Você É o Meu Paraíso romance Capítulo 245

Ela não queria recorrer imediatamente à herança deixada pela avó; o fato de Cristiano estar disposto a lhe estender um ramo de oliveira já era uma grata surpresa.

Ao desligar o telefone, ela sentiu seu ânimo ficar muito mais leve.

Já era tarde da noite quando Alice, surpreendentemente, não foi acordada pelo som baixo de sua conversa, mas já dormia profundamente de olhos fechados.

Elsa soltou um longo suspiro, olhando com ternura para as bochechas rosadas e arredondadas de Alice. Seu coração, que há muito tempo flutuava como uma vitória-régia à deriva em meio às tempestades, finalmente repousava em uma paz assustadora.

Inclinando-se levemente, ela depositou um beijo suave no rosto adormecido de Alice.

Ultimamente, primeiro havia sido o incidente na piscina, depois o sequestro, e os boatos incessantes na internet faziam com que ela, inevitavelmente, descuidasse da filha tão obediente.

Elsa ajeitou delicadamente o cobertor de Alice e a abraçou, adormecendo junto com ela.

A noite estava densa e coberta de orvalho, e sempre há quem não consiga dormir.

No apartamento mais luxuoso da Cidade Paz, uma voz feminina soou aguda e irritante: "Elsa é Selina? Impossível! Ela não passa de uma advogada que só sabe decorar leis! Se não fosse esforçada, nem teria conseguido se destacar como advogada!"

O desprezo e as maldições pareciam intermináveis.

A mulher atirou uma cadeira contra a penteadeira, revelando um rosto jovem e insatisfeito.

Karina mordeu os lábios com força: "Não me importa, da outra vez foi culpa de vocês que tudo saiu errado. Desta vez, custe o que custar, vou virar esse jogo!"

"Desta vez, eu coloco mais um milhão!"

Do outro lado da linha, houve um breve silêncio; afinal, ninguém recusaria dinheiro, ainda mais vindo de uma cliente tão generosa.

"Srta. Karina, por favor, transfira o adiantamento primeiro!"

...

Na manhã seguinte, uma carta convite coberta de orvalho chegou às mãos de Elsa, como prometido.

O convite em dourado anunciava um evento exclusivo da Chanel, e o nome "Selina" destacava-se em relevo, ocupando quase metade do convite, ofuscando até mesmo o prestígio do nome "Chanel".

Elsa não pôde conter um sorriso silencioso, mas uma emoção suave foi tomando conta de seu coração.

Félix, que ajustava a gravata para sair, deixou seu olhar sombrio pousar no convite requintado nas mãos dela e soltou um riso frio.

Na noite anterior, durante a tensão, ele só havia visto as fofocas escandalosas sobre Elsa e Cristiano, mas ao voltar para o quarto, acabou percebendo o esclarecimento feito por Elsa.

O enorme "Selina" no convite parecia um tapa em seu rosto.

Selina?

Elsa era Selina?

Ele, que se considerava alguém que conhecia Elsa razoavelmente bem, ficou atônito ao ver a notícia.

Apesar de sempre ter transitado pelo mundo dos negócios, ele se lembrava de Selina.

Uma designer misteriosa e genial; ele mesmo já pensara em contactá-la para um terno sob medida, mas seu ateliê havia recusado sem cerimônia.

Até então, ninguém jamais tinha recusado um convite seu.

Mas, se aquela pessoa fosse Elsa... tudo faria sentido.

Porém... como Elsa poderia ser Selina?

Ele ainda achava difícil de acreditar.

Ela examinou Félix de cima a baixo, pensando apenas: — O que deu nele?

Mas ao cruzar com aqueles olhos intensos, as palavras ácidas ficaram presas em sua garganta.

O coração de Elsa foi atingido duramente.

Ela mordeu os lábios, encarando profundamente Félix, de repente ciente de que talvez aquilo fosse tudo o que sempre desejou e nunca pôde ter.

Uma emoção complexa apertava seu coração, difícil de soltar e ainda mais difícil de sufocar.

Por quê?

Os lábios de Elsa tremeram. Quando ergueu novamente o olhar, seus olhos estavam tomados por uma escuridão fria.

Um ano atrás, foi ele quem, insensível, a trancou na prisão com as próprias mãos.

Ele não acreditou nela; apenas acreditou nas palavras de Karina e a descartou como uma pedra na calçada.

Quando saiu da prisão, lutou para sobreviver com Alice, mas sofreu humilhações de Karina repetidamente – tudo com a anuência e o apoio daquele homem, não foi?

O coração fervente de Elsa mergulhou em um abismo gelado; ela se forçou a afastar esses pensamentos.

Ela riu friamente: "O Diretor Duarte realmente é esquecido."

O sarcasmo era evidente.

Félix abriu os lábios secos, como se tivesse tomado uma decisão: "Sua identidade será esclarecida pelo Grupo Duarte, estamos tentando controlar a opinião pública."

Seu olhar recaiu sobre o convite nas mãos de Elsa: "Quanto a certos eventos, são desnecessários."