Viver Para Crescer Capítulo 5

Beatriz
Saio da Lanchonete ao meio dia pois pedi dispensa por umas horas.
Sigo para a faculdade e chego na mesma em pouco tempo. Levo meu diploma e explico que não poderei comparecer a cerimónia. O Director entendeu meu caso, velho pervertido, me olha da mesma forma que aqueles vermes!
Enfim, simplesmente agradeci e saí. Regresso a lanchonete e vejo que tem muito movimento. Converso com Bella e congelo ao ver quem se aproxima da mesma. Rapidamente pego Bella e seguimos para os fundos.
PUTA MERDA
- Puta merda Bella são eles. - digo e ela se assusta.
- Porra, outra vez? - assinto e pego nossas coisas.
- Vamos.
Saímos tipo balas para fora dali. Uns 20/30 minutos depois chegamos no prédio do cubículo em que moramos.
Ao chegar ao nosso andar oiço gritos da minha irmã, rapidamente entro com Bella e vamos pra cozinha onde levamos facas e objectos cortantes. Entro no quarto e vejo algo que me parte o coração e me traz lembranças horríveis.
Minha irmã amarrada na cama com a saia levantada e nosso pai, ou Sr. Joaquim melhor dizendo, batendo nela com um cinto. Pego num vaso e bato na cabeça dele. Ele vira e me fita com ódio e um sorriso malicioso.
- Mais uma vez eu te encontrei. Filha ingrata! Nesses dois anos quase passei fome por sua causa! Não podia me dar mais meus luxos porque já não tinha você! Sabe o quanto pagavam por você? Sua ingrata! - ele berra se aproximando e deposita um tapa no meu rosto, vejo que Bella desatou minha irmã e a levanta.
- NÃO TOCA EM MIM SEU FILHO DA PUTA!! - grito e recebo outro tapa, ele me agarra com força e passa a mão na minha bunda e boceta por cima das calças, me debato e consigo me soltar e cravo a faca na clavícula dele. - NUNCA MAIS TOQUE EM MIM! - digo e chuto seu saco, ele cai no chão e piso no saco dele de novo com minhas botas. Ele urra de dor e eu o fito com raiva.
a minha irmã que chora e a abraço. Em tempo recorde preparamos mochilas pequenas com o que é indispensável para nós. Minha irmã muda a roupa rapidamente para umas calças e ténis para melhor movimentação. Abro o guarda roupa e lá no fundo onde tem uma madeira partida tiro uma mochilinha onde eu botava o dinheiro de emergência para situações dessas. Pego no meu diploma e meto na mochila
Me viro e vejo Bella batendo nele que agora sangra pela boca e cai desacordado. Pego na carteira dele e tiro todo dinheiro que encontro, com certeza deram como um agrado só pra entrar aqui. Sei que não temos muito tempo e fugimos.
Descemos e seguimos por uma rua que sabemos que não conhecem. Saímos na estrada principal e corremos para o ponto de ónibus onde felizmente já tem várias pessoas e arranca.
Olho para trás e vejo que tem vários homens procurando por alguém e sei que é a gente que procuram. Me encolho no banco e abraço Bella e minha irmã que ainda chora.
{ quase 3 anos atras
Saio cedo da escola pois só tive duas aulas e sigo para casa. O dia está fechado, sombrio, por algum motivo isso não me incomoda, na verdade eu gosto. Mas estou com um mau pressentimento..
casa e está tudo escuro, provavelmente Sr. Joaquim, meu pai, deve estar bebendo por aí e Dona Marta, minha mãe, fudendo com seus clientes.
casa e por algum motivo olho para tudo e sinto como se fosse um deja vu.. Ando mais um pouco e vejo a porta do meu quarto e da minha irmã entreaberta e escuto gritos abafados. Meu coração acelera e me lembro daqueles dias. Espreito pela porta e vejo aquele verme pronto para estuprar minha irmã que parece ter levado uma surra.
para o quarto da Dona Marta e pego uma agulha de croché enorme e entro no quarto como um furacão e enfio no rabo dele. Ele se debate de dor e olha pra mim. Mesmo com dor ele ainda tem aquele olhar nojento que me faz sentir suja, nojenta, só de lembrar o que ele fez comigo. Ajudo minha irmã e entro roupa pra ela vestir. Colocamos logo moletom e ténis. Preparamos mochilas com roupas e objectos necessários, mando ela ir no quarto da Dona Marta pegar todo dinheiro que apanhar. Abro a carteira do maldito e tiro todo dinheiro que ele tem e depois parto o celular dele. No final recolhemos mais de 3 mil reais. Saímos e fugimos para uma cidade vizinha não muito longe dali. }
desse dia como se fosse ontem, tal como todos outros. Depois da primeira vez que fugimos, temos fugido, eu ainda nem tinha feito 17 anos. Depois disso tivemos que fugir mais 4 vezes. Até que viemos parar aqui, na favela de Minas Gerais - Belo Horizonte.
para na cidade e rapidamente decido o que temos que fazer. Damos entrada num motelzinho barato com nomes falsos, já passei por isso e sei que podem procurar a
e contamos o dinheiro que eu vinha guardado há mais de um ano e mais o dinheiro que levamos quando fugimos pela primeira vez pois ainda não acabou e o dinheiro que tiramos hoje. No total temos 6.250