O Egípcio romance Capítulo 23

Ele coloca o carro em movimento. O caminho todo eu sinto que ele me olha e volta seu olhar para frente, muito calado. O silêncio é incômodo entre nós. Eu resolvo quebrá-lo, com uma questão que está me incomodando.

— Hassan, por que Raissa não quis ir à festa?

Hassan me olha e volta seu olhar para o trânsito.

— Ela não foi convidada.

— Por quê? — questiono, tentando entender.

— Ela não quer que eu me aproxime de você. Ela foi criada nos padrões árabes, tem medo de que eu me aproveite de sua inocência — diz, olhando para frente.

— E ela não está certa?

Hassan me encara.

— Que pergunta é essa agora? Você é virgem, por acaso?

Meu coração bate tão agitado, que tenho a impressão de que ele o ouve. Minhas unhas dolorosamente estão enterradas na palma da minha mão, enquanto meu coração quase sai do peito.

— Sou.

Quando seus cativantes olhos se abrem, mesmo que apenas um pouco, eu sei que ele não esperava essa minha resposta.

Silêncio.

Ele me encara, dá um sorriso desdenhoso.

— Sério? Você só pode estar brincando comigo. Com 25 anos você nunca saiu com ninguém?

— Por que o espanto? Sim, sou virgem.

Ele me olha como se me enxergasse pela primeira vez. Seu rosto fica então conflituoso. Ele fala algo em árabe em um tom baixo e diz novamente.

Um palavrão?

Hassan

Fico em transe ouvindo o que ela me diz. O entendimento da situação me atinge como um trem de carga.

Que merda é essa?

Meu sangue ferve e eu sinto como se a raiva tivesse sido injetada em minhas veias.

Não.

Não.

Não pode ser verdade. Ela está brincando comigo. Sim, é isso. Só pode ser. Hoje ela deu para me contrariar, para me ver nervoso.

Relanceio o olhar para ela, aparentando calma, mas a vontade que me dá é de jogar o carro para o meio-fio e mostrar a ela quem manda aqui. Eu a encaro, e sorrio sem acreditar em suas palavras.

— Sério? Você só pode estar brincando comigo. Com 25 anos você nunca saiu com ninguém?

Ela me encara ofegante, a testa franzida.

— Por que o espanto? Sim, sou virgem.

O choque só se intensifica.

Então é verdade?

— Ghabi! Ghabi! — “Idiota”, digo para mim mesmo.

Um silêncio doloroso se impõe entre nós…

Eu estava para viver o momento mais prazeroso e intenso de toda a minha vida sexual, e agora isso? Eu ofego, olho para frente. Lambo os meus lábios pensando no que ela me falou.

Sim, eu estava ansioso para o jantar, mas única coisa que tenho fome é dela.

Virgem?! Allah! Isso é novidade para mim! Eu jurava que ela fosse como as inglesas que conheço, que saltava para a cama dos homens depois de cinco encontros.

O sentimento é tão estranho, que me sinto temporariamente fora do ar com um rebuliço se revolvendo na minha cabeça.

Por que diabos isso faz algum sentido para mim?

Allah, por que isso me deixa mais quente e ao mesmo tempo tão transtornado?

Eu me sinto sujo agora, e isso rasga meu coração. Inferno. Estou me sentindo um pervertido, estou nervoso agora; essa informação me deixou confuso.

O que faço com essa minha necessidade de conexão com ela? Allah! Eu estou louco por ela. Karina não sai dos meus pensamentos. Pareço um drogado em busca da droga.

Eu preciso pensar…

Respira.

Um passo de cada vez…

Afasto os pensamentos que me perturbam e estaciono em frente ao meu hotel. Logo o manobrista surge e abre a porta para Karina, eu nem espero o outro abrir para mim e saio do carro. Dou a volta e envolvo Karina possessivamente com um de meus braços.

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