— Você pode não ter medo dela, mas a Clarice já é outra história. Você sabe do que a Virgínia é capaz. — Sterling declarou, com tom neutro, apenas expondo os fatos.
— Me dá os documentos! Vou embora agora! — Túlio respondeu, já ciente do que Sterling queria dizer. Após uma pausa, acrescentou. — Transfira suas ações para a Clarice. Daqui a alguns dias, eu faço meu testamento e deixo tudo pra você!
— Eu não quero suas ações, e você não vai fazer testamento nenhum! Você vai viver muito ainda!
— Já tenho 80 anos, Sterling! Vivi o suficiente. Agora, meu maior desejo é pegar meu bisneto nos braços. Pode até ser uma bisneta, tanto faz! Vocês já estão casados há três anos, por que a Clarice ainda não engravidou? Será que você não consegue? — Túlio resmungou, claramente frustrado.
No grupo de amigos de sua idade, todos viviam postando fotos de netos e bisnetos fofos. Ele morria de inveja!
Sterling tinha uma aparência saudável, uma condição física invejável. Então, por que não conseguia ter filhos?
— A Clarice é jovem, trabalha muito e não tem tempo para pensar em filhos. — Sterling respondeu, sem dar muita importância. Ele não amava Clarice e, naturalmente, nunca quis ter filhos com ela.
Além disso, a família Davis não era a imagem de harmonia que aparentava para o mundo exterior. Pelo contrário, era um antro de intrigas e disputas de interesse. Se Clarice tivesse um filho, certamente os membros oportunistas da família sairiam das sombras para atacá-lo.
Sterling sabia, por experiência própria, o que era crescer sob ameaças e perseguições. Ele não queria que um filho seu passasse pelo mesmo. A fuga era um caminho amargo e solitário.
— Você é o presidente do Grupo Davis, tem tanto dinheiro, mas deixa sua esposa trabalhar fora? Não tem medo de acharem que você não tem capacidade de sustentar a casa? — Túlio provocou, com um tom de reprovação.
— Tenho coisas para fazer. Não vou discutir isso agora. — Sterling cortou a conversa, impaciente.
Ele já havia pedido para Clarice largar o emprego, mas ela se recusou. O que mais poderia fazer?
— A partir deste mês, transfira duzentos mil reais por mês para a conta da Clarice como mesada. Além disso, todo mês mande as novas coleções da joalheria para ela escolher uma peça. Uma joia por mês.
Ele lembrou-se de quando pediu que Clarice largasse o trabalho e ela mencionou que cem mil por mês não eram suficientes. Agora havia dobrado a mesada. Com duzentos mil, ela deveria ficar satisfeita. Então, em breve, ele traria à tona o assunto de novo e insistiria para que ela pedisse demissão.
— Entendido. — Isaac respondeu, mas não conseguiu evitar um pensamento crítico: “Para o aniversário da Sra. Teresa, ele gasta milhões em um único evento. Já a Sra. Clarice, que é a esposa dele, recebe só uma mesada de duzentos mil por mês... É uma diferença de tratamento absurda.”
Sterling não percebeu o desconforto de Isaac e continuou:
— Daqui a alguns dias será o aniversário do meu avô. Eu vou levar a Clarice. Providencie duas opções de vestidos para ela usar na festa.
Sterling sorriu de canto, com um pensamento malicioso. Ele faria questão de exibir Clarice naquela noite, para que Asher entendesse de uma vez por todas: Clarice era sua mulher. Era hora de destruir qualquer esperança que ele pudesse ter.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Vício Irresistível
Por favor, cadê o restante do livro???...