As pessoas só conheciam os feitos de Elsa Neves no campo jurídico, mas não sabiam que ela também dominava teoria musical e medicina, entre outras áreas.
Elsa Neves caminhava devagar, seus olhos percorrendo centímetro por centímetro a primeira fileira de estantes, até parar diante da segunda.
Como era de se esperar, a segunda fileira era composta, em sua maioria, por dossiês dos casos misteriosos do Grupo Duarte, além de obras-primas de artistas nacionais e internacionais, assim como raríssimos tratados médicos preservados ao longo dos séculos.
Após examinar as duas fileiras, uma forte emoção subiu ao peito de Elsa.
Naquele cômodo, o que realmente possuía valor — verdadeiros tesouros — eram justamente aquelas duas fileiras de estantes.
Qualquer livro dali, se fosse leiloado, alcançaria um preço astronômico!
Elsa esforçou-se para controlar a respiração acelerada e manter a expressão serena.
"Quais são as características de segurança deste cômodo?"
Seu rosto estava sério.
O funcionário ficou surpreso, era raro alguém fazer tal pergunta, mas respondeu com confiança: "Nível militar nacional, a fechadura da porta é baseada em tecnologia confidencial."
Ele bateu no próprio peito, garantindo, e Elsa também soltou um suspiro de alívio.
"Os itens aqui dentro podem continuar sob a guarda de vocês? Pagarei o valor correspondente."
O funcionário, mesmo sem entender, assentiu: "Claro que sim."
A maioria das pessoas, ao receber uma herança tão valiosa, ficaria ansiosa para levar tudo imediatamente.
Ele não pôde evitar lançar um olhar extra para a mulher diante dele.
Ela estava sempre surpreendendo-o.
Quando Elsa saiu, sua nova conta já contava com mais de dez milhões.
Antes de abrir a nova conta, ela havia consultado sua antiga conta, que já estava totalmente desbloqueada.
Ela transferiu todo o saldo restante para a conta nova e abandonou completamente os antigos cartões.
Além disso, por ser uma conta recém-aberta, mesmo após a verificação de identidade, não era possível receber grandes quantias de uma só vez; era preciso transferir aos poucos.
Com vários milhões de reais à disposição, Elsa visivelmente relaxou.
No entanto, ao chegar à rua para chamar um táxi, um Maserati rosa, chamativo e arrogante, bloqueou seu caminho.
Elsa se assustou com a velocidade insana do carro e, apressada, recuou alguns passos abraçando Alice.
Mas o carro insistia em bloquear sua passagem.
Aqueles movimentos familiares e claramente intencionais fizeram Elsa parar.
Sem surpresa, era alguém vindo diretamente atrás dela.
Um par de pernas longas e esguias apareceu assim que a porta do carro se abriu.
Karina Neves posicionou-se diante de Elsa, encarando-a intensamente.
Elsa semicerrava os olhos.
"Quanto ela deixou para você?"
Karina começou com uma pergunta agressiva.
Elsa desviou o olhar, desconfiada: "Isso não te diz respeito. O testamento não menciona seu nome, não preciso te dar explicações."
Mas, antes que sua mão alcançasse o rosto de Elsa, foi imediatamente contida por uma mão grande e forte.
"Senhorita, em público, diante de todos, o que pensa que está fazendo?"
Era uma voz masculina, profunda, clara, mas carregada de uma frieza ameaçadora.
Karina ficou atônita.
Aproveitando-se desse momento, Elsa levantou a mão e, num piscar de olhos, desferiu um tapa violento no rosto de Karina.
O golpe foi tão forte que o rosto de Karina virou para o lado.
Desta vez, não foi apenas surpresa — ela ficou tonta, sem conseguir reagir de imediato.
Ainda atordoada, ouviu a voz cortante de Elsa como uma agulha perfurando seus ouvidos.
"Karina, não me provoque. Ainda nem comecei a acertar as contas do passado e você já vem atrás de mim."
Então, Elsa estendeu a mão e apertou o rosto dela.
Karina só pôde arregalar os olhos, encarando-a com ódio.
"Desde que saí da prisão, não pertenço mais à Família Neves. Sem esse sobrenome, não preciso mais me preocupar com a reputação deles. Eu não vou te perdoar."
Elsa sorriu de repente, os olhos transbordando fúria.
Karina se assustou.
Seria ainda a mesma Elsa que ela conhecia?
"O que vocês estão fazendo?"

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