Um Adeus Sem Perdão romance Capítulo 160

Usura?

Cinco milhões... Ele poderia trabalhar a vida inteira, sem comer nem beber, e ainda assim não conseguiria juntar essa quantia.

Joana sentiu-se insegura: "Ao longo desses anos, eu não fiquei parada, consegui guardar um pouco de dinheiro."

Foi então que Tânia, que até então permanecera em silêncio, de repente falou:

"Como conseguiu guardar?"

Seu olhar ainda carregava certa incisividade.

Joana suspirou, parecia que os rumores lá fora, de uma maneira ou de outra, haviam chegado aos ouvidos de Tânia.

"Mãe, esse dinheiro veio por meios honestos, ganhei com o meu próprio esforço, de forma limpa, e o gastei com a consciência tranquila."

E isso não era mentira.

No início, Ricardo, para ficar com ela, chegou a se indispor com sua família.

Kleber Vieira, para discipliná-lo, cancelou todos os seus cartões bancários e ordenou que Juliana não lhe oferecesse nenhum tipo de ajuda.

Nos momentos mais difíceis, os dois se apertavam em um porão de menos de dez metros quadrados, que vazava durante as chuvas, com o corpo frio, mas com o coração aquecido.

Quando Ricardo tentou empreender, precisando de capital inicial, Joana saía todos os dias para fazer bicos e juntar dinheiro.

Depois, por meio de uma indicação, ela entrou numa Companhia de Pesquisa e Desenvolvimento de Biotecnologia voltada para produtos de beleza, inicialmente para testar seus produtos e fornecer dados sobre a pele para a equipe de pesquisa.

Numa oportunidade inesperada, Joana escreveu um programa que ajudou a empresa a compilar dados de amostras em massa, tornando o trabalho, que era complexo, simples e eficiente, e aumentando significativamente a precisão.

A empresa ofereceu quinhentos mil para comprar o programa, mas Joana não aceitou de imediato. Após conversar com Ricardo, foi ele quem negociou o preço.

Não se podia negar o talento natural de Ricardo para negociações, e o programa foi vendido por dois milhões.

Com isso, Joana ajudou a juntar o primeiro grande capital para ele.

Com esse dinheiro, Ricardo fundou sua própria empresa e, dois anos depois, tornou-se uma nova promessa do mercado.

Agora, pensando bem, se Ricardo realmente a amasse e quisesse passar o resto da vida com ela, o que ele teria entregue no dia do IPO seriam ações, e não um pagamento único em dinheiro e terreno.

Os dois milhões de seis anos atrás, somados aos anos de companheirismo e cuidado, faziam com que Joana não se sentisse nem um pouco culpada ao aceitar o cheque de cinquenta milhões.

Mas ela não queria expor os detalhes e as complicações dessa história diante de seus pais, para não os fazer sofrer desnecessariamente.

Tânia sabia que a filha talvez estivesse omitindo algo, mas, uma vez que ela afirmava ter agido "de forma honesta" e com "a consciência tranquila", provavelmente era verdade.

"Então... isso significa que logo vou morar numa mansão?" A única preocupação de Tânia se dissipou, restando apenas a felicidade.

Joana assentiu: "São imóveis prontos para morar, se quiser, pode mudar-se ainda esta noite. Exceto por lençóis, fronhas e roupas íntimas, todo o resto está completo."

"Há um lago ornamental com carpas na entrada e um pavilhão à beira do lago no quintal, pai pode plantar qualquer flor que desejar."

Fernando brilhou os olhos, "É tão grande assim?"

"Você verá quando se mudarmos. Já pode começar a comprar sementes e grama..."