Um Adeus Sem Perdão romance Capítulo 131

"Ah? Não pode ser! Sem estudar, sem trabalhar, o que ela faz então?"

"Ela vira amante de ricaços! Deita-se, abre as pernas, e o dinheiro chega, veja só que fácil. Para que procurar emprego?"

"Xi! Sílvia, essas coisas não se dizem à toa! Isso afeta a reputação da moça!"

"Humph, se a filha dele estivesse trabalhando direito, por que ela não volta para casa há anos? É porque eles se envergonham dela, não deixam ela voltar. Aqui, neste lugar pequeno, qualquer notícia se espalha rapidamente. O Prof. Neto tem mesmo que ser cuidadoso, não é? Caso contrário, como ele pode ser um exemplo para os outros?"

"Meu Deus..."

Fernando, claro, não ouviu essas conversas.

Talvez, mesmo que ouvisse, ele escolheria apenas ficar em silêncio.

Porque, aos seus olhos, o que sua filha fazia não era muito diferente de ser mantida por ricos como um passarinho numa gaiola.

...

Joana desceu do trem, não podendo evitar de apertar mais o casaco de penas contra si.

Embora a Cidade L ficasse ao sul da Capital, ainda estava bastante frio nesse mês.

Sentada no táxi, observava a paisagem lá fora retrocedendo, lentamente se fundindo com as lembranças de sua terra natal.

Cidade L não era muito populosa, e com a indústria pesada se mudando para fora da cidade nos últimos anos, o governo começou a investir pesadamente no turismo, resultando em uma excelente urbanização e áreas verdes.

Os edifícios antigos e baixos foram renovados, e os parques eram novos.

Apenas o centro histórico manteve sua aparência original, dividindo a cidade nova da antiga pelo rio.

No verão, as pessoas faziam passeios de barco no rio; no inverno, a superfície da água congelava, formando uma camada fina de gelo que, ao menor toque, se quebrava, criando um efeito cintilante na superfície da água, como diamantes brilhando sob a luz.

Havia uma ponte arqueada antiga sobre o rio, e a família Neto vivia em uma das extremidades.

Passando pelas ruas estreitas, de longe já se podia ver o sinal "Condomínio dos Professores da Segunda Escola de Cidade L".

Fernando, tendo sido um dos melhores alunos do departamento de física da Universidade Q naquela época, foi convidado a lecionar física na Segunda Escola de Cidade L, tornando-se o líder do grupo de física em apenas um ano.

"Tudo bem, a partir de agora, eu não sou seu pai, e você não é minha filha!"

...

"Moça, chegamos." O motorista falou novamente.

Joana se sobressaltou, tirou o celular para pagar: "Obrigada."

A família Neto morava no térreo, com um pequeno jardim, porque a mãe gostava de roxo, então o pai construiu um caramanchão de glicínias para ela.

Quando as glicínias floresciam, as videiras pendiam cheias de flores, era o lugar favorito dela para se refrescar.

Vendo que ela gostava, o pai arranjou tempo para fazer um balanço para ela, mas conforme ela cresceu, o balanço foi deixado de lado.

Depois que ela saiu de casa para estudar, não teve mais a chance de ver o jardim de glicínias nem o balanço... Seis anos se passaram, ela não sabia como estariam agora...

Pensando nisso, Joana piscou para afastar a sensação de ardência nos olhos, parou em frente à porta de casa, respirou fundo e bateu na porta.