Vanessa de Paula
Miguel sai do banheiro me deixando atordoada, golpeada, me sinto sufocada, fragilizada como um cristal.
Quando fiquei bêbada não medi as consequências e fiquei indefesa,
me senti desprotegida, do mesmo modo que me sentia quando quando era só uma menininha que usava tranças,
Aquela garotinha que tinha pavor do olhar sujo que seu tio lhe dava sobre seu corpo infantil e sem curvas.
Aquela garotinha que nunca foi protegida nem cuidada por ninguém.
Eu não suportaria ser violentada, isso com certeza seria o punhal que me mataria de vez, me arrebentaria sem conserto.
Me recomponho e faço um esforço para demonstrar que estou bem e não uma torre de cartas pronta a desmoronar com qualquer sopro.
Quando saio do banheiro já vestida com minha armadura encontro o Miguel a arrumar suas roupas numa mala, com sua expressão carrancuda de sempre.
__ Sr Prado!
O chamo mas ele não me olha e continua arrumando suas coisas como se eu não estivesse ali.
__ Miguel!
O chamo novamente e minha voz sai com mais emoção do que gostaria, talvez meu disfarce já não esteja funcionando tão bem, talvez minha armadura esteja com uma rachadura...
__ desculpa!
Ele paralisa no lugar mas não me olha,
__ desculpe por ter te acusado de algo que não fez, só queria pedir desculpas!
Me aproximo e seguro seu braço, sinto toda sua dureza, toda sua tensão,
__ e obrigada por ter cuidado de mim!
Miseravelmente minha voz embarga, mas não me deixo abater e já dou a volta por cima abafando minha dor, colocando meu sorriso de sempre,
__ agora vou indo arrumar minha mala, é isso aí, até mais!
Quando em viro para sair Miguel segura meu braço me virando de volta!
__ Vanessa...
Ele me olha e por poucos segundos parece que tudo está ali visível aos seus olhos, como se ele fosse capaz de ler minha alma, Como se fosse capaz de sentir minha dor.
__ eu posso te ajudar...
Ajudar?
Ninguém nunca me ajudou de verdade, apenas quando queria algo meu em troca.
Dou uma risada alta e escandalosa até esterica,
__ eu não preciso de ajuda! Eu não preciso de nada!
Sempre foi eu e eu na vida, sempre será assim numa caminhada solitária.
__ Vanessa eu...
__ chega disso, eu logo fico pronta então poderemos ir!
Saio do quarto praticamente correndo, a conversa estava indo para um caminho perigoso, um caminho apenas percorrido por mim.
Entro no quarto com tudo acelerado, aperto os olhos e tento esquecer o avalanche de dor que quer me atingir, mas contra isso eu já estou bem medicada.
__ você não pode mais me fazer mal!
Faço um esforço para não chorar, prometi a mim mesmo que nunca mais choraria por isso, meus olhos queimam pois os mantenho bem aberto sem piscar evitando derramar as lágrimas que se formaram.
Já recuperada tomo meu banho e faço minha mala em tempo recorde, quando ouço a alguém bater a porta.
__ serviço de quarto!
Serviço de quarto?
Eu não pedi nada!
Abro a porta e uma moça fardada entra empurrando um carrinho.
__ moça eu não pedi nada!
__ o senhor da suíte presidencial mandou trazer seu café da manhã.
Senhor Rei da selva agindo novamente.
A funcionária arruma tudo na mesa que tem no quarto e se retira me dando bom dia.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Vanessa
perfeito,amei a história do início ao fim, parabéns...
Eu amei essa escritora 😍😍...
A continuação?! História da rafa 🥹🙏🏻...
Ellen, Gratidão pela leitura espetacular e instigando... É possível você continuar com Rafaela...Pequena Leoa...🐅🦁...
Olá tem continuação?...