Uma mãe para a filha do Don romance Capítulo 8

CAPÍTULO 8

Maria Luíza Duarte

Foram as horas mais detestadas da minha vida. Cada vez que Alexei me encarava, eu fazia pior, deixando claro que não me intimidaria.

Ele me ignorava o tempo todo, mas não sou tonta, via quando olhava para minhas pernas.

Acabei dormindo na poltrona, e acordei toda torta, assustada com aquela voz grossa, me chamando:

— Vamos descer. — A voz de Alexei cortou o silêncio da cabine do jato como uma lâmina, me arrancando de um sono perturbado.

Me esforcei para abrir os olhos e me orientar. Estava tão cansada que não sabia quanto tempo tinha passado desde que o jato pousou. Meu corpo doía de estar torta na poltrona e, ao levantar, me estiquei um pouco, soltando um suspiro frustrado. Alexei estava impassível na porta, me esperando, e, sem dizer mais nada, desci logo atrás dele.

Assim que saímos do jato, ele caminhou na minha frente, sem olhar para trás. Ao longe, vi um carro preto esperando. Aquele silêncio todo me dava nos nervos. Ele achava que podia me tratar assim, sem sequer me dar uma explicação?

— Babaca. — Sussurrei, sabendo que ele não ouviria.

Chegando perto do carro, Alexei abriu a porta para mim sem dizer uma palavra. Entrei no banco de trás e esperei que ele desse a volta para entrar do outro lado. Quando o fez, a tensão entre nós era quase palpável, mas ele parecia não se importar. Apenas olhou pela janela, ignorando minha presença.

Eu queria gritar. Provocar uma reação qualquer. Mas a frieza dele me desarmava, e eu me limitei a encarar a paisagem do lado de fora enquanto o carro deslizava pelas estradas estreitas e desertas daquele lugar. Onde diabos ele estava me levando?

(...)

Quando chegamos à propriedade, fiquei apreensiva. A casa era enorme, quase uma mansão, com um ar opressor. Não era apenas o tamanho que me assustava, mas o que podia estar por trás de cada parede. Já tinha ouvido histórias sobre lugares assim. Sabia o que poderia acontecer ali. A imagem de Maria Eduarda sendo trancada por Anton em um quarto escuro me veio à mente, e senti um arrepio.

Procurei do lado externo não vi nenhum rio, nenhuma piscina.

Alexei saiu primeiro e, mais uma vez, me ignorou enquanto eu saía do carro. Ele estava perto, mas não disse nada. Aquela proximidade silenciosa era irritante, me fazendo sentir que ele estava sempre no controle, sem precisar dizer uma palavra. A mansão parecia isolada, longe de qualquer vestígio de civilização, e isso só aumentava minha sensação de vulnerabilidade.

Caminhei até a porta com Alexei logo atrás. Quando a pesada porta de madeira se abriu, me preparei para o pior. O som oco ecoou pela entrada imensa, revelando um interior absurdamente luxuoso. O chão era de mármore, e as paredes decoradas com quadros caros e tapeçarias que exalavam riqueza. Tudo tão chique que parecia inacessível, como se estivesse pisando em algo que não me pertencia.

Olhei ao redor, esperando que ele me levasse a algum lugar escondido, talvez um porão ou um quarto no final de um corredor escuro. Minha mente já antecipava o que poderia acontecer. Seria trancada? Vigiada 24 horas por dia? Alexei era imprevisível, e sua frieza só alimentava meus piores pensamentos.

Ele parou diante de uma porta dupla de madeira no final do corredor. Sem falar nada, a abriu e esperou que eu entrasse.

Meu coração acelerou. Eu realmente não sabia o que esperar.

Mas o que encontrei ali dentro foi o oposto de tudo o que imaginei. O quarto era imenso, com uma cama king-size ao centro, decorada com lençóis de seda. As janelas eram grandes, e a luz natural inundava o espaço. Tudo ali era aconchegante, mas imponente ao mesmo tempo. As paredes eram de um tom suave, e havia um leve aroma de lavanda no ar.

Fiquei paralisada por um segundo, tentando entender o que aquilo significava. Não era o quarto de uma prisioneira.

Me virei lentamente para encará-lo. Alexei estava parado na porta, me observando com aquela expressão indecifrável, como se estivesse esperando por uma reação. Meus olhos buscaram uma explicação no rosto dele, mas ele continuou imóvel.

— Esse é o nosso quarto. — Ele disse, sua voz baixa, mas firme, quebrando o silêncio. — Fique aqui, que ficarei do outro lado por agora.

Olhei para o aposento, havia uma extensão ligada a estrutura principal, como se fossem dois quartos em um.

— Você... vai dormir comigo? Ou... — parei de falar quando ele veio mais perto e puxou meu cabelo pra trás da orelha.

— Talvez...

— Talvez?

Capítulo 8 Não se gabe tanto 1

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