? Amanda
Assim que os dois se afastaram, me sentei na areia da praia por alguns instantes e me deixei levar por meus pensamentos. Santo Deus, será que estraguei nossa amizade? Não sei, só terei certeza quando voltarmos para o Rio. Suspiro e me deixo cair deitada na areia, encarando o céu. A nossa brincadeira aqui está acontecendo de uma forma tão natural, que eu estou amando e de verdade se estou me divertindo também. As vezes me pego desejando que o tempo pare e que prolongue por um pouco mais. Bobagem, eu sei.
Sorrio quando percebo que ainda sinto o seu sabor em minha boca e o seu toque atrevido em minha intimidade. Nossa, e aquele orgasmo? Para, Amanda, não esqueça que tudo é só uma brincadeira! Respiro fundo e me levanto para voltar para o casarão. Não, não é mais uma brincadeira, não para mim. Merda! Com o fim de tarde chegando, a brisa começa a ficar mais fria também. Caminho, pensando se deveríamos conversar sobre o que fizemos, mas, e se ele não estiver sentindo o que eu sinto?
Quando chego a casa da mãe de Alex, encontro apenas Alberto na sala, percebo que está um pouco distante e parece preocupado também.
__ Alberto?__ O chamo e ele parece despertar dos seus pensamentos, me olha forçando um sorriso, que não chega aos seus olhos.
__ Ah! Oi, Amanda! O Alex ainda está no quarto com a mamãe __ avisa.
__ Tudo bem, vou tomar um banho. __ Ele assente. Começo a ir para as escadas, mas paro na metade do caminho. __ Onde está todo mundo?
__ Saíram, foram fazer umas compras. __ Arqueio as sobrancelhas. Sério, o mundo desabando e eles foram as compras?
__ Tá.. eu vou... __ Faço gesto apontando a escada.
__ Fique a vontade, Amanda!__ Subo os degraus apressada e entro no quarto, indo direto para o banheiro. Tiro as roupas molhadas e sujas de areia e ponho no cesto, abro o chuveiro e tomo um banho quente e demorado, e quando já estou vestida, resolvo ir ver dona Clara. Bato levemente na porta, abrindo-a em seguida e olho pela brecha que acabei de abrir, vejo que ela está dormindo e torno a fechar a porta devagar, para não acorda-la. Resolvo descer as escadas e já do tipo, noto a sala vazia e segundos depois, encontro a varanda do mesmo jeito. Então resolvo ir até a área da piscina,. Bufo, também está vazia! Onde o Alex se meteu? Volto para sala e subo as escadas, voltando para o quarto que também está vazio, porém, escuto o barulho da água caindo no banheiro e penso que ele está no banho. Vou para perto de uma janela, que fica na parede lateral da cama e olho para o mar tranquilo, e quase sem ondas. O céu já começa a ficar alaranjado e um carro entrando na propriedade me chama a atenção. Ângela sai primeiro, com os seus pais e sua amiga logo após, todos eles carregam uma variedade de sacolas e uma empregada da casa, aparece para ajuda-los.
__ Amanda?__ Escuto a voz de Alex atrás de mim e me afasto da janela. Não sei se é impressão minha, mas ele parece cauteloso. Puxo uma respiração sutil. Penso que ele caiu na real e se arrependeu do que rolou na praia. Confesso que meu plano inicial era me aproveitar dessa situação muito louca e de tentar conquista-lo, mas parece que não foi o caminho certo. __ Será que podemos conversar?__ Ele diz, ei me aproximo um pouco mais. Seus olhos hesitantes fitam os meus.
__ Claro. __ Tento manter minha voz firme. Ele caminha para cama, se senta lá e me chama para sentar-me ao seu lado.
__ Eu não sei como começar a falar isso. __ Ele inicia.
__ Não precisa, eu já sei o que você quer me dizer __ retruco e ele parece surpreso.
__ Sabe?__ Assinto.
__ Você está arrependido do que aconteceu hoje na praia. __ Ele tenta falar, mas eu o impeço. __ Alex, eu sei que fizemos um pacto de amizade a alguns anos, que prometemos não nos envolver um com o outro de forma amorosa, e você está certo, não devíamos ter inventado toda essa história de namoro de mentira. E eu não sei se estamos confundindo as coisas aqui, mas... __ Alguém bate a porta, Alex se levanta irritado para atendê-la. Ele abre a porta e Stephanie entra sorridente com duas sacolas nas mãos.
__ Oi, Alex, espero não está atrapalhando. __ Ela lança um olhar inocente e eu reviro os olhos, fazendo cara e bocas, imitando a sua voz irritante, sem emitir som. __ É que eu comprei a coisinha pra você.
__ Para mim?__ O sorriso da garota se amplia e ela levanta a sacola para que ele veja. __ Vamos, abra! __ Alex abre a sacola e tira dela um perfume francês masculino. __ Eu amo esse perfume, Alex e tenho certeza que você também vai gostar! __ Ele olha a garota incrédulo e depois para mim. Arqueio as sobrancelhas petulante e aguardo a sua atitude. __ É uma maneira de agradecer pelo que fez hoje por mim.
__ Ah! É, não precisava.
__ E esse é pra você, Amanda.
__ Pra mim?! __ Ela assente, abrindo um sorriso debochado, que me tira do sério. Seguro a sacola e tiro dela um modelador. __ O que é isso?
__ Um modelador, é a sensação na França, sabe para modelar o corpo. __ Ergo a cabeça e abro um sorriso malévolo, jogando o objeto na cara da cachorra em seguida. A imbecil faz uma cara escandalizada. Com passos rápidos, vou até o Alex, pego o perfume da sua mão, o jogo de volta na sacola e empurro rente ao peito da atrevida, a empurrando para fora do quarto no mesmo instante.
__ O que está fazendo, sua maluca? __ Ela rosna
__ Vai comprar presentes para a puta que te pariu, sua cachorra! __ A empurro para o corredor e bato a porta com força.
__ Uau, o que foi tudo isso?__ Ele pergunta embasbacado. O encaro ofegante.
__ Isso, foi o que você deveria ter feito quando aquela mulher passou por esta porta. O que, quer ficar com ela?__ O provoco exasperada.
__ Claro, que não, Amanda!
__ Mas, aceitou o presente que ela trouxe pra você __ acuso possessa.
__ Ela só quis fazer uma gentileza, Amanda.
__ Gentileza é o caralho, Alex!
__ Olha essa boca suja, advogada!__ Ele adverte.
__ Quer saber, já deu! __ Vou para a porta do quarto e quando seguro o trinco, Alex segura a minha mão.
__ Amanda, por favor, vamos conversar.
__ Chama a Stephanie, ela parece bem interessada em conversar com você! __ rebato e saio do quarto pisando duro, na sequência, saio da casa sem ao menos olhar para trás. Caminho pela areia, apreciando a brisa suave em meu rosto.
Uma sequência de interrogações preenchem a minha cabeça imediatamente. O que está acontecendo com você, Amanda? Você nunca foi de cobrar nada de ninguém, principalmente dos homens, e isso, para nunca ser cobrada. Agora haje com se tivesse ciúmes... Oi! Eu disse ciúmes? Ai, Deus, sempre achei ridículo mulher ciumenta e agora por causa de uns amassos, estou com ciúmes do Alex?! Fodeu! Se já cheguei a esse estágio é porque o negócio é muito sério! Levo uma mão a testa, em um gesto de nervosismo e olho de um lado para o outro, porém não vejo nada a minha frente, tudo é uma escuridão só. Se não fosse a lua não veria nem os meus próprios rastros no chão. Sento-me na areia e fico quieta, apenas olhando para o mar, por longos minutos. Se ao menos eu tivesse a certeza que ele sente o mesmo por mim.
Não sei quanto tempo passei aqui, mas sinto-me um pouco mais leve. Amanhã será o nosso último dia aqui e antes de partirmos, preciso saber qual será o meu status depois tudo isso, pior ainda, tenho que saber como vamos ficar quando voltarmos para o Rio.
Volto para casa, encontrando tudo muito quieto e silencioso, e a enorme sala está iluminada apenas pelo abajures. Subo as escadas e tento não fazer muito barulho, abro a porta do quarto bem devagar e vejo o Alex adormecido na cama. Fecho a porta com cuidado e olho para esse homem lindo, deitado na cama. Tenho vontade de acorda-lo e de retomar a nossa conversa, mas ficará para amanhã.
Solto uma respiração audível e vou tomar uma ducha rápida. Ponho um babydoll branco e me ao sei lado, e quando fecho os meus olhos, sinto o meu corpo sendo puxado para mais perto dele.
__ Boa noite, flor do campo! __ Ele sussurra e eu sorrio. Não dá pra sentir raiva desse homem, mesmo ele fazendo essas burradas. Me aconchego em seu abraço e fecho os meus olhos.
__ Boa noite, meu amor! __ Mordo a língua depois dessa. Será que ele ouviu? Acho que não, deve estar dormindo.
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O dia está lindo lá fora, meu olhar corre para o relógio em cima da mesinha de cabeceira e me afobo ao ver que já são nove da manhã. Pulo imediatamente para fora da cama. E para a minha decepção, Alex não está mais no quarto. Corro para tomar uma ducha, faço um coque no cabelo e começo a arrumar minha mala, pois sairemos logo depois do almoço. Minutos depois, desço as escadas e quando estou indo em direção da mesa do café da manhã, meu celular começa a tocar, tiro o aparelho do bolso do meu jeans e olho a tela, o nome Diego Deluthy aparece.
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