Um Adeus Sem Perdão romance Capítulo 51

Embora a refeição estivesse deliciosa e bem apresentada, Hugo sentia-se desconfortável enquanto comia.

Mal acabou de comer, apressou-se em se despedir e partir.

Quando a casa ficou subitamente silenciosa, Joana começou a arrumar os pratos e talheres, mas não conseguia parar de pensar nas palavras de Beatriz.

Úlcera perfurada...

Distraída com esses pensamentos, deixou um prato escorregar das mãos e se quebrar.

Instintivamente, tentou pegar os cacos com a mão, cortando-se acidentalmente. Um gemido escapou de seus lábios, e as lágrimas caíram sobre sua mão sem que pudesse controlá-las.

Seis anos, não seis dias ou seis meses. Certos hábitos já estavam profundamente enraizados. Ao ouvir que Ricardo estava hospitalizado, seu primeiro instinto foi de preocupação, um desejo quase incontrolável de visitá-lo no hospital.

Felizmente, a razão a deteve.

Joana pensava que, com o tempo, aprenderia a não se preocupar mais, a não chorar mais por ele.

Desde o brilho do início de seu romance até o desgaste de ficarem juntos, até a inevitável separação, as fissuras já haviam aparecido, mesmo que não se lembrasse exatamente quando.

Talvez tivesse sido a primeira vez que ele faltou com a palavra, ou talvez quando ele mentiu pela primeira vez... Agora, só restavam lembranças turvas.

Seis anos podiam ser dignos de elogios ou completamente insignificantes.

...

Beatriz, furiosa, descia os degraus de salto alto quando tropeçou no lixo no corredor, soltando palavrões de irritação: "Que lugar horrível para morar! Tão degradado e fedorento, é de enlouquecer!"

De repente, seu celular tocou.

"Irmão, por que você me liga agora? O médico não disse para você descansar?"

Ela estava furiosa, mas ao lembrar que Ricardo estava doente, seu tom suavizou um pouco, embora ainda um tanto áspero.

No hospital, Ricardo acabara de acordar ao ouvir que Beatriz tinha saído.

"... Disse que ia procurar Joana, para ela vir te ver." Vicente deu de ombros, com as mãos para o alto.

Queria dizer: era impossível detê-la.

"…O que você quer dizer?"

Beatriz soltou uma risada fria: "Joana disse, o que acontece com você não tem nada a ver com ela, esteja doente ou morto, não é problema dela, ela não quer visitar você no hospital! Está satisfeito agora?"

"Alô? Irmão? Irmão?! "

De repente, do outro lado da linha, fez-se silêncio.

Ao verificar o celular, já havia desligado.

...

No quarto do hospital, Lúcia observou o olhar frio e sombrio de Ricardo e depois o celular quebrado no chão.

Lá se ia mais um aparelho!

Lúcia instintivamente protegeu o próprio celular dentro do bolso. Tinha acabado de compensá-la por ele, definitivamente não podia emprestá-lo novamente.