"O quê?"
A voz de Félix tremia, carregada de uma incredulidade sufocada.
Elsa tinha estado grávida antes? Era filho deles? Então Alice...
Todas as dúvidas que o atormentavam clarearam naquele instante, mas junto com a revelação veio uma dor que lhe revirava o peito.
"Por quê..."
A voz do homem soou rouca e soturna, tingida de arrependimento e incompreensão.
Félix ergueu o rosto; seus olhos já estavam tomados de um vermelho intenso.
Ele avançou e segurou o pulso de Elsa: "Por que você não me contou que Alice é minha filha?"
Na verdade, desde o retorno de Elsa à Mansão Serra, ele havia mandado Bruno investigar tudo o que ela tinha passado após sair da prisão.
Ele sabia também que, por uma série de desencontros, aqueles dias em que ela esteve longe dele tinham sido especialmente difíceis — até mesmo aquela noite em que Alice teve febre alta.
Mesmo assim, seu orgulho o fazia acreditar que Alice era fruto da traição de Elsa, e por isso, ele nunca sentiu verdadeira culpa.
E agora, Elsa lhe dizia que Alice era sua filha?
Félix mal conseguia se manter de pé, precisou recuar vários passos para não cair.
Elsa, puxada por ele, quase perdeu o equilíbrio também.
"Por quê?"
Elsa pareceu ouvir a piada mais absurda do mundo; seus lábios se abriram num sorriso torto, e na escuridão da noite, seu rosto parecia ainda mais assustador, como o de uma mulher atormentada, vítima de uma dor sem fim.
"Félix, me diga, o que eu e Alice ganharíamos te contando?"
O riso de Elsa era frio, e seus olhos estavam cheios de desprezo e ódio.
Naquele instante, ela estava mais lúcida do que nunca.
Depois de tudo o que vivera, não se permitiria mais vacilar ou amolecer diante do arrependimento de Félix.
Ela sabia bem: cada passo dali em diante deveria ser dado com firmeza e decisão.
"Então é isso que você pensa? Por isso não me contou quem é Alice?"
Os lábios de Félix tremiam; aquele homem, sempre tão frio e racional, estava abalado, como se tivesse sido atingido por um golpe devastador.
Ele ainda tentou alcançar Elsa, mas ela se esquivou rapidamente.
"Um ano atrás, eu ainda tinha esperança. Ingenuamente, achava que, se eu me esforçasse, você acabaria vendo o meu valor."
A voz de Elsa se espalhou pelo ar, como uma névoa impossível de agarrar.
O corpo de Félix enrijeceu, e um pânico tomou conta de seu peito.
"Você..."
Elsa virou-se, olhando-o fixamente.
"Passei um ano na prisão com Alice, sofrendo todo tipo de humilhação — tudo graças a você e à Karina. Quanto à Karina, já estou lidando com ela. E você deveria agradecer por eu não ter feito nada contra você."
Elsa sorriu de leve.
Félix, porém, parecia atormentado, mas ao mesmo tempo como se tivesse encontrado um fio de esperança, e perguntou com urgência: "Você estava grávida, como é que sofreu tanto?"
Na época, mesmo estando furioso ao descobrir que Elsa havia roubado informações da empresa, ela ainda era a esposa do presidente do Grupo Duarte. Mesmo presa, as pessoas lá dentro deviam algum respeito a ele — como poderia ela sofrer daquele jeito?

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