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Você É o Meu Paraíso romance Capítulo 6

"Desculpe, será que é coisa demais?"

Elsa, ao ver a quantidade de itens que havia escolhido, hesitou por um instante ao pensar que seria necessário fazer várias viagens para transportar tudo aquilo.

Será que não estava incomodando demais a funcionária?

Antes, ela jamais pensaria nessas questões, mas desde que passou um tempo no presídio e recebeu atenção especial, começou a entender as dificuldades das pessoas mais humildes.

Afinal, naquela época, ela era a mais insignificante entre todos os detentos e foi justamente o Sr. Duarte, o homem mais rico de Cidade Paz, que pediu que "cuidassem bem" dela—o que, na prática, significava que qualquer um podia pisar nela à vontade.

Agora, Elsa já aprendera a não causar transtornos a ninguém, tampouco queria atrair olhares indesejados. Afinal de contas…

Instintivamente, Elsa levou a mão ao rosto. Por trás da máscara que cobria seu rosto quase por completo, ainda conseguia sentir algumas cicatrizes profundas, quase até o osso.

Seus dedos tremeram levemente, e ela baixou o olhar, desanimada.

Do outro lado, a jovem funcionária já havia se recuperado do espanto.

Que sorte! Com essa venda, eu já bato a meta do mês só com um turno extra! Se for assim, posso trabalhar no turno da noite todos os dias!

"Não, não é muita coisa não. Se quiser mais alguma coisa, posso embalar tudo pra você."

"Por enquanto, não. Muito obrigada."

"Certo. E como prefere fazer o pagamento?"

"Com cartão, obrigada."

Elsa vasculhou sua bolsa, repleta de documentos, até encontrar aquele cartão dourado.

Enquanto tivesse aquele cartão, sua Alice nunca precisaria se preocupar com nada.

Ela passou os dedos sobre a superfície, hesitando por um instante, antes de entregá-lo.

"Ficou um total de nove mil seiscentos e quarenta e cinco reais, Srta. Neves, por favor, aguarde um instante."

Bip.

A expressão da funcionária mudou, tomada por uma leve dúvida.

Tentou várias vezes e, por fim, ergueu os olhos, visivelmente constrangida.

"Srta. Neves, você teria outro cartão? Esse aqui está apresentando erro… saldo insuficiente."

"O quê?"

Uma inquietação súbita tomou conta do peito de Elsa, um sentimento estranho e pesado.

Ela se lembrou de como havia encontrado aqueles cartões com facilidade demais… será que…

"Tente essas aqui também, por favor!"

Ela apressou-se em pegar outros cartões.

Se não estava enganada, cada um daqueles cartões deveria ter dezenas de milhares de reais—eram bônus que ela havia recebido por resolver casos famosos em Cidade Paz!

Bip.

Bip, bip, bip, bip.

Elsa não queria aceitar, mas a funcionária disse que era para a criança.

Sim, ela podia ficar sem comer, sem usar nada, mas e a criança? O que seria de Alice?

"Muito obrigada…"

O nariz de Elsa ardia, os olhos rapidamente ficaram vermelhos.

Félix a havia levado a esse ponto, mas uma desconhecida lhe estendia a mão.

Ela tinha amado o homem errado desde o início!

"Não precisa agradecer. Eu ainda não tenho filhos, mas não suporto ver uma criança chorando. Dá pra ver que você ama muito a sua filha. Está frio lá fora, volte logo pra casa."

"Não importa a dificuldade, por sua filha, continue firme, Srta. Neves."

A funcionária supôs que Elsa havia brigado com a família.

Esses ricos são mesmo… basta a esposa, dona de casa, fazer algo que desagrade, e já congelam todos os cartões dela.

Que absurdo! Que tipo de homem faz isso?

Elsa acelerou o passo em direção ao condomínio.

Como a funcionária havia dito, realmente fazia muito frio. Ela não podia deixar Alice passar frio.

Mas agora, sem nenhuma fonte de renda, de que viveriam ela e Alice…?

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