Além do horizonte romance Capítulo 28

Guadalupe e Atílio voltaram para casa e depois daquele dia exaustivo e foram tomar um banho relaxante para depois, se deitarem abraçados. As confusões e o cansaço mental os fizeram cair exaustos na cama.

Dia seguinte.

Guadalupe

Atílio me despertou com uma porção de beijos em todos os lugares, acordar sorrindo e sendo amada deixava meu dia mais feliz.

– Bom dia, minha linda!

– Adoro quando você me acorda assim Atílio, todo carinhoso e me beijando o corpo inteiro.

– Você pode fazer isso também quando quiser, tem algo que quero te ensinar em breve e vai adorar aprender.

– Me ensinar? – Guadalupe pergunta sorrindo.

– Sim vai aprender muitas coisas gostosas, te amo te amo!

– Te amo também! – Nos beijamos mais e acabamos por fazer amor por algumas horas, Atílio e eu tomamos banho juntos. Ele me ajudou com os laços do vestido e depois ele desceu, fiquei no nosso quarto esticando o lençol da cama e sempre faço tudo o que posso para ajudar Amélia no trabalho da casa, a pobrezinha já é uma senhora de idade e fica sobrecarregada tendo tantos moradores para cuidar. Acho que Atílio precisa contratar alguém que a ajude também.

Casa de Igor Antunes...

Igor estava caminhando pela sala, ajeitou um retrato sobre o móvel e ouviu passos acelerados em sua direção e virou-se para verificar de quem se tratava.

– E aí Adalberto, já tem as respostas de que preciso? - Perguntou ele ao coçar o cavanhaque.

– Sim senhor Igor, investiguei tudo o que o patrão me pediu e já temos um de nossos homens de vigia pelas terras de Atílio. Ele é bem discreto e não teremos problemas com esse trabalho sujo.

Igor colocou um pouco de conhaque em dois copos, guiou o empregado até o sofá e entregou a ele.

– Nossa patrão, assim o senhor me deixa encabulado. – Adalberto estranhou o fato de o patrão estar sendo cordial, era sempre ignorante e mal educado.

– Não se acostume, faço isso pois a ocasião me instiga. Vamos, comece a falar!

– Atílio está casado a alguns meses com uma bela moça daqui.

– Sim eu sei, por que só se falavam nisso pela cidade. Guadalupe, a filha do velho Leonel e Ester! – Igor sorriu ao falar e se lembrar da bela jovem.

– Sim senhor, ela mesma.

– Ela é mesmo uma moça muito bonita, apesar da deficiência. Estive na Suíça por dois anos, mas lembro-me de que ela recusava todos os pretendentes.

Igor

Eu havia tentado cortejá-la, mas ela não me deu chance. Era arredia demais e acabei desistindo da proposta de matrimônio, quem sabe hoje não seria ela a esperar um filho meu?

– Na casa grande há dois primos dele, que vieram do Capital e compraram uma fazenda bem perto daqui muito cara e grande. O rapaz se chama Leandro e a moça espevitada se chama Celina, além disso Atílio descobriu uma filha já moça e que veio casada com Gabriel filho de Saulo e Margareth. – Adalberto passou todas aquelas informações para o patrão.

– Quantas visitas e coincidências.

– Ou nem tão coincidências assim patrão Igor, Gabriel sempre amou Guadalupe. Paguei um dos peões com o dinheiro que o senhor me deu e ele contou tudo o que sabe sobre eles. Aquela casa está virada de pernas para o ar desde que tudo foi revelado.

– Então o que importa é saber que ele tem uma filha, uma bela esposa e uma casa repleta de confusões. – Igor sorriu e se levantou tomando mais um gole de conhaque.

A quilômetros dali.

Gabriel se levantou, não se sentia em casa na mansão por mais que precisasse estar ali para ficar perto de Lupe. Desceu as escadas e viu Atílio entrar em seu escritório, resolveu ter uma conversa séria com ele.

– Está muito ocupado? – Gabriel pergunta para Atílio.

– Depende de quem pergunta e das intenções que possui!

Gabriel entrou, e passou a mão sobre o encosto da cadeira na frente da mesa onde seu rival estava sentando.

– Vai mandar Sebastião mesmo para a cadeia, Atílio?

– Não tenho como intervir sobre isso, Leandro vai denunciá-lo com ou sem o meu aval.

– Esse miserável tinha mesmo que ter o seu sangue ruim.

– Me odeie o quanto quiser Gabriel, desconte seu despeito por não ter Guadalupe e ver com seus próprios olhos o quanto eu a faço feliz. Hoje mesmo a despertei do jeito que ela gosta, beijando-a dos pés até a cabeça!

Gabriel respirou fundo depois de ouvir algo que tanto magoou seu coração..

– Ela não é feliz, dá para notar que apenas se conformou em estar ao seu lado.

– Está casado com Jamile, se não a ama deixe-a em paz e pare de sonhar com o que é meu! – Atílio gritou.

– Jamile é uma boa moça e gosto muito dela, mas ainda amo Guadalupe e vou lutar por ela até o fim.

– Desgraçado. – Atílio agarrou Gabriel pelo colarinho, os dois se olhavam nos olhos e nenhum deles estava disposto a recuar.

– Está de mãos atadas Atílio, se me agredir além de eu te colocar na cadeia para fazer companhia a Sebastião, Jamile iria te odiar para sempre.

– Não pense que com isso você tem o controle, esta é minha casa.

– Então fique de olhos bem abertos, já tenho sua filha e agora só me falta tua mulher! – Gabriel gritou aquela afronta.

Antes que Atílio sentisse o sangue ferver e tomasse alguma atitude...

– Solte-o Atílio. – Jamile interviu antes que os dois se matassem.

Atílio o soltou, saiu limpando suor da testa. Era ódio junto a muita revolta.

– Sinto que tenha visto essa cena deplorável. – Gabriel a abraça.

– Por que não diz a ela o motivo? – Atílio ajeitava a camisa amassada na confusão.

– Não é necessário Atílio, vamos dar uma volta Gabriel, você precisa se acalmar. – Jamile sai puxando o marido pela mão.

Atílio

Minha filha além de não ter amor por mim, ainda está cega por esse maldito. Como posso livrá-la desse casamento que para ele não significa nada? Jamile é jovem demais para sofrer por esse crápula.

Leandro mandou chamar um dos peões para trazer o delegado até lá, contou e só em ver a situação do rosto dele que havia amanhecido muito inchado. Logo o delegado e seus homens iriam mandar prender Sebastião por aquela agressão e já preparava o mandado.

Leandro

Agora sim, posso ir me tratar na capital e terei certeza de que Luíza não casará com ele.

–Posso entrar? – Celina pede para Leandro.

– Entre, Amélia já arrumou minhas coisas para a viagem.

–Eu mesma arrumei minha mala, estou com muito medo de você ter que ficar desse jeito.

– Me desculpe por te colocar nessa situação Celina, isso saiu totalmente do meu controle.

– Vamos cuidar de você e quando voltarmos, teremos uma bela mansão nos esperando.

– Sim e o nosso pai prestes a chegar.

– Deixarei um recado com Atílio, para que ele não fique preocupado com esse nosso desencontro. – Celina avisa, era o melhor a fazer já que essa viagem repentina era de urgência.

– Bom dia, já estão prontos? - Diz Atílio, entrando no quarto.

– Sim.

Eles desceram as escadas, Guadalupe ia com eles até a estação.

– Vá com Deus filho, volte completamente recuperado. – Amélia diz a ele, Leandro convida para falarem mais reservadamente.

– Venha comigo um instante Amélia.

Ele foi com Amélia até a cozinha e entregou a ela uma carta.

– Por favor, entregue isso nas mãos de Luíza e apenas dela. Ninguém pode saber nada sobre isso.

– Sim, filho pode deixar e vá em paz.

Eles foram até a estação e o trem não tardaria a chegar, todos olhavam para o rosto dele ferido e inchado.

– Até a volta primo. – Celina fez questão de se despedir dele primeiro.

– Até a volta e se recupere bem Leandro.

– Fiquem bem Lupe e Atílio. – Leandro aperta a mão de ambos.

Celina chegou perto do ouvido de Guadalupe e em sussurros, lhe disse.

– Cuide bem do nosso homem!

Guadalupe

Ela fala como se de fato, Atílio e ela trocassem sentimentos e juras de amor de homem e mulher e não só dos laços de sangue. Me doeu muito ouvir isso, não me contive e deixei as lágrimas fugirem.

O trem que os levava partiu...

– Por que está chorando? – Atílio pergunta para Guadalalupe.

– Por nada.

– O que Celina disse a você?

– Foi uma bobagem, eu é que sou tola demais.

– Ela sente inveja de você.

– Inveja, logo de mim Atílio?

– Sim, vamos para o carro. Lá podemos conversar o que deveríamos ter conversado a muito tempo princesa.

Ele abriu a porta para ela, beijou suas duas mãos.

– Eu nunca fui um homem decente com as donzelas, Leandro e eu fomos canalhas desde sempre.

– Luíza e eu sabíamos dos rumores sobre você e que gostava de desonrar todas as jovens que conseguia.

– Sim e eu admito Guadalupe, a mãe de Jamile foi a primeira delas. A primeira donzela que tive em meus braços, descobrimos o prazer juntos.

– Não chegou a sentir nenhum amor por ela sequer nesse momento tão íntimo?

– Foi apenas por desejo, tomei gosto pela luxúria e Celina como é minha prima, estava sempre por perto e brincávamos juntos.

– Ela fez amor com você? – Guadalupe perguntou sentindo uma lágrima rolar de seus olhos.

– Não! amor eu só fiz e faço com você, mas eu desonrei Celina a muitos anos atrás.

– Eu sabia, senti assim que ela chegou. E desonrada, por que não procurou se casar logo?

– Ela é uma jovem da cidade e ninguém sabe que ela já é uma mulher feita.

– Gosta dela, Atílio?

– Tudo isso foi passado, Celina não tem lugar na minha vida.

– Mas conhece o corpo dela, sabe como são seus beijos e deve pensar neles.

– De maneira alguma, os seus beijos são os melhores desse mundo. – Atílio a beijou, forte, tórrido e apaixonado. Agora que aquele segredo estava livre de seu coração ele se sentia mais leve, eles voltaram para casa.

O delegado estava preparado para buscar por Sebastião, mas ele facilitou as coisas se entregando bem cedo na delegacia.

– Andou se envolvendo em confusão com gente poderosa, primo do patrão. – O delegado disse com um sorriso irônico para Sebastião.

– Vim aqui para o senhor me prender e não para me dar sermão!

– Levem esse porco imundo para a cela, lá ele terá tempo de se tornar mais manso. – O delegado se enfurece com a afronta dele e logo manda dar um bom castigo.

Luíza decidiu sair da tristeza, não sabia sobre a viagem de Leandro. Tudo o que sabia é que não adiantava nada ficar chorando e sofrendo por aquilo que já estava feito.

– Onde você vai filha? – Margareth pergunta.

– Até a fazenda, quero falar com a Lupe.

Ela chegou, desceu do cavalo e entregou as rédeas para Paulo.

– Pode chamar Sebastião, por favor.

– Me desculpe dona Luíza, Sebastião não apareceu para o trabalho até agora. – Paulo diz, deixando-a preocupada.

– Mas ele não está ferido, está?

– Não, quem saiu daqui para tratar dos ferimentos foi o primo do patrão.

– Viajou?

– Junto com a irmã dele!

– Está bem, amarre meu cavalo por favor Paulo.

– Sim senhorita.

Luíza bateu na porta e Jamile abriu, pois Amélia estava ocupada demais e longe dali.

– Olá, Guadalupe está em casa?

– Ela saiu com meu pai.

– Então você é a esposa de meu irmão, sou Luíza, sua cunhada.

– Entre por favor. - Diz Jamile com um sorriso espontâneo, sem dúvidas a irmã de seu grande amor era uma das pessoas a quem deveria conquistar.

– Você se parece com ele.

– Amélia também acha isso. – Jamile sorriu ao dizer.

– Luíza? – Exclama Gabriel indo até elas.

– Acabo de conhecer sua esposa e é uma moça muito bonita, você tem sorte.

– Claro, claro que tenho. Vou deixar as duas conversarem mais à vontade. – Ela dá um abraço na irmã e deixa as duas a sós, ficou constrangido.

– Está feliz com ele? – Luíza pergunta para Jamile.

– Não, você sabe que ele não me ama e está aqui por causa de Guadalupe.

– Sei, mas sei que ela está feliz com seu pai e você será feliz com Gabriel. Vou dedicar tudo o que posso para que você e Lupe sejam felizes no amor.

– Você fala como se a sua própria vida não existisse, Leandro e Sebastião brigaram por você e parecem te querer muito.

– Mas meu coração não pode ser de nenhum dos dois, Jamile.

– Acho que de alguma forma, ele já é! – Jamile sabia que ela gostava especialmente de um deles e esse era o motivo de tantas brigas.

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