Alguns dias depois do procedimento de inseminação artificial, Katherine segue no hospital acompanhando Ethan, ela não tem permissão de sair do lado dele, ela tenta se manter forte na frente dele, Ethan dorme boa parte do dia e quando acordado ele não gosta de falar, principalmente com ela o que para Katherine é um alívio, pois ela passa o dia todo perdida em seus pensamentos, com sua fisionomia cansada e sem carisma, a postura dela só aumenta o ódio e desprezo de Ethan por ela, pois para ele Katherine não tem nenhum amor-próprio e ele sente nojo só de pensar que uma mulher tão fraca e indefesa se tornou sua esposa, ele a culpa por isso, pois devido ao pai dela que ele está ali e ainda por cima casado com ela. Uma noite ele acorda e escuta o choro baixinho dela, ele senta–se na cama frustrado.
– Você é tão ridícula, você não faz nada além de ficar aqui chorando, por que você existe?
Katherine o observa e baixa a cabeça secando suas lágrimas, seu amor a vida não existe mais, ela está desesperançosa de tudo e num momento de fraqueza tomou uma decisão estúpida, a ideia de o procedimento ter funcionado e ela ter engravidado, a faz ter arrepios, como ela seria mãe, ainda mais ser a mãe do filho de um homem tão sem sentimentos, ele é a todo tempo grosseiro e sua família é completamente maluca, a todo momento ela pensa em como escapar dessa vida.
– Você não sabe falar? Como minha avó achou que isso era uma boa ideia, você é tão ridícula. Levante-se e me traga água agora.
Katherine suspira para não se deixar levar pelas grosserias dele, ela levanta-se, vai até o frigobar, pega uma garrafa de água e serve um copo a ele, enquanto sente o olhar intimidador de Ethan a acompanhar o tempo todo, ela caminha até ele e estende o copo em sua direção, quando os dedos gelados dele encostam em sua mão, ela assusta-se e deixa o copo cair molhando Ethan e a cama e num ataque de raiva, ele atira o copo na parede.
– Você é tão burra, que mulher mais ridícula, você não consegue fazer o básico, é incapaz de me servir um copo de água. Tão inútil. – Diz ele num tom alto e rude, ele levanta-se, enquanto observa ela retraída no canto com medo.
– Me desculpa, eu não quis. – Ele a interrompe.
– É óbvio que você não quis, você é apenas inútil, não serve para nada. Não teria essa coragem de me provocar. Limpe essa bagunça. – Diz ele indo para o banheiro.
Katherine respira lentamente, enquanto começa arrumar tudo, ela faz o mais rápido que consegue com suas lágrimas escorrendo, ela parece uma morta viva, que está apenas seguindo ordens, ela virou a bonequinha de Amélia e a doméstica de Ethan, quando sua vida se transformou nisso, questiona-se, ela só consegue lamentar, enquanto não consegue reagir, ela pensa na sua mãe, para tentar suportar tudo aquilo. Ela termina de arrumar tudo e sai do quarto para se acalmar, antes que Ethan volte e a humilhe mais. Quando ele sai do banheiro, ele observa a cama arrumada e o chão seco e sem os cacos de vidros, ele fica se questionando para onde ela foi. Ele volta a deitar-se e não demora a voltar a dormir. Katherine está na capela do hospital.
– Deus, o que fiz para merecer isso? Porque a minha vida está assim? Eu não sei se aguento por muito mais tempo, por favor, acabe com meu sofrimento. Não me abandone, senhor. – Diz ela baixinho em meio aos soluços e lágrimas.
Ela fica por horas, sentada na capela, durante a madrugada, ela volta para o quarto e entra lentamente, ela observa Ethan dormindo e a fisionomia dele, enquanto dorme, não é a mesma assustadora de quando está acordado, ela vai para o sofá e deita-se para dormir, na manhã seguinte ela é acordada por Ethan.
– Katherine, acorde. – Diz ele da sua cama, ela nem se mexe e ele fala mais alto a despertando. – Katherine, acorde agora. – Ela senta-se lentamente e sonolenta no sofá, seu cansaço é aparente. Ethan a observa e sua raiva só aumenta.
– Traga o meu café, porra, para que você serve hein? Até acordar você eu preciso, não quero que isso se repita, amanhã quando acordar, você estará me aguardando com meu café pronto.
– Porque você mesmo.. – Quando se dá conta do que ia falar, ela interrompe a frase e baixa o olhar. – Me desculpa, isso não irá mais acontecer. – Ela levanta-se e vai ao banheiro, enquanto Ethan fica com um sorriso de canto de lábios, deixando à mostra as covinhas que sempre aparecem quando ele sorri, ele gosta quando ela reage aos insultos.
Katherine demora no banheiro, pois ela está tomando seu banho, o que o deixa mais irritado, quando ela sai do banheiro, ela não o encara e vai direto para a cafeteria do hospital, enquanto Ethan vai ao banheiro tomar o seu banho, ele já está praticamente recuperado do acidente, ele sabe que provavelmente poderá ir para sua casa em breve. Quando ele sai do banheiro, ele avista Katherine sentada com a cabeça baixa no seu estado habitual, afundada na tristeza e amargura e ele não consegue esconder sua raiva e descontentamento com aquilo. Ele senta-se na cama e segue incomodando ela.
– O que você está esperando? Levanta-se e serve o meu café, esse é o teu trabalho e nem isso você consegue fazer direito.
– Mas..
– Mas o quê? – Ele a interrompe. – Você não tem que me questionar, você é minha propriedade e tem o dever de me obedecer.
Katherine conta mentalmente até 10, ela não sabe até quando conseguirá aguentar aquilo, então rapidamente ela visualiza sua mãe para não estragar tudo, ela levanta-se pega a bandeja onde está o café com o pão francês e algumas uvas, que ela já sabe que ele gosta, depois de tantos dias fazendo aquilo, ela caminha até a cama e o entrega. Ethan a despreza e faz tudo para deixá-la desconfortável, ele toma o café que está frio e mais uma vez não consegue controlar a sua raiva e joga toda a bandeja no chão. A fraqueza e falta de vontade e amor-próprio de Katherine o irrita e o deixa descontrolado, ele não consegue lidar com seu transtorno bipolar perto dela e sempre se deixa estourar em raiva.
– Pelo amor de Deus, você não acerta uma. Essa droga de café está frio. Tão incompetente, tão ridícula, me diga de uma vez, para que você serve? Você não faz nada certo. Arrume tudo isso agora e me traga outro café.
– Eu fiz, você demorou no banho, por isso esfriou.
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