Antônio olhou para Ana e, de repente, perguntou:
— Por que você odeia tanto a Clarice?
Ele tinha visto claramente o momento em que Ana mordeu Clarice. Ela usou toda a força, sem hesitação.
Clarice era filha dela, que ela havia carregado no ventre por nove meses. Como uma mãe podia odiar tanto sua própria filha?
A expressão de Ana mudou por um momento, mas logo voltou ao normal.
— Ela perdeu Beatriz de propósito. Desde pequena, ela já tinha um coração cruel. Com uma filha assim, eu deveria gostar dela? É claro que não.
Antônio ficou desconcertado com a resposta dela. Sua expressão parecia culpada, mas ele tentou disfarçar.
— Só fiz uma pergunta à toa. Para que exagerar tanto?
Sua voz saiu mais alta do que o normal, denunciando seu nervosismo.
— Antônio, a pergunta que eu te fiz antes você ainda não respondeu! Para de se fazer de desentendido! — Ana gritou, irritada.
Antônio sempre soube que Ana não era uma mulher dócil, muito menos fácil de lidar. No passado, ele até achava que a personalidade forte dela era por preocupação com ele, uma forma de protegê-lo.
Mas, com o tempo, ele percebeu que Ana só se importava consigo mesma. Sua força e determinação eram, na verdade, uma forma de garantir vantagens para si.
— Quando pegarmos o dinheiro, dividimos meio a meio. Agora para com isso e vamos comer! — Antônio não queria continuar aquele assunto. No fundo, seus pensamentos realmente eram egoístas, e ele sabia que, se insistisse, acabaria revelando tudo.
— Dividir? Por quê? — Ana soltou uma risada fria. — Antônio, esse dinheiro é da Beatriz. Você não tem direito a nada!
Com uma única frase, Ana destruiu todas as expectativas de Antônio. Naquele instante, ele sentiu a raiva crescer dentro de si como uma chama incontrolável.
“Essa mulher desgraçada! Como ousa dizer que não vai me dar nem um centavo? Está sonhando!” Antônio pensou, enquanto seu sangue fervia.
Beatriz, que estava imersa em seu próprio sofrimento, não percebeu que os pais tinham começado a brigar.
Foi só quando ouviu os gritos de sua mãe que ela finalmente voltou à realidade. Quando olhou para baixo, viu Antônio montado em Ana, desferindo tapas violentos no rosto dela.
Beatriz ficou paralisada, em choque. Durante toda a sua vida, ela nunca tinha visto os pais brigarem, muito menos se agredirem. Ela sempre achou que os dois tinham um relacionamento perfeito, uma parceria de décadas baseada em amor e respeito mútuos.
Mas, naquele momento, ela percebeu que tudo não passava de uma fachada. A relação deles era apenas uma mentira.
Beatriz ficou tão atônita que esqueceu completamente de tentar separá-los.
Quando Antônio finalmente se cansou, ele se levantou, deixando Ana inconsciente no chão. Sem olhar para trás, ele apenas voltou para a mesa e começou a comer, como se nada tivesse acontecido. Ele não sentia nenhuma preocupação por Ana. Para ele, ela não significava mais nada.
Beatriz, ao ver sua mãe caída no chão, com o rosto inchado e sem reação, correu até ela e se ajoelhou. Tremendo, estendeu a mão para verificar sua respiração. Felizmente, Ana ainda estava viva, apenas desmaiada.
Beatriz sentiu uma onda de ódio subir dentro de si. Ela se levantou, foi até a mesa e pegou uma tigela. Sem pensar duas vezes, ela a arremessou com toda a força contra a cabeça de Antônio.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Vício Irresistível
Por favor, cadê o restante do livro???...