No passado, ele era tão carinhoso com ela. Nunca tinha levantado a voz, nem mesmo falado com um tom mais firme.
Henriques franziu a testa, claramente irritado, e seu tom saiu ríspido:
— Agora que a situação chegou a esse ponto, se o novo chefe decidir demitir um de nós, você vai dizer que foi você quem me seduziu. Diz que aquele dia no escritório foi a primeira vez!
Isabelly ficou tão chocada que até esqueceu de chorar.
— O que você está dizendo?
Era esse mesmo o Henriques que ela conhecia? Aquele homem responsável, protetor e confiável? Não podia ser. Ela devia estar ouvindo errado!
— Você é só uma mediadora. Nunca liderou um caso no tribunal. Sair da Torres Advocacia não vai afetar sua carreira. Mas, se eu for demitido por causa de problemas de conduta, nunca mais vou conseguir um bom emprego em outro lugar! Se você perder o trabalho, eu posso te sustentar. Mas, se eu perder o meu, você consegue me sustentar? — Ele a olhou com intensidade e urgência, tentando convencê-la com palavras manipuladoras.
Henriques sabia que Isabelly era fácil de enganar. Ela acreditava em tudo que ele dizia.
As lágrimas voltaram a escorrer pelo rosto dela.
— Você sempre me disse que eu era uma ótima mediadora, que não precisava me preocupar com isso. E agora quer que eu sacrifique minha reputação para proteger você? Henriques, você já pensou que, se eu sair daqui com a fama de ter seduzido meu chefe, minha carreira como advogada estará acabada?
Se ela não pudesse mais ser advogada, o que faria da sua vida?
Henriques perdeu a paciência e a interrompeu bruscamente:
— Eu não te avisei para não provocar a Clarice? Por que você nunca me escuta? Você não tem competência nenhuma e ainda quer arranjar confusão com ela. Bem feito, merece o que está passando!
Ele mal podia acreditar que tinha se envolvido com uma mulher tão idiota. Como tinha ido parar na cama com ela?
Isabelly ficou estarrecida.
— Henriques, o que você está dizendo?
Se não fosse ele insistir para que ela viesse ao escritório ajudá-lo com o trabalho extra naquele dia, Clarice sequer teria visto os dois!
Agora, com a situação fora de controle, ele jogava toda a culpa em cima dela. Que tipo de homem era esse?
Clarice sentiu os olhares hostis, mas manteve sua expressão tranquila e profissional. Ela virou-se para o chefe e o cumprimentou com educação, sem se abalar.
Durante o jantar, os outros colegas começaram a fazer fila para brindar com o chefe.
Clarice, por sua vez, permaneceu quieta, concentrada em sua comida, como se estivesse alheia a tudo que acontecia ao redor.
Isabelly, que observava a postura indiferente de Clarice, ficou furiosa, rangendo os dentes de raiva. Quando estava prestes a dizer algo, Henriques lançou-lhe um olhar severo, e ela imediatamente fechou a boca, intimidada.
Clarice percebeu a troca de olhares entre os dois e sorriu internamente.
Henriques devia estar tentando se livrar daquela confusão de qualquer jeito. Isabelly, como sempre, foi uma marionete nas mãos dele. Ele a manipulou tanto que ela fazia tudo o que ele mandava.
Isabelly podia estar com medo de Clarice, mas isso não significava que os outros também estariam.
De repente, uma das colegas se levantou, segurando uma taça de vinho. Ela se aproximou de Clarice com um sorriso amigável, mas carregado de malícia.
— Dra. Clarice, lembro-me de quando você começou no escritório. Nós íamos juntas a várias empresas negociar contratos. Sua fama de beber bem era impressionante! Hoje estamos aqui celebrando com o chefe. Como você pode não brindar com ele?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Vício Irresistível
Por favor, cadê o restante do livro???...