VOCÊ COSTUMAVA SER MEU MUNDO romance Capítulo 35

Lívia encarou-o, os seus olhos castanhos e úmidos estavam arregalados de raiva: "Qual dos seus olhos pode ver meu ciúme??"

Samuel levantou uma sobrancelha: "Ambos os meus olhos."

Lívia ficou furiosa, mas a chefe das enfermeiras não conseguiu conter o riso.

Preocupada em causar mais dor a Samuel com as suas mãos a tremer, Lívia apressou-se em dizer-lhe.

"Por favor, vá devagar."

A chefe das enfermeiras, uma mulher de quarenta e poucos anos, riu ao olhar para Lívia e disse.

"Irmãzinha, você tem uma boca afiada, mas um coração mole, não se preocupe, sou muito profissional e não vou magoar o seu namorado. Além do mais, ele é um grande homem, não aguentaria um pequeno ferimento?"

Nesse momento, a manga de Samuel foi cortada, revelando o ferimento.

Era um corte de mais de dez centímetros de comprimento, com a pele e a carne viradas para fora, sangrando profusamente.

O coração de Lívia apertou-se, e ela disse, mordendo o lábio: "Esse ferimento parece sério, como é que só dói um pouco? por favor, pare de falar."

Ela estava mais nervosa do que a chefe das enfermeiras, e ainda mais do que o próprio Samuel ferido.

A enfermeira chefe riu com a situação, enquanto Samuel, um pouco resignado, estendeu a mão não ferida e segurou Lívia pelo pescoço.

O calor da sua mão se espalhou, e Lívia foi pressionada contra o peito dele.

Com a testa contra o seu coração, Lívia não pôde ver mais nada, ouvindo apenas a voz de Samuel, cheia de riso.

"Vai ficar tudo bem num instante."

"Oh."

Lívia se aninhou nos seus braços, ouvindo o batimento cardíaco forte e estável dele, e por algum motivo, sentiu um nó na garganta.

Ela ficou quieta, enquanto a enfermeira rapidamente desinfectava o ferimento.

"Vamos precisar de pontos."

Ao ouvir que precisariam de costurar, Lívia, ansiosa, tentou levantar a cabeça, mas a mão grande do homem a acalmou com um carinho.

"Fique quieta."

A sensação de formigamento fez Lívia relaxar novamente, e Samuel acenou para a enfermeira.

"Obrigado, ela sempre foi assim, assustada com facilidade. Desculpe pelo incômodo."

A enfermeira chefe trabalhou habilmente, e, depois de costurar e aplicar pomada na ferida, ela pegou o curativo das mãos da colega antes de sorrir para Lívia.

"Você tem sorte, a sua namorada se preocupa tanto com você."

Lívia se mexeu novamente, e Samuel passou o polegar pelos fios de cabelo perto da orelha dela, apertando suavemente o lóbulo da orelha, agora vermelho.

"Ela é minha esposa."

A enfermeira chefe ficou um pouco surpreendida, principalmente porque Lívia parecia ser apenas uma estudante universitária.

Sua mão discretamente tocou o abdômen, pensando, talvez por causa do bebê, ela deveria tentar mais uma vez...

Com os dedos apertando a palma da mão, Lívia perguntou, quase cautelosamente.

"E Neva Vargas?"

Samuel pensou que ela estava a perguntar se ele ainda iria ver Neva Vargas, lembrando-se de quando Neva Vargas saiu, tocando no seu abdômen, ele disse.

"Vou verificar como ela está, você vai primeiro, voltarei logo."

O coração de Lívia esfriou num instante, o calor e a emoção momentânea se desfazendo com as suas palavras.

Ela balançou a cabeça: "Eu não vou voltar."

Samuel, com uma expressão fechada, segurou o ombro dela assim que ela deu um passo para ir embora.

"Lívia, afinal, o que mais você quer?! Estou ferido, você não deveria voltar para cuidar de mim?"

Lívia achou aquilo cômico, se debatendo: "Você não se magoou por causa de Neva Vargas? Você pode deixar que ela se mude para lá e cuide de você, imagino que ela ficaria muito feliz em fazê-lo."

Samuel riu sarcasticamente: "Ela tem medo de sangue."

Ela era realmente generosa, temendo não conseguir se livrar do próprio marido.

Neva Vargas realmente tinha medo de sangue, dizia ser por causa dos abusos de Tadeu Cabral na infância, o que lhe causou um trauma psicológico, mas Lívia tinha sido ainda mais brutalmente agredida por Tadeu, ela não merecia ter o seu próprio trauma?

Com o coração apertado, Lívia tirou o seu ombro das mãos de Samuel.