2 - Reclamada Por Dois romance Capítulo 46

Eu queria tanto estar a ter um sonho ! Mas não , era real, no meio de tanta dor e pânico, o milagre da vida começava acontecer, sentia a pressão de um dos bebés querendo sair de meu corpo, as garras do homem arranhavam a minha pele , a ferindo quando ele leva as unhas a minha calcinha, a rasgando com brutalidade, ele me puxa por um tornozelo sorrindo com a visão na sua frente.

__ É agora... chegou a hora ...

Sua euforia me dava a certeza que minha dilatação era total. Evito fazer força na contração que surge no mesmo instante evitando assim que ele nascesse para as mãos daquele que o queria levar de mim.

__ Não é seguro , - respiro com dificuldade , apertando os labios, meu corpo tremia e minha pele estava completamente molhada do suor que o esforço provocava. __ Tente perceber isso, aqui, no meio de nenhures, sem apoio para o que for necessário depois.

__ Tu é que não entendes, és humana, mas eles não são, o instinto deles os faz mais primitivos e selvagens do que pensas.

Sem pensar duas vezes , esqueço a dor por momentos lhe dando um pontapé , um rosnado surge no mesmo momento apesar do impacto o ter levado um pouco para longe. Ele tinha baixado a guarda e por não estar a espera consegui lhe acertar em cheio, partindo a cana do nariz , o que o fez sangrar imenso. O pior é que agora ele estava irritado comigo e não era nada bom. Olhando ao redor , pego num pequeno ramo de árvore, lascado na ponta , o que tornava uma arma improvisada , o ideal naquele momento.

__ Não te aproximes de mim!!!

A dor continuava a me desconcentrar do meu plano de ataque , cerro os dentes o encarando em ameaça com o pau na sua direção. Ele simplesmente gargalha .

__ Achas que és alguma ameaça para mim? - Balançando a cabeça ele zomba andando de um lado para o outro. __ Eles nascerão e tu estarás vulnerável em minhas mãos , acredita ,não podes fazer nada .

__ MAS EU POSSO!

Incrédula olho para o homem nu que surge correndo dos arbustos, sua voz era uma ameaça fatal, assim que se atira para o meu atacante com uma ferocidade que me deixava aliviada mas também horrorizada quando sua transformação surge numa enorme besta peluda. Por momentos fico hipnotizada com tal visão , o choque congelando meu corpo, mas ao ouvir passos ao meu redor o pânico volta a me invadir , o que faz que o processo de nascimento retome seu curso.

__ OH Céus...

Entre gemidos de dor e ofegos de perplexidade observo como uma dúzia de lobos de variadas cores fazem um pequeno circulo ao meu redor. Eles rosnavam ,mas não para mim, de costas sua atenção era para a luta feroz que acontecia a alguma distancia de onde estava, mas a postura era de defesa na minha direção. Um dos lobos sai do circulo, com cautela observa todo o meu corpo, ele baixa as orelhas e patas em submissão como Vasco me demonstrara um dia. Trazia uma mochila nas costas , eu ia falar algo mas minha voz simplesmente secou quando as minhas mãos apertam a barriga e uma dor alucinante me rasga por dentro. Ele rapidamente se torna um homem robusto e nu.

__ Não tenhas medo , sou amigo de Vasco.

Ele parecia muito perturbado e aflito enquanto abria a mochila que caíra na hora em voltava a sua forma humana, vestindo uns jeans e retirando o celular me olha apreensivo.

__ Meu nome é Marco, a ajuda vem a caminho.

__ Não há tempo... - Fazendo uma careta de dor , faço força , gritando na mesma hora que sinto a cabeça do bebe saindo parcialmente. __ Ele vai nascer...

Marco arregala os olhos baixando o seu olhar para as minhas coxas que agora estavam amplamente abertas , ele sustém a respiração olhando para os outros lobos , seu irmão Rafael tinha seu oponente preso pelo pescoço, suas garras poderosas se enterravam no pescoço do maldito, seu ultimo sopro estava para breve.

__ RAFAEL.. - Marco fica apreensivo e sem saber o que fazer de imediato grita por seu irmão. __ Preciso de ajuda aqui ...JÁ!!!!

Rafael rapidamente olha para seu irmão e depois para a fêmea deitada no chão em sofrimento, sangrando. Maldição !!! Ela era prioridade e apostava que Vasco ia querer fazer justiça com suas próprias garras. Rapidamente ele aplica um pressão no pescoço do sequestrador , o fazendo desmaiar em segundos. Deixando cair o corpo inerte, ele corre para Ângela. Os lobos rodeiam o maldito que ousou atacar uma fêmea de outro , impedindo assim que ele fugisse se por acaso acordasse.

__ Parece que não temos tempo para a mover.- Rafael cerra a mandibular apreensivo ao olhar para seu irmão.

__ Não mesmo...- Marco digita a mensagem que enviaria para todos os lobos que andavam no perímetro à procura de Ângela, sua localização e estado de emergência. Sabia que Vasco a receberia no mesmo instante assim como Ulisses que trazia Cassandra, alguém que eles necessitavam muito ali , agora mesmo, naquele momento. __ O que sabes sobre uma fêmea dando à luz.

__ Nada !!!!!- Rafael suspira frustrado, para não constranger a fêmea com sua nudez , de imediato veste os outros jeans que seu irmão sempre trazia na mochila improvisada. Pegando numa garrafa de agua ele se ajoelha entre as coxas de Ângela a tranquilizando ao lhe dar umas gotas do liquido para a hidratar,ela estava sem beber à horas naquelas condições e a perda de sangue também era uma preocupação .

__ Sei o mesmo que tu...- Marcus olha para a companheira de seus amigos, estava exausta e ela não teria forças para dar a luz dois bebes , teriam que ajudar agora no que pudessem até que alguém aparecesse.

__ Ângela!!! - Em breve também anoiteceria, o clima seria mais humido e frio, nada apto para receber dois filhotes recém nascidos ao ar livre. __Vasco estará aqui em breve, mas temos que deixar vir esse bebe ao mundo agora , sem demoras , entendes?

Eu arregalo os olhos , como poderiam dois homens que eu não conhecia me ajudar com um nascimento, eles eram enormes, robustos , não delicados para segurar um bebe minúsculo e frágil, mas assim que o nome de Vasco surge, percebo que ele também o era , assim como Alexandre e eram capazes de uma delicadeza adorável , ternurenta quando desejavam, apesar de seus aspetos duros, autoritários.

__ Sim...Respirando com dificuldade tomo uma decisão, meus filhos estavam em perigo agora , não eu. Não importava o que aconteceria comigo naquele momento, eu os queria ver , sãos e salvos. __ Eu vou tentar...- Aceno afirmativamente continuando a fazer força quando sinto outra contração. As dores se tornam mais fortes e eu grito em alta voz assustando todos os seres noturnos que habitavam aquele lugar.

__ Meu Deus ...- Rafael fica um pouco surpreso quando a criança surge rapidamente , saindo do corpo de Ângela como uma enguia , ele o segura com rapidez evitando que acabasse no chão duro de terra , sua expressão era completamente de perplexidade por ter nas mãos um robusto menino . Marco boquiaberto ficou ali o olhando por segundos, segurando a camiseta que ele tinha na mochila para se vestir. Rafael rapidamente olha o corpo frágil e tremente da criança , arrancando das mãos de seu irmão a peça de roupa , o embrulha rapidamente.

__ Como ele está?- As minhas forças eram mínimas , me sentia tão cansada , meu corpo tremia por todos os lados , mas as contrações suavizavam um pouco , o que me ajudava a respirar mais calmamente. Levanto a cabeça com dificuldade quando não ouço nenhum choro, mas ela é muito pesada e volto a deixa-la cair , fechando os olhos , ofegante . __ Por favor... me diz , o bebé está bem ?

__ Ele está bem meu amor ... - A voz emocionada de Vasco se faz ouvir no mesmo instante .

__ Vasco????- Ao ouvir o som daquela voz familiar , logo tento abrir os olhos, ele estava ajoelhado ao lado da minha cabeça, suas mãos seguravam meu rosto para me colocar sobre seu colo, beijando a minha testa ,vejo as lágrimas rolarem em seu rosto. Sorrindo feliz por ter meus machos do meu lado naquela hora tão especial aliso seu rosto com carinho. __ Temos rapaz forte como os papais.

__ Me deixa vê-lo! - Suspirando de alivio e sorrindo de felicidade, deixo meus olhos se fecharem por um bocadinho , precisava descansar .

__ Daqui a pouco meu amor, ainda temos que ajudar o segundo bebé a nascer.

Arregalo os olhos ao ouvir suas palavras , o sol já estava desaparecendo , o que significava que tinha passado horas ali naquela floresta e as contrações tinham cessado. Não havia movimento no meu ventre , nem um puxão , nem uma dor. As lágrimas surgem no momento em que penso que meu segundo bebé não teria sobrevivido a pressão de os tentar manter dentro de mim. A culpa me assola ainda mais quando Alexandre se materializa com uma expressão de dor em seu rosto ao ver meu estado. Ele alisa minha bochecha beijando meus lábios , sorrindo ao ver nosso bebé nos braços de Vasco.

__ Oh minha fêmea ...- Alexandre se materializa com uma expressão de dor em seu rosto ao ver o estado de sua companheira. __ O que aqueles malditos te fizeram...

__ Alexandre ...- Eu fico feliz em vê-lo do meu lado também , mas a preocupação e a dor continuavam dentro do meu ser. __ Nossos bebés ...- Ele alisa minha bochecha beijando meus lábios ,suas lágrimas dançando em seus olhos  ao ver um dos nosso filhos  nos braços de Vasco. 

__  Fizeste um bom trabalho  minha amada!- Alexandre fica emocionado olhando o pequeno ser nos braços de seu irmão , mas sua  expressão muda radicalmente para apreensão quando seu olhar se desvia para o ventre de Ângela.

Ofegante tento me levantar , mas minhas forças eram poucas ou nulas já. Eu não sentia nada , nem mesmo vestígios de ter meu outro bebe dentro de mim. Alexandre não me responde e de imediato o encaro . Sua dor estampada no rosto era tão grande  que eu não conseguia deixar de pensar que afinal eu falhara completamente. “Teria perdido um dos gémeos?” Essa culpa e  dor me arrebata na hora e mesmo sem notar meu corpo se desliga e  acabo perdendo a consciência.

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