Yasmin parou diante das duas, ainda segurando o celular com a tela acesa.
Ela mordia os lábios com força, o rosto tomado por uma palidez de raiva.
Elsa, o rosto lívido, perguntou com hesitação:
"Mãe... o que está fazendo aqui...?"
"É verdade isso?"
Yasmin arremessou o celular contra ela, interrompendo suas palavras.
Karina, tremendo, virou o aparelho para ver. Na tela, estava estampada a última declaração publicada por Elsa.
Ela forçou um sorriso:
"Mãe, você ainda não conhece minha irmã? Desde pequena, ela sempre gostou de inventar histórias. Como pode acreditar nisso?"
O olhar de Yasmin passou frio pelo rosto de Karina antes de se fixar, implacável, em Elvis.
"A Susana ainda está viva, não está? Você passa anos fora do país, é para vê-la, não é? Sim ou não?"
Cada palavra de Yasmin parecia o canto ensanguentado de um curió ferido.
Ao final da pergunta, sua voz e seu corpo tremiam juntos.
Como pôde ser tão ingênua?
Agradeceu de coração à amante do marido, cuidou com dedicação do filho bastardo, e ainda por cima negligenciou sua própria filha tão brilhante!
No peito, Yasmin sentia-se prestes a desmaiar de tanta raiva.
Como podiam ser tão desprezíveis?
Elvis, diante do confronto, ficou sem palavras. Mas ao encarar o rosto de Yasmin, distorcido de ódio, seu olhar se endureceu. Aquela frieza foi crescendo devagar, até se tornar uma postura orgulhosa.
Yasmin, tomada de ódio, agarrou Elvis pela gola. Queria rasgar com as próprias mãos aquela máscara hipócrita.
"Elvis, você é um verdadeiro ingrato, um arrivista! Sem mim, não haveria hoje o Grupo Neves! Não teria toda essa sua glória! E você ainda se uniu à Susana para me trair!"
Seus olhos estavam vermelhos de raiva, e a mão ergueu-se para desferir um tapa.
Ela se lembrou: fora enganada por Elvis, casou-se com ele às pressas, e, ao ser descoberta, enfrentou a oposição feroz da família. Foram até forçados a ir ao cartório para o divórcio. Lutou com todas as forças, chegando a fugir de casa — o que causou um AVC em sua avó, levando-a ao hospital. No fim, a Família Jardim lhe deu dois milhões e um prédio comercial, cortando relações em seguida.
O coração de Yasmin doía como se uma faca o torcesse.
Todos esses anos de dedicação — e agora era tratada assim.
Seu olhar pousou no rosto de Karina, e seus dedos se fecharam com força.
Não era à toa... agora tudo fazia sentido: Karina parecia tanto com Elvis! Ela temera que Elvis não aceitasse a adoção, torcendo para que a semelhança entre os dois amolecesse seu coração frio. Mas aquele homem sempre tão severo aceitou sem hesitar. Agora entendia — era a filha biológica dele!
No fundo, Yasmin quase soltou uma risada amarga, mas os olhos já estavam cheios de lágrimas.
Ela ergueu a mão, decidida.
O vento do gesto cortou o ar em direção a Elvis, mas parou de repente, suspenso.
Elvis levantou os olhos e, de súbito, a puxou para um abraço.
É isso mesmo: o Grupo Neves sempre foi do pai dela. Se não fosse o fingimento da mãe, Yasmin nunca teria continuado como esposa do Grupo Neves.
Yasmin estremeceu como se tivesse sido atingida por algo.
"Desculpa, Karina, a mamãe estava cega de raiva, não pensou direito."
Pensa bem — sempre cuidou de Karina com todo carinho. Desde pequena, Karina era adorável e manhosa, e Yasmin sempre lhe dava o melhor.
Ela também sempre foi obediente e carinhosa.
De repente, o rosto indiferente de Elsa surgiu em sua mente.
As mãos de Yasmin apertaram o chão.
Elsa... aquela ingrata...
O que foi que ela acabou de fazer?
Quase caiu na intriga de Elsa, quase feriu quem mais a amava e quem ela mais amava.
Na verdade, ela sempre negligenciou Elsa: ignorava os boletins escolares impecáveis da filha verdadeira e elogiava as notas medianas de Karina; obrigou Elsa, recém-saída do hospital, a doar sangue para Karina...
Karina percebeu e sorriu secretamente.
A respiração de Yasmin se tornou difícil, as lágrimas caíram dos olhos, e o arrependimento quase a sufocou.
"Karina, a Hermès acabou de lançar uma nova coleção de bolsas. Mamãe vai te levar para passear, e o que você quiser, a mamãe compra. Me perdoa, por favor?"

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