Um Adeus Sem Perdão romance Capítulo 1499

"Vou ligar para perguntar..." Antes que Betânia conseguisse discar, uma mensagem no WhatsApp apareceu na tela.

Ao mesmo tempo, o celular de Kléber também emitiu o som de notificação do WhatsApp.

No grupo chamado "Equipe Laboratório Ilimitado" —

sym: [Desculpem por não me despedir pessoalmente, principalmente porque fiquei com medo de Betânia chorar alto demais. Deixei uma carta para vocês, está na gaveta embaixo da bancada do laboratório. Quando tiverem um tempo, deem uma olhada.]

Betânia mal teve tempo de reagir, e uma segunda mensagem chegou logo em seguida —

sym: [Adeus, meus amigos, cuidem-se bem enquanto eu estiver longe.]

Por fim, veio um sticker de ursinho fazendo coração com as mãos.

Betânia imediatamente clicou no ícone de Joana e iniciou uma chamada de vídeo pelo WhatsApp, mas ninguém atendeu.

Ela voltou ao grupo e mandou várias mensagens em sequência —

Muda pequena: [irmã Joana, o que você está querendo dizer com isso?]

Muda pequena: [Liguei para você por vídeo, atende aí, vai.]

Muda pequena: [Ei, será que hackearam sua conta?]

Muda pequena: [Se você não responder, eu... eu vou chorar, hein!]

No entanto, o ícone de Joana permaneceu inerte.

Marcelo e Hélder, ao verem as mensagens do grupo, correram imediatamente do outro cômodo.

Marcelo: "O que está acontecendo? A Joana não veio hoje?!"

A expressão de Betânia, com o rosto de quem se esforçava para segurar as lágrimas, junto ao olhar grave de Kléber, já lhe deram a resposta.

Hélder murmurou: "A irmã Joana disse que deixou uma carta para nós..."

Com essa lembrança, todos se apressaram para procurar a carta.

Kléber a achou e abriu ali mesmo, enquanto os outros se reuniram em volta.

Amigos,

Perdoem-me por me despedir desta maneira.

Falar pessoalmente seria muito doloroso, mandar mensagem no WhatsApp ficaria meloso demais, então... O principal é que tenho medo de, ao reler o histórico de conversa, ficar arrepiada. Melhor escrever uma carta.

Sei que é meio antiquado, mas acho até romântico.

...

Ao chegar aqui, Betânia já chorava e ria ao mesmo tempo.

Kléber e Marcelo trocaram olhares, resignados e saudosos, mas com menos peso e um toque a mais de leveza.

Só podia ser ela mesma, transformando a despedida em algo tão... espirituoso e leve.

A carta continuava —

Solicitei transferência para a Austrália.

Este lugar já conquistou a professora, e eu também quero ver com meus próprios olhos.

Quero entender o que há de tão especial lá, quais mistérios se escondem naquele lugar.

Não precisam sentir tanta falta de mim. Se tiverem tempo para isso, é melhor abrir mais projetos, escrever mais artigos.

Embora eu vá estar em outro país, as revistas científicas são globais; espero ver os nomes de vocês nelas, muitas e muitas vezes.

Marcelo: "Já devíamos imaginar..."

Betânia piscou, fungando: "Vocês... vocês sabiam o quê?"

Marcelo olhou em volta: "Esses equipamentos novos, a geladeira cheia de pastel e carne moída... Antes de ir, ela pensou em tudo que podia para nós."

Hélder coçou a cabeça. Ele não era o mais esperto, mas de bobo não tinha nada: "Eu sei, irmã Joana quer que a gente cuide bem do Laboratório Ilimitado. Ela foi explorar o mundo, e somos nós que temos que tomar conta de casa."

Betânia arregalou os olhos: "É isso mesmo? Ela não nos abandonou, não foi embora sozinha? Ela não vai deixar a gente de lado, né?"

Marcelo olhou para ela de um jeito que só quem está sem palavras consegue olhar: "Gastou uma fortuna para deixar os melhores equipamentos para nós, isso é ‘abandonar’? Isso é ‘deixar de lado’?"

Se não fosse por Kléber lançar um olhar de advertência ao lado, Marcelo teria perguntado "cadê seu juízo?".

Betânia, como se despertasse de um sonho, enxugou as lágrimas.

"É mesmo!" Ela bateu as mãos, animada. "A irmã Joana quer que a gente fique aqui tomando conta! Não pode ser..."

Ela se virou para sair.

"Ei," Kléber a puxou de volta, "vai aonde?"

Betânia olhou cheia de determinação: "Vou fazer experimento! Vou abrir projeto! Vou escrever artigo!"

Dito isso, correu de volta para sua bancada.

Kléber sorriu, sem conseguir se conter.

Marcelo e Hélder voltaram para o outro cômodo e retomaram o trabalho.

Tudo parecia voltar ao normal, mas as emoções dentro de cada um, só eles mesmos sabiam.