Um Adeus Sem Perdão romance Capítulo 1

Todos no círculo de amigos sabiam que Joana Neto era loucamente apaixonada por Ricardo Vieira.

Seu amor era tão intenso que não lhe restava vida própria, nem espaço pessoal; ela desejaria poder passar todas as vinte e quatro horas do dia ao redor dele.

A cada término, não passavam três dias até que ela voltasse mansamente, implorando por uma reconciliação.

Parecia que no mundo inteiro qualquer um poderia pronunciar as palavras "nós terminamos", exceto ela, Joana.

Quando Ricardo entrou de braços dados com seu novo amor, o silêncio tomou conta do espaço reservado por cinco segundos.

Joana, que descascava uma laranja, parou, "Por que todo mundo está em silêncio? Por que estão olhando para mim?"

"Joana..." Um amigo lançou-lhe um olhar preocupado.

Ricardo, como se nada estivesse errado, sentou-se no sofá com a mulher, "Feliz aniversário, Vicente."

De forma descarada, como se tudo estivesse normal.

Joana levantou-se; era o aniversário de Vicente Guerra, e ela não queria criar uma cena feia.

"Vou ao banheiro."

Ao fechar a porta, ela ouviu a conversa que se iniciava —

"Ricardo, irmã Joana está aqui, eu não te avisei com antecedência? Por que ainda assim trouxe ela?"

"É isso aí! Ricardo, dessa vez você passou dos limites."

"Não faz mal." Ricardo soltou a cintura delicada da mulher, acendendo um cigarro para si.

No meio da fumaça que subia, seu olhar era sorridente.

Como um aventureiro que zombava da vida.

Joana não ouviu o resto, pois a porta se fechou.

Ela calmamente terminou no banheiro e, enquanto retocava a maquiagem, observou-se no espelho e, de repente, curvou os lábios.

"Que feia."

Vivendo de forma lamentável.

Joana respirou fundo, tomando uma decisão silenciosa.

No entanto, ao retornar e abrir a porta do espaço reservado, a cena que ela viu a fez apertar a maçaneta, quase perdendo o controle.

Ricardo estava pressionando seus lábios contra os da mulher, a saliva umedecendo o lenço de papel entre eles.

Ah, seis anos de relacionamento, e tudo o que restava era "esfriou".

"Sónia é uma boa moça, eu quero dar um status a ela."

Joana assentiu mecanicamente: "Tudo bem."

"Mesmo que tenhamos terminado, ainda somos amigos. Se precisar de algo na Capital, pode me procurar."

"Não precisa," disse Joana, forçando um sorriso leve, "Já que terminamos, melhor cortar pela raiz, é mais justo para a moça."

Ricardo levantou as sobrancelhas, aparentemente surpreso.

"Vicente," Joana se virou para o aniversariante, "feliz aniversário. Divirtam-se, eu vou embora. Aquela bandeja de laranjas foi eu que descasquei, comam, não desperdicem."

Ricardo não gostava de frutas, exceto laranjas.

Mas ele era exigente, só comia se cada gomo estivesse completamente livre da parte branca.

Por anos, para garantir que ele consumisse uma fruta diariamente e se mantivesse saudável, Joana sempre preparava, cuidadosamente retirando cada parte branca e arrumando na bandeja antes de entregar a ele.

Quando Ricardo estava feliz, ele a abraçava carinhosamente, dizendo: "Minha namorada é incrível, como pode ser tão dedicada?"