Por muito que me esforçasse já não conseguia dar mais que um passo, estava ofegante, exausta, com dores. As contrações estavam com intervalos menores , alem de serem cada vez mais difíceis de aguentar. Ali estava eu, me segurando numa árvore, quase de joelhos no chão quando a dor fulminante me ataca de novo, parecia que meus rins iam explodir , coloco a mão de lado na parte de trás ,me inclinando um pouco para a frente, a posição me aliviava , mesmo assim não era o suficiente para poder continuar a correr.
__ Aguentem mais um pouco, sim!- Declaro para meu ventre volumoso, o esfregando vigorosamente. __ Deixem a mamãe chegar em casa , aí podem me vir conhecer com toda a popa e circunstância.
Respirando fundo varias vezes , continuo meu caminho , em passos largos o suficiente para poder avançar para qualquer lado na direção contraria daquela cabana. Desejava que Alexandre por aquela altura já sentisse alguma emoção minha , apostaria na dor e medo. Embora que seria frustrante para ele, não poder me vir resgatar em segundos com seu poder de materialização. Era dia ainda , e Vasco não seria tão rapido assim sem as coordenadas certas.
Alexandre tinha um GPS incorporado em mim através do sangue que tinha partilhado, mas era algo místico, não físico, ele sentia minha presença e seu poder natural o levava para o local onde estava , mas saber ao certo onde para dar indicações a Vasco era difícil quando eu própria não poderia lhe dizer mentalmente o local. Olhando ao redor tento reconhecer algum ponto estratégico, mas nada. Raramente andava em florestas, Vasco já planeara que eu o acompanhasse em algumas caminhadas em forma lupina para conhecer toda a área ao redor de casa e imediações, mas depois do nascimento dos gémeos, não durante a gestação.
Respirando fundo quando sinto mais uma contração, caio de joelhos , cerrando os dentes tentando não gritar, já passara horas desde que tinha fugido, mas não sabia até que ponto aquela luta teria tido sucesso em afastar os meus sequestradores. Um vampiro não saia a luz do sol, mas um homem lobo chegaria até mim em minutos. Olhando para trás gatinho um pouco até a árvore mais próxima, me recostando nela . Inspirando uma vez e exalando o ar quatro vezes , como Cassandra me tinha indicado, tento me abstrair a dor que se mantinha mais de um minuto agora . Sinto algo molhado entre as coxas o que me faz olhar o vestido em alerta.
__ Não... não...não...
Em pânico gemo baixinho,a mancha em todo o tecido indicava o que eu mais receava, as aguas rebentaram. Meus filhos teriam que nascer em breve , não havia como os segurar mais tempo dentro de mim sem o liquido amniótico.
__ OH Deus...- aliso minha barriga.__ Também estou ansiosa por vos conhecer...- as lágrimas agora corriam livremente em meu rosto, as tinha segurado durante horas com a adrenalina da fuga mas agora a força mental se esvaia , assim como a física. __ Mas não é a hora certa , nem o lugar meus amores...
Mesmo naquele pranto consigo perceber uns passos cuidadosos ao longe. O pânico me invade e tento me levantar quando de novo uma contração surge junto com um desconforto. parecia um puxão , mas de dentro pra fora. Mesmo olhando para a direção do som, arregalo os olhos esperando que não fosse quem eu pensava. Subtilmente deslizo a mão entre as minhas coxas sentindo algo pegajoso, verificando rapidamente o sangue em meus dedos sei que não havia mais tempo para mim.
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