Era claro que Isaac jamais teria coragem de dizer aquelas palavras para Sterling. Quando voltou ao seu escritório, ele fechou a porta e ligou para Asher.
Depois de encerrar a ligação, Isaac soltou um suspiro de alívio e, em seguida, foi até a sala do presidente para fazer seu relatório. Assim que terminou, saiu rapidamente para continuar com suas tarefas.
Ele recebia um salário alto, sem dúvida, mas a carga de trabalho era extenuante. Estava de prontidão vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Isaac estava sempre ocupado, sempre cansado. Nos últimos tempos, com o humor de Sterling piorando, ele frequentemente ficava até altas horas no escritório. O estresse era tanto que ele notava tufos de cabelo caindo. Ele já começava a temer que ficaria careca antes mesmo de completar trinta anos.
No horário de almoço, assim que o relógio marcou meio-dia, Isaac desligou o computador e foi direto para a sala de Sterling:
— Sr. Sterling, podemos ir agora?
O Sr. Asher já havia reservado o restaurante, e o horário combinado era às doze. Mais cedo, a equipe do restaurante até ligou para confirmar. Mesmo assim, com o trajeto, eles certamente chegariam apenas depois disso.
— Vou terminar de revisar este documento. — Sterling respondeu sem tirar os olhos do papel à sua frente.
Isaac permaneceu parado, com as mãos ao longo do corpo, aguardando como se fosse uma estátua.
— Ah, mais uma coisa. — Sterling falou, ainda sem olhar para ele. — A partir deste mês, transfira duzentos mil reais por mês para Clarice como pensão. E veja também se há algum salão de beleza à venda. Se encontrar, compre e dê de presente para Teresa.
Sterling havia pensado bastante antes de tomar aquela decisão. Mandar dinheiro diretamente para Teresa todo mês não era apropriado. Um salão de beleza, no entanto, daria a ela a oportunidade de ganhar o próprio dinheiro. Com isso, ela não precisaria mais se preocupar com questões financeiras no futuro.
Isaac, como sempre, não perguntou nada. Ele sabia que decisões de Sterling não eram para serem questionadas. Ainda assim, ele não conseguiu evitar sentir um pouco de pena de Clarice. Afinal, ela havia se casado com um dos homens mais ricos do mundo, um nome entre os três primeiros na lista da Forbes. Mas duzentos mil reais por mês? Isso não era nem suficiente para outras mulheres da alta sociedade comprarem uma bolsa de grife. Quem acreditaria nisso se ouvisse?
Se Sterling pudesse ouvir os pensamentos de Isaac naquele momento, certamente ficaria furioso.
Depois de terminar de assinar o documento, Sterling fechou a pasta, guardou a caneta e finalmente se levantou. Com passos firmes, ele saiu da sala, e Isaac o seguiu em silêncio.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Vício Irresistível
Por favor, cadê o restante do livro???...