Você É o Meu Paraíso romance Capítulo 155

Vendo como o olhar das pessoas à sua volta foi gradualmente se tornando de admiração, Elsa contraiu os lábios num leve esgar.

"Este aqui se chama Enrique, é sobrinho do Félix, e naquela época tinha acabado de chegar em Cidade Paz. Como cunhada, não era exagero que eu cuidasse dele um pouco mais, certo?"

Elsa falou calmamente, em um tom sereno.

"É mesmo, Diretor Duarte anda tão ocupado, faz todo sentido que Elsa, como esposa, cumpra seu papel cuidando dos parentes."

"Félix tem tanto poder, na mansão há empregados que não acabam mais, pra que precisaria que você, a dona da casa, cuidasse pessoalmente? Isso é claramente uma desculpa esfarrapada! Vocês já estavam envolvidos antes mesmo de saber que ele era sobrinho do Félix! Já tinham relação antes!"

Karina não aceitou que a situação fosse virada por Elsa com poucas palavras. Seus olhos se arregalaram, e ela retrucou com voz estridente, os olhos quase vermelhos de raiva.

O olhar de Elsa brilhou por um instante, mas logo ela reprimiu qualquer traço de emoção.

De fato, ela estava procurando uma justificativa, mas se ela e Enrique se conheciam antes ou depois de saber que ele era sobrinho de Félix, Karina não tinha como apresentar provas concretas.

No fim, só restava a Karina a vergonha e o desespero, levando-a a perder o controle das palavras.

Assim como Elsa previra, Karina ainda queria dizer algo, mas Félix, esfregando as têmporas, ordenou a Bruno que a levasse dali.

Quando seguraram seu pulso, Karina ficou atônita.

Ela não entendia por que Félix não era mais como antes. Ele sequer se importou, limitando-se a observar friamente.

Onde estava aquele Félix que se desesperava à menor ferida que ela sofresse?

Ao ser arrastada, Karina já não fitava Elsa com ódio, mas sim Félix, com um olhar de frustração e impotência.

O homem, porém, não lhe lançou nem um relance de atenção.

Pelo contrário, virou-se, bloqueando seu olhar.

Félix parou diante de Elsa.

Seus longos cílios, negros como asas de coruja, caíram, escondendo o abismo de sentimentos em seu olhar. "Quero conversar com você. Enrique também deve estar presente."

Elsa levantou os olhos para ele, o olhar indecifrável.

Quando Karina a acusou, ele permaneceu em silêncio, sem dizer uma só palavra.

Ela apenas respondera com algumas provocações, e ele se apressou em mandar Bruno tirar Karina dali.

Félix, quanto você ama Karina, quanto quer protegê-la?

Desde que saiu da prisão, os gestos estranhos de Félix fizeram Elsa, por alguns momentos, mudar de opinião sobre ele, mas logo tudo se desfez.

Como agora.

"O que há para dizer?"

Elsa respondeu fria, sem vontade nem de prolongar o assunto.

Félix encarou o rosto frio da mulher, sem saber como descrever o gosto amargo que subiu-lhe à garganta, sufocante.

Os olhares dos dois se cruzaram no ar: um sombrio e saudoso, o outro, gélido como o mármore.

No fim, foi Enrique quem se levantou e se pôs entre eles.

Sua silhueta alta separou os dois quando disse: "Não precisa, tio. Se ela tiver dúvidas, eu posso explicar."

"Temos outros compromissos, precisamos ir."

Elsa piscou rapidamente, sem rebater, apenas entrou no carro de Enrique.

A figura da mulher se afastou apressada, sem hesitar nem um instante.

A mão de Félix apertou o peito, o coração em frangalhos.

Ele não sabia por quê, mas aquela Elsa, que antes sempre o seguia submissa, parecia ter se afastado há muito tempo.

Foi Bruno quem, inconformado, tratou de dispersar a multidão após retirar Karina dali.

Do escândalo dos quatro restou apenas Félix. Ninguém ousou comentar nada diante do homem mais rico do país, e logo todos se dispersaram.

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