O Egípcio romance Capítulo 24

Flashes de fotógrafos caem sobre nós na calçada enquanto andamos até a entrada do hotel.

É de praxe sempre que fazemos uma festa nessa magnitude termos que passar por um detector de metais antes de adentrarmos ao hotel.

Passamos por ele sem problemas. Ao nosso lado direito, oriento Karina a deixar seu casaco na chapelaria, embora o vestido dela me incomode. Ele é muito chamativo.

Avançamos então para o interior do hotel. Um amigo meu, da minha terra e que é organizador de eventos, está conversando com um dos seguranças que contratamos para fazer a ronda nesse dia, todo cuidado é pouco. Quando ele me avista, vem em minha direção. Seus olhos fixam-se por um momento em Karina, então ele me olha e sorri. Quando perto, me dá um abraço apertado.

— O Papa-anjo ataca novamente — ele fala em árabe quando nossos rostos se tocam.

Nos afastamos.

— Deus! Você sabe que eu detesto esse apelido, e não é bem assim. Não desvirtuo ninguém — digo em árabe também, ofegante de repente.

Ele sorri e encara Karina.

— Olá, sou Tarif Teran, sou organizador de festas e amigo de Hassan.

— Prazer, sou Karina Michael, amiga de Hassan — ela diz, com um sorriso.

Isso fere meus ouvidos! Meu amigo percebe a cara que faço ao ouvir sua apresentação e ri com isso. Allah, amigos não seguram sua cintura como eu estou fazendo.

Ofego.

— Na verdade, estou tratando de mudar isso — digo, procurando os olhos de Karina. Mas ela não olha para mim, sorri para o meu amigo. Isso esquenta meu corpo. Encaro Tarif. — Você não tem nada para fazer? — pergunto, na nossa língua natal.

Tarif desvia os olhos dela e sorri para mim.

— Prazer em te conhecer, Karina — ele então me encara. — Espero que aprecie a decoração. Fiz conforme o combinado.

Eu assinto. Ele se afasta, e eu me viro para Karina, fico de frente para ela.

— Não sou seu amigo. Não acredito em amizades masculinas. A menos que seja de infância, e eu não sou seu amigo de infância. Não está claro que eu quero evoluir a relação entre nós?

Sinto como se o vulcão sobre o qual Karina pisou a noite inteira estivesse pronto para explodir. Ela negar-me é um insulto para meu orgulho, mas dentro de mim algo diz que é muito mais do que isso.

Karina

Hassan se vira para mim e me encara sério. Meu coração dispara. Reparo o quanto sua mandíbula está rígida.

Sim, ele é impressionantemente bonito, e eu estou começando a me perguntar o que estou fazendo aqui.

— Vim nesta festa, nesta condição, não menti para ele…

Hassan respira pesado.

— E se eu estiver realmente interessado?

Tomo uma respiração profunda de ar quando ele se aproxima mais de mim, o calor do seu corpo é radiante. Sou incapaz de escapar de seus olhos nos meus.

— Hassan! Hassan! — a voz quebra o momento.

Eu olho para a morena de cabelos negros que vem em nossa direção. Hassan dá um passo para trás e a encara.

— Olá, Liz — Hassan diz cordialmente, eles se beijam.

Ela está usando um vestido azul que marca seu corpo esquio como uma luva, sua maquiagem é impecável e seu belo cabelo está bem preso em um coque decorado. Exibe várias joias exuberantes.

— Você viu como está o salão? Tarif fez um ótimo trabalho — ela pergunta, com um sorriso, me ignorando completamente.

Hassan sorri para ela.

— Não, ainda não fui ver.

Deus! Eu sou invisível, por acaso?

Hassan me pega pela cintura e me traz junto a ele.

— Liz, essa é Karina Michael.

A mulher finalmente me encara, seus olhos vão direto no meu colar e depois fixam-se no meu rosto.

— Karina, essa é Elizabeth Crawford. Ela é dona da joalheria Império.

— Prazer em conhecê-la — cumprimento, educada.

Ela fica séria.

— Olá, tudo bem?

Eu aceno um sim. Ela tira os olhos negros dos meus e pega a mão de Hassan.

— Vem, querido. Tenho certeza de que aprovará a decoração.

Hassan aceita ser conduzido por ela, mas me arrasta com ele, sem tirar o braço da minha cintura. Quando entramos ao salão, os homens o encaram, as mulheres se endireitam, e Hassan, o anfitrião dessa festa, é aplaudido. Hassan me solta e se inclina para receber os cumprimentos. Logo um senhor o envolve pelos ombros e o arrasta para longe de mim. Hassan me dá um olhar preocupado antes de ir.

Mais uma vez noto que ele tem um conjunto de coisas que chama atenção: seu olhar é forte e irritantemente quente. Às vezes, austero, que o faz parecer mais masculino quando usa seu terno de negócio. Seu sorriso é contagiante e tão envolvente, que você não pode fazer nada a respeito, além de sorrir de volta para ele. Seu andar é imponte, seu porte é lindo com aqueles ombros largos.

Seus olhos, então, procuram os meus, como se tivesse visualmente medindo a distância entre nós. Com certeza quer que eu me aproxime dele, já que está em uma conversa animada com os homens que o cercam. A garota, quando se vê sem Hassan, se afasta de mim como se eu tivesse alguma doença contagiosa.

Eu não vou até ele, mas passo os olhos por tudo: o local é grande, elegante e com luz amena. O ar é de festa no salão. A música suave vem de um pequeno grupo de jazz usando terno e uma moça de longo branco canta suavemente. Há pessoas bem vestidas por toda parte. Há mesas enfeitadas com toalhas de linho fino e no centro pequenos vasos com flores roxas, mas poucas pessoas as ocupam. A grande maioria está em pé, conversando e rindo entre si. As mulheres exibem lindas joias, são tantas, que daria para encher um baú de pirata.

O mundo de Hassan é um lugar cheio de glamour, bem distante da minha realidade.

Um garçom se aproxima e me oferece uma Piña Colada. Eu aceito com um sorriso. Aliás, ela é a minha preferida. Feita com rum, suco de abacaxi, leite de coco e leite condensado.

Uma senhora surge à minha frente.

— Deus! Karina?

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