Um Adeus Sem Perdão romance Capítulo 1071

"Eu acho que é bem possível! Leonor esteve no exterior aprimorando seus estudos durante anos. Ele, por outro lado, voltou ao Brasil há alguns anos e, desde então, mergulhou de cabeça no trabalho acadêmico, sem dar a mínima atenção a questões pessoais. Antes, eu pensava que ele estava ocupado demais para se envolver em relacionamentos, mas agora, pensando bem, não é que ele estava ocupado, ele estava esperando por alguém!"

"Quem diria que o Prof. Matos seria um romântico incurável! Hahaha..."

Leonor já havia se calado há muito tempo em meio às provocações dos colegas.

Ela já havia tentado explicar, mas parecia que quanto mais falava, mais aumentavam as suspeitas.

Sem saber o que dizer, optou pelo silêncio.

Será que Dionísio realmente estava esperando por ela todos esses anos?

É possível?

Leonor, por sua vez, não acreditava nisso.

Um homem tão focado, que sempre teve como objetivo único o amor pela ciência e pesquisa, deixaria-se influenciar por sentimentos?

Ele é Dionísio, afinal!

Mesmo ciente de que essa possibilidade era mínima, uma pequena chama de esperança surgiu incontrolavelmente em seu coração.

E se...?

E se ela fosse a exceção?

E se ele visse a mensagem escondida na chama da vela, entendendo o sentimento que ela nutria por ele na juventude, e esperasse silenciosamente?

Nos romances, não é sempre assim que acontece?

Uma paixão secreta da juventude que, em um futuro distante, finalmente se torna realidade, revelando não ser uma história de amor unilateral, mas uma paixão compartilhada por ambos.

"Leonor, por que você não liga para o Dionísio? Convide-o para jantar conosco. Numa ocasião como esta, sua ausência é uma pena, e veja, o Diretor Magnus até reservou um lugar para ele."

Surpresa por ser chamada, Leonor voltou à realidade: "O quê?"

"Ligue para o Dionísio e peça para ele vir."

No meio de todos os olhares e incentivos, Leonor foi encorajada a agir.

Talvez, no fundo, ela também estivesse curiosa sobre qual seria o resultado. Assim, sob os olhares atentos dos outros, pegou o celular.

Procurou o número que estava em sua lista de contatos há anos. Mesmo tendo trocado de celular e de chip várias vezes, aquele número sempre foi guardado com cuidado.

Embora nunca tivesse ligado.

Com um leve toque na tela, o telefone começou a chamar, e não havia mais como voltar atrás.

Mas ela não se arrependia.

Com o celular próximo ao ouvido, Leonor respirou cuidadosamente, ansiosa para saber qual seria a reação dele ao atender e perceber que era ela.

Surpresa?

Espanto?

Ou indiferença?

Em um instante, todos os cenários possíveis passaram em sua mente, exceto um—

【Desculpe, o número que você ligou está indisponível.】

Leonor ficou atônita.

Demorou alguns segundos para compreender.

Número indisponível?

Ele trocou de número? Ou então...

O número que ele lhe deu estava errado desde o início?

"Leonor? Leonor?! E aí, conseguiu falar com ele?"

Primeiro, ela abriu a cortina e caminhou até a janela panorâmica.

Cidade R era realmente bela, com suas luzes brilhantes e o tráfego incessante.

Era muito diferente da Carolina do Norte.

Em inúmeras noites de estudo, ao olhar pela janela, ela via apenas uma escuridão fria e solitária.

Sua única companhia eram os livros e a lua.

Nesses momentos, ela desejava muito voltar ao seu país, ao seu círculo de conforto, a uma vida que não exigisse tanto esforço e cansaço.

Mas esse pensamento durava apenas alguns segundos.

Depois de alguns segundos, ela se voltava para a mesa, retomava seus estudos e prosseguia com suas pesquisas.

Após perseverar em incontáveis noites assim, ela finalmente—

Alcançou o sucesso acadêmico.

Finalmente, conseguiu fazer a transição do campo da biologia para a física.

Somente ao alcançar o sucesso, ela compreendeu o quão difícil tinha sido, e pôde entender melhor o quão extraordinário e excepcional Dionísio era naquela época!

Ele era extremamente talentoso.

E, sem o mesmo talento natural, ela teve que compensar com esforço, felizmente, o esforço não foi em vão.

Ela conseguiu.

Passo a passo, ela chegou até aqui, chegou...

Mais perto dele.

Agora, será que ela tem o direito de caminhar lado a lado com ele, avançando juntos?