. “Ele me usou, mas eu também tirei proveito da situação, certo?”

Se convencendo de que, de alguma forma, estavam quites.

— Tá me encarando assim por quê? Tá querendo me matar, é? — A voz de Manuel cortou o silêncio como uma faca afiada, cheia de sarcasmo e algo mais sombrio. Ele começou a caminhar em sua direção com um sorriso cruel desenhado nos lábios, o olhar penetrante cravado nela.

— Não... Não, claro que não! — Rosana finalmente sentiu o medo tomar conta, e decidiu se desculpar antes que fosse tarde demais. Suas mãos começaram a suar, e ela deu um passo para trás, como se aquilo pudesse afastar a tempestade que via se formando nos olhos de Manuel. — Eu... Eu tive um imprevisto hoje. Me desculpa, eu... Esqueci. — A voz saiu gaguejante, quebradiça, enquanto ela tentava desesperadamente encontrar as palavras certas, mas sabia que suas desculpas não despertariam nenhum sinal de perdão em Manuel.

Ele se aproximou lentamente, cada passo ecoando como um presságio de sua ira. Quando finalmente ficou cara a cara com ela, Rosana prendeu a respiração, seus olhos arregalados, o coração batendo tão forte que podia senti-lo na garganta. Os dedos longos e limpos de Manuel deslizaram suavemente pela pele dela, causando um arrepio imediato que percorreu seu corpo inteiro.

— Cinco anos, Rosana. E parece que você tá ficando corajosa. — Disse Manuel, com a voz fria e ameaçadora. — Já não se preocupa mais com a segurança do seu pai na prisão? Quer que eu mande alguém dar uma atenção especial a ele?

Rosana arregalou os olhos de puro medo, e começou a balançar a cabeça desesperadamente, os lábios tremendo enquanto tentava formular uma resposta.

— Não faça isso, Manuel! Eu sei que errei hoje, prometo que não vai se repetir! — Implorou ela, com uma voz embargada, quase um sussurro desesperado.