Um Adeus Sem Perdão romance Capítulo 1220

Felipe levou o notebook para a sala de estar e sentou-se de pernas cruzadas diante da mesinha de centro.

O tapete grosso de lã, junto com o aquecedor ligado, fazia com que o ambiente não tivesse nenhum sinal de frio.

Ele começou a tratar dos assuntos do trabalho de forma metódica.

Do Departamento Comercial, passou para o de Marcas, depois para o Financeiro, Recursos Humanos...

Os documentos de aprovação de cada departamento chegavam até ele; lia todos, um a um, antes de assinar.

Durante esse processo, dois convites para reuniões online apareceram. Felipe olhou por cima do ombro para a mulher adormecida, e silenciosamente colocou os fones de ouvido.

Ficou o tempo todo apenas ouvindo, sem dizer nada.

Duas horas passaram num piscar de olhos. Ao assinar o último documento, o homem se levantou e alongou as costas e a lombar, que estavam rígidas.

Ao olhar para trás, notou sem querer que a manta fina havia escorregado do corpo de Joana.

Ele se aproximou e a cobriu novamente.

Quando estava prestes a retirar a mão, seu olhar se fixou no rosto dela.

O semblante sereno e adormecido da mulher transmitia uma beleza tranquila e encantadora. Os cílios longos e espessos pareciam dois pequenos leques.

A pele era clara, os lábios, avermelhados...

Felipe ficou encantado, parado no lugar, como se estivesse hipnotizado.

Engoliu em seco e, sem perceber, se inclinou para mais perto...

E ainda mais perto...

De repente, ouviu-se uma voz do andar de cima: "Felipe? Você está na sala?"

A voz da Velha Senhora ecoou do segundo andar.

Felipe voltou à realidade num sobressalto, afastando-se rapidamente como se tivesse levado um choque.

Logo, Susana apareceu no campo de visão, descendo as escadas do segundo andar.

Felipe a cumprimentou: "Vó."

Ao ver que ele havia fechado o notebook, a Velha Senhora sorriu e perguntou: "Terminou tudo do trabalho?"

"Sim, acabei agora."

"Você tem trabalhado tanto ultimamente."

"Não é nada." Ele sorriu de leve.

A conversa dos dois acabou acordando Joana, que se espreguiçou e sentou-se mais ereta, deixando a manta deslizar para o colo.

"Como foi que eu acabei dormindo?" Ela riu, um pouco constrangida.

A Velha Senhora olhou para ela com carinho: "Tem trabalhado demais ultimamente? O laboratório não entrou em recesso?"

"Entrou sim. E eu já me acostumei a tirar uma soneca todo dia, não consigo ficar sem. Hoje, com o sofá tão confortável e a casa tão quentinha, acabei dormindo mais do que devia."

"Gostou desse sofá? Amanhã mesmo mando entregar um igualzinho para você!"

"Não precisa..." Joana riu, sem saber se chorava ou ria. "Meu apartamento é pequeno, não cabe outro sofá."

"Sem problema! Esse modelo pode ser desmontado em módulos individuais, fica quase do tamanho de uma poltrona de massagem. Não vamos mandar o conjunto inteiro, só uma peça, com certeza cabe."

Por mais que Joana tentasse recusar, a Velha Senhora já tinha decidido.

Bem, o amor dos mais velhos é mesmo assim, meio dominador.

Ao perceber que todos já estavam acordados, a empregada trouxe o chá da tarde.

Havia bolo de fubá e pão de queijo, mas também algumas delícias orientais; para beber, tanto café como chá de jasmim, agradando todos os gostos.

Cada porção era pequena: tanto o Velho Senhor quanto a Velha Senhora sempre foram moderados na comida e na bebida, priorizando a saúde mais do que o prazer de comer.

Por isso, embora Joana gostasse, não exagerou.

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