Elsa envolveu o pescoço de Félix e o beijou de repente.
Tudo aconteceu tão rápido que até Félix ficou atônito.
De repente, ele sentiu como se tudo à sua volta tivesse ficado em silêncio, ou talvez simplesmente não sentisse mais nada. Sua única reação era a suavidade dos lábios de Elsa sobre os seus, e o ar que compartilhavam, tão próximos que a respiração de um misturava-se com a do outro.
Sob a luz suave e amarelada, a cena era de uma beleza ambígua e carregada de desejo.
O olhar de Félix escureceu, como se fosse um buraco negro que engolia tudo, mas, ao mesmo tempo, sentia uma vergonha prazerosa de ter o coração preenchido.
O perfume frio e delicado da mulher invadiu suas narinas, e Félix, mesmo tentando ignorar, não conseguia afastar a lembrança da noite insana e selvagem que haviam tido um ano antes.
Porém, embora Elsa mantivesse os lábios colados aos de Félix, em seus olhos frios não havia qualquer desejo. Parecia que o homem diante dela era apenas um instrumento para afastar outra pessoa.
Félix saiu bruscamente de seu torpor, seguindo o olhar de Elsa para baixo, e deparou-se primeiro com o rosto pálido e sombrio de Enrique.
"Elsa, está me usando?"
Ele se afastou, a voz gélida e profunda, com um leve tom de raiva contida.
Tinha acompanhado o olhar de Elsa, e, ao ver o rosto lívido de Enrique, conseguiu entender, ainda que vagamente, o que se passava.
O olhar de Elsa, voltado para fora da janela, vacilou por um instante.
Antes que ela pudesse reagir, uma atmosfera perigosa tomou conta ao redor, trazendo consigo um frio típico de Otávia.
Instantaneamente, arrepios percorreram o braço de Elsa, e antes que ela pudesse dizer qualquer coisa—
"Mm."
Seus olhos se arregalaram.
Uma mão firme apertou suas bochechas, enquanto a outra a prendia fortemente pela cintura.
Os olhos negros de Félix a encaravam, penetrantes como agulhas cravadas na alma.
Mesmo garantindo que ela não se machucasse, a força era tamanha que parecia querer fundi-la aos próprios ossos.
Félix estava quase colado ao corpo dela.
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