Um Adeus Sem Perdão romance Capítulo 1639

Suzana moveu os lábios, querendo falar, mas a garganta ferida só conseguiu emitir um ou dois sons ásperos e desagradáveis.

Ela sorriu de si mesma, os olhos fixos no teto, enquanto lágrimas incontroláveis escorriam pelo canto dos olhos, carregando um desespero impotente.

Oliver se atirou até a beirada da cama, já com o rosto coberto de lágrimas.

Ele quis segurar a mão da mulher, mas percebeu que todos os dez dedos dela estavam envoltos em faixas, com manchas de sangue fresco surgindo através do curativo. A mão dele, estendida no ar, ficou paralisada e, por fim, ele só conseguiu recuá-la, trêmula.

"Desculpa... me perdoa de verdade... Eu... eu queria te ajudar, mas tive medo... Desculpa, se eu tivesse chamado a polícia ou conseguido contactar sua irmã, talvez você não estivesse assim agora... Fui eu que te prejudiquei... é tudo culpa minha... Eu sou covarde, fraco, um frouxo que não assume responsabilidade..."

Quando Oliver chegou ao fim, já falava de maneira totalmente desconexa.

Antes, quando tinha apanhado de Bernarda, ele só sentira dor, sem realmente perceber as consequências do que fizera.

Ele pensava que só estava se protegendo.

Deus nunca exigiu que todos fossem altruístas e grandiosos.

Ele inventou inúmeras justificativas para si mesmo, ou melhor dizendo... desculpas.

Tentou racionalizar aquela "covardia", para conseguir se libertar daquele ciclo de culpa e remorso.

No entanto, todas as desculpas que havia racionalizado desmoronaram no instante em que viu com os próprios olhos o estado lamentável de Suzana.

Oliver pensou que era tão vil, nojento, frio, cruel...

A culpa o esmagava, tornando difícil até respirar.

Com a mão no peito, ajoelhou-se no chão ao lado da cama, respirando com dificuldade e chorando de forma descontrolada; quem não conhecesse pensaria que ele era o verdadeiro "paciente" ali.

Até mesmo Suzana, perdida em sua própria tristeza, ficou surpresa com a cena.

"Você... você... não... precisa... assim..."

Foram necessários vários esforços para conseguir pronunciar, ainda que de forma incompleta, aquela frase.

As lágrimas de Oliver caíam ainda mais intensamente.

Suzana pensou que nunca tinha culpado aquele homem, então por que ele chorava daquele jeito?

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