Viver Para Crescer Capítulo 28

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Beatriz

Penso antes de responder a sua mensagem.. Me intriga o porquê de ter procurado meu contacto, mas deixo passar e lhe respondo curto mas sem ser grossa.

Meu sono se foi e me sento na cama. Segundos depois me levanto e sento no sofá ligado a janela. Afasto a cortina e observo o céu.

É uma noite fria, o céu está carregado de nuvens pretas e alguns raios decoram o mesmo.

Me apavoro...

Aquela conhecida sensação de pânico se apodera de mim a medida que vou ouvindo o barulho da chuva e dos trovões.

Um grito involuntário escapa dos meus lábios e abraço os meus joelhos balançando para frente e para trás.

Estou petrificada no mesmo lugar.

Não consigo levantar.

Não consigo correr.

Não consigo pensar.

Só consigo me apavorar!

Lágrimas caem dos meus olhos a medida que vou me transportando para aquele dia.

É como se eu estivesse parada na porta me vendo sofrer todo tipo de porcaria nos meus 15 anos.

Todo tipo de injúria.

Eu era uma menina e fui forçada a ser uma mulher.

Eu não queria.. Eu lutava, esperneava, chorava e implorava para pararem. Mas nada resultou.

A culpa não foi minha. Eu não queria. Eu não queria!!

- O que há Beatriz? Calma. - sinto dois braços enormes me abraçarem e me carregarem pra cama.

Eu estava gritando? Oiço o som estrondoso de um trovão e solto um grito de desespero misturado as lembranças do passado.

Sinto meu corpo queimar a cada toque lembrado.

Ânsia toma conta de mim ao lembrar dos palavrões, a forma como a palavra anjo saía de suas bocas, como fui obrigada a sucumbir a perversões. A surra, acordar ensanguentada, me sentir sendo dividida ao meio. A sensação de desmaiar e acordar sendo fodida.

Choro ainda petrificada.

- Olhe pra mim. - ele diz e levanta meu queixo para que eu fite seus olhos. - O que foi? Me diga. - nada respondo. - Tá me preocupando Bia, o que está acontecendo?

- Me ajuda. - é a única coisa que consegui sussurrar em meio as lágrimas e ao desespero.

Involuntariamente o abraço pelo pescoço e choro no seu colo.

Fecho os olhos e tremo.

Tremo ao lembrar de toda merda e todo meu passado fudido.

Sinto ele se deitar na minha cama comigo nos seus braços e nos tapar.

- Shhhh. Eu estou aqui e nada de mal vai acontecer. Calma. - ele sussurra carinhosamente no meu ouvido.

Não sei quanto tempo, talvez horas se passam até que a tempestade cessasse, só então eu apanho sono.

/

Rafael

Olho para o céu e vejo uma tempestade se aproximando.

Sigo para a cama e

Estava pegando o sono quando oiço gritos crescendo gradualmente a medida que trovões explodem pelo céu.

Rapidamente saio do meu quarto e sigo para o dela.

Ela já teve crise de choros e gritos, mas nada como agora.

quarto e a vejo sentada no sofá abraçando os joelhos e chorando compulsivamente.

Ela grita e pede para que parem. Diz que a machucam.

Quem?

Outro trovão e ela grita ainda mais

Um grito de desespero e lamentação.

Ver ela assim, me quebra..

A tomo nos meus braços e a levo pra cama.

Ela continua na mesma.

Falo com ela e nada.

Continua na mesma.

Tento e tento. Levanto seu rosto para que fite o meu e pergunto o que há com ela, na esperança que ela me explique o que está

Vejo rios de lágrimas escorrerem por sua face e ela soluçar.

- Me ajuda. - ela sussurra no meio as lágrimas e soluços.

Um pedido tão sincero.

Tão sofrido.

abraça e chora no

seu corpo tremer e faço uma nota mental para conversar com ela sobre o assunto. Deve ter passado por momentos

com ela no meu colo e nos tapo com

forte contra meu peito e suavemente afago suas costas

depois, quando a tempestade finalmente dá uma pausa ela pega o

aqui estou eu, zelando seu

Ela ainda treme mas dorme profundamente.

rosto delicado abatido, com uma expressão

o que deve ter acontecido com essa

Ela parece tão... Quebrada.

Um anjo sem asas.

Um anjo quebrado.

/

Beatriz

braços fortes me rodeando e uma sensação de calor colada ao meu