Virgindade Leiloada romance Capítulo 17

Virgínia

Não consegui me segurar até a noite para só então conversar de maneira sensata com o Murilo e lhe contar sobre a gravidez indesejada. Não seria hipócrita ao dizer que estar grávida não seria um problema na minha vida, ou até mesmo que seria fácil.

Não seria. Filho requer muitas coisas que eu não poderia oferecer neste momento, mas com muita luta, mais uma, eu iria tentar fazer o meu melhor e, agora que tinha a loja, as possibilidades eram bem maiores.

Mas o comércio era algo surpreendente e eu sabia que precisava, juntamente a Mariana, estar atenta às mudanças constantes do mercado da moda e estar o mais preparada possível para atender a necessidade das nossas clientes.

Não podíamos fracassar. Eu não poderia fracassar.

Apesar do valor excelente que havia conseguido com o Murilo, não queria mais falar em leilão, essa palavra estava riscada do meu vocabulário, eu já não tinha quase mais nenhum dinheiro do que recebi e agora precisava economizar ainda mais para esperar a chegada dessa criança.

Não estava contando com o Murilo para nada. Eu cresci cercada por crianças que não tinham o pai presente, em nenhum sentido, e já tinha uma boa ideia do quanto seria difícil essa nova fase que teria início em minha vida.

Se eu, tendo meu pai e minha mãe juntos, sempre trabalhando para me oferecer o que podiam, já havia passado por várias dificuldades, quanto mais uma mãe sozinha para arcar com toda a responsabilidade.

Pedi a Mariana para cuidar de tudo sozinha, mas não contei a ela sobre ter antecipado o meu encontro com o Murilo. Não queria que ela voltasse a insistir que o Murilo parecia ser rico e que, mesmo sem gostar, ele precisava me ajudar, mesmo que apenas financeiramente.

Eu não pensava assim e estaria apenas cumprindo com a minha parte, que era contar a ele sobre a gravidez e deixar que ele decidisse o que faria com a notícia. Apesar de não acreditar realmente que ele poderia ser alguma espécie de bandido e que poderia me fazer algum mal ao saber sobre a minha gravidez, eu não podia descartar essa possibilidade.

A verdade é que mesmo que ele não fosse um bandido, ele poderia ser casado ou qualquer coisa parecida e, caso se sentisse pressionado a assumir um filho que não desejava, ele acabaria por fazer algo contra mim também.

Eram pensamentos loucamente pessimistas, mas que todos os dias, podíamos acompanhar casos como esses nos jornais e eu temia ser mais um deles. Eu pensei até mesmo em nem contar nada, mas a minha consciência não me deixaria em paz caso eu fizesse algo assim.

Mas estava decidida a apenas contar, sem pressão e sem cobranças. O próximo passo deveria partir dele e, com esse pensamento em mente, sentei em uma das mesas da praça de alimentação na qual estava localizada a minha loja, as que ficavam em frente ao local que eu sempre fazia as minhas refeições quando estava naquele shopping.

Pensei em esperar pelo Murilo, para talvez pedir algo para comer, mas uma vontade enorme de comer lasanha se apossou de mim e não consegui esperar que ele chegasse para pedir uma porção a um dos garçons.

Murilo havia dito, quando eu de maneira ansiosa resolvi ligar para ele, que estaria no lugar em que marquei com ele, em uma prazo de vinte minutos e quando olhei para o celular eram dezesseis horas e vinte e cinco minutos, ou seja, estava completando exatamente os vinte que eu havia ligado.

Naquele instante, percebi uma aproximação à minha mesa e pensei até se tratar do garçom trazendo a minha lasanha, mas ao levantar a cabeça já com um sorriso cortês em meus lábios, me deparei com o Murilo, em toda a magnitude da sua beleza máscula.

— Espero que não tenha te feito esperar muito. — Ele falou, ainda de pé à minha frente.

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