O Egípcio romance Capítulo 22

Saio da sala com a caixa nas mãos. Tenho uma hora para tomar banho e me arrumar. Mamãe entra no meu quarto quando estou tirando minhas roupas para entrar no chuveiro.

— Você irá sair com ele?

— Sim.

Ela acena com a cabeça.

— Logo imaginei. Esse homem parece conseguir tudo o que quer.

— Credo, mãe. Também não é assim. Vamos apenas jantar.

Ela me estuda atentamente.

— Sei…

— Estou falando sério, mamãe. Hassan, para ter algo de mim, precisará muito mais do que um vestido novo e joias.

Ela assente.

— Assim é que se fala!

— E meu pai? Pelo visto também não gostou de Hassan.

— Seu pai o vê como eu. Está certo que ele impressiona, pela beleza, por ser rico. Mas ele parece um lobo, nem a capa de cordeiro ele consegue pôr, então vai com calma.

— É claro. Eu sei disso, mamãe.

— E não digo isso por ser quadrada, mas esse homem parece ser devastador, tanto para o bem como para o mal.

— Está certo, mamãe. Agora saia, que eu preciso tomar banho.

Quarenta minutos depois, estou de banho tomado, maquiada, os cabelos presos em um coque no alto da cabeça e usando o vestido. Eu me olho no espelho.

O vestido é bonito para uma mulher mais velha, mas não é um modelo que eu escolheria para eu usar.

Deus! Eu aparento ter mais idade com ele.

Ele quer que eu vá, não quer? E vou deixar que ele dite o que eu irei usar?

Abro meu guarda-roupa e pego um vestido longo, vermelho. Ele não é tão largo como o que fiz. O decote é quadrado mais baixo e meu colo bonito ficará bem mais aparente. Os braços ficarão desnudos com a ausência da echarpe que cobre tudo. Pego um casaco de pele sintética, mas não o coloco. Quero que Hassan me veja antes de ir.

Só quero ver a reação dele!

Eu me olho no espelho pela última vez e dou um sorriso satisfeito.

Hassan, o Homem das Cavernas, está me aguardando, e ele é sexy pra caramba. Isso me deixa nervosa, com o coração agitado saio do quarto. Quando entro na sala, ele está conversando com meu pai. Como se pressentisse minha entrada, ele gira a cabeça, sorrindo em minha direção, mas seu sorriso morre e ele me olha como se tivesse perdido a capacidade de falar. Desce os olhos pelo meu corpo.

Desvio meus olhos dos dele e encaro meu pai, que ainda está com aquela cara de quem comeu e não gostou.

— Vocês já vão? — meu pai pergunta para Hassan.

Com certa dificuldade, Hassan retira os olhos do meu corpo e encara meu pai.

— Já.

Meu pai se levanta e me beija, e fala no meu ouvido:

— Fica esperta.

Eu dou um sorriso para papai e volto meus olhos para Hassan, que se levanta e me olha sério. Ele está ofegante. Diferente daquela tranquilidade que vi nele quando cheguei. Eu consegui abalar o moço.

— Pensei que o vestido era mais discreto. Esse vermelho é muito vivo, ele é justo e…

Eh, ele não parece apreciar muito meu vestido.

Hassan percebe meu ar de riso e para de falar. Eu digo:

— Eu fiz o vestido para alguém, não para mim.

— Então você não está usando o vestido? — ele pergunta, ofegante.

Ele observa meu rosto com lábios entreabertos.

— Não. Eu tenho 25 anos, não sou uma velha para usar um vestido tão… tão…

— Decente? — ele completa, com uma carranca.

— Não — sorri, com humor. — Apagado, ultrapassado.

Suas sobrancelhas juntam-se em pensamento, os lábios grandes estão franzidos quando ele me olha. Seus olhos ficam tempestuosos e ele está ofegante. Fervendo. Parece se esforçar para manter seu exterior passivo. Todo o meu corpo torna-se vivo e adrenalina passa por mim. Eu estou mortificada por me sentir tão animada em contrariá-lo.

— Mas foi você que criou o vestido — ele diz, baixo. Sua voz é dura e ele tem um brilho assustador sombreando seus olhos enquanto espera minha resposta.

Eu assinto.

— Fiz para outra pessoa, não para mim. Lembra?

Ele me olha sem ação.

Sei que Hassan não para até conseguir o que quer, mas ele sabe que eu não vou se ele me fizer trocar de vestido, é por isso que não diz nada, resignado, parece aceitar minha escolha. Ele então se afasta e pega a caixa de veludo e caminha em minha direção, a abre e mostra para mim. Nela, um lindo colar de brilhantes e brincos combinando.

— Gosta? — ele pergunta, olhando para os meus olhos.

Eu o encaro.

— É lindo, mas deve ter sido muito caro, eu não vou posso aceitar um colar tão caro com essa magnitude.

Hassan corre os dedos pelos seus cabelos, desarrumando seu penteado impecável em um gesto nervoso, ele parece exercitar a paciência comigo:

— Esse jantar é da alta sociedade, quero que se sinta bem ao meu lado.

Ou é ao contrário?

Ele processa minhas palavras em silêncio, parecendo pensativo como sempre.

— Tudo bem, mas depois do jantar eu irei devolvê-lo, não ficarei com o colar.

Hassan balança a cabeça, seu corpo rígido e pouco acolhedor.

— Está certo — ele olha para o relógio. — Então, vamos! Vista o casaco, lá fora está frio — diz, mandão.

Solto um suspiro e visto o casaco.

É a minha primeira vez dentro de uma Ferrari. O espaço interno não é muito grande, então quando ele assume o volante ele se agiganta. Seu perfume maravilhoso está por toda parte.

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