A ama e o pai alfa romance Capítulo 351

Ella

A luz filtrava-se nos escritórios enquanto eu entrava no espaço aberto, e senti como se estivesse entrando numa toca de lobos. Meus colegas de trabalho tinham aquele olhar evasivo e culpado que eu já estava muito familiarizada ultimamente. Eu já sabia o motivo.

Pelos cantos dos meus olhos, notei as cabeças se virando rapidamente para suas mesas, as telas dos computadores piscando como se estivessem trabalhando duro o tempo todo. Mas a realidade era muito clara: eles estavam observando. Parecia que todo o escritório tinha se reunido em volta da janela, tentando dar uma espiada na minha conversa com o Logan.

Um peso se instalou no meu estômago. Isso era exatamente o que eu tinha esperado evitar. Não era apenas o assunto das fofocas; eu me tornei o espetáculo da manhã. Inferno, eu me tornei o espetáculo do ano. Eu já tinha tido o suficiente.

"Sério?" eu disse, incapaz de evitar a irritação na minha voz. Coloquei as mãos nos quadris, tentando transmitir autoridade e exasperação. "Vocês não têm nada melhor para fazer?"

A sala permaneceu em silêncio constrangedor. A culpa compartilhada estava estampada em seus rostos.

Eu respirei fundo, me acalmando, antes de decidir enfrentar o elefante na sala de frente. "Sim", comecei, "estou saindo com o Logan Barrett. E sim, ele é... Bem, ele é quem ele é. Mas isso não significa que este lugar deva se transformar em uma cena de filme de Hollywood, com todos espiando pelos cantos e sussurrando por trás das mãos."

Algumas cabeças se abaixaram, outras desviaram o olhar, mas eu não tinha terminado. "Não é da conta de vocês. E francamente, todos vocês deveriam ter vergonha de si mesmos. Agindo como um bando de adolescentes fofoqueiros."

Ao final do meu pequeno discurso, o ambiente estava carregado de constrangimento. Satisfeita com o silêncio que se seguiu, segui para o meu escritório.

Cada passo parecia uma vitória, minha cabeça erguida.

...

Não demorou muito pela manhã antes de ser chamada para uma reunião com o Sr. Henderson e Bryan Fleming, um dos advogados experientes e bastante condescendentes do escritório.

Assim que a reunião começou, pude sentir a tensão na sala. Bryan, com seus cabelos grisalhos e ternos listrados, deixou claro desde que comecei no escritório que me via como uma novata inexperiente que, em sua estimada opinião, ainda não tinha conquistado seu lugar. Seu olhar era severo, analisando cada palavra que eu pronunciava, cada ponto que eu levantava.

"Ella", ele zombou, enfatizando meu nome como se fosse sinônimo de incompetência, "sua falta de experiência na área é dolorosamente óbvia. Eu me pergunto como você consegue acompanhar."

Eu me irritei com seu tom condescendente, mas mantive a compostura. "Eu lidei com sucesso com vários casos de alto perfil, incluindo os com o Logan Barrett, um dos nossos clientes mais importantes", lembrei a ele firmemente, defendendo minhas habilidades. Minha voz estava firme, mas por dentro, eu era uma tempestade de indignação e frustração.

"Oh, Logan", Bryan zombou, um sorriso insinuante brincando em seus lábios. "Ele não é seu namorado? Parece uma situação bastante conveniente, e eu diria, conflituosa, não acha?"

Sua implicação era irritantemente clara, minando minha profissionalismo e reduzindo minhas conquistas a meros favores de um 'namorado'. Minhas bochechas queimaram, e eu estava prestes a retrucar quando o Sr. Henderson interveio, sua voz como um chicote cortando a tensão.

"A Ella provou ser um ativo para este escritório", ele disse severamente, fixando Bryan com um olhar afiado. "Suas conquistas falam por si mesmas, e é inapropriado diminuir nossos colegas com base em suposições infundadas e preconceitos mesquinhos."

Bryan se remexeu na cadeira, sua arrogância substituída por desconforto sob o olhar repreensivo do Sr. Henderson.

"A Ella é uma advogada promissora", continuou o Sr. Henderson, "e esperamos que todos a tratem com o respeito que ela merece."

Eu pude ver Bryan engolindo suas palavras, o sutil aperto de sua mandíbula revelando seu ressentimento reprimido. A reunião continuou, mas o ar permaneceu carregado, cada troca de olhares uma batalha silenciosa de vontades.

Dei de ombros, tentando parecer despreocupada. "Tinha que ser dito. Não estou aqui para ser o assunto das fofocas de escritório."

Ela assentiu lentamente, como se estivesse processando o que eu tinha dito. "Você foi... corajoso", ela admitiu, parecendo genuinamente impressionada. "Enfrentando todos assim."

"Não é nada", respondi, ignorando o elogio mesmo que isso me aquecesse. "Mas... obrigado por dizer isso, Sarah."

Foi surpreendente ver Sarah, que provavelmente costumava me odiar mais do que qualquer outra pessoa no escritório, aos poucos se aproximando de mim ultimamente. Até onde eu sabia, eu não tinha feito nada de diferente. Ou talvez tivesse.

Sarah voltou sua atenção para a máquina de venda. Depois de inserir suas moedas, ela apertou o botão para um pacote de batatas fritas. A espiral começou a girar, mas parou no meio do caminho, deixando seu lanche pendurado precariamente.

"Sério?", Sarah bufou de frustração, dando um chute rápido na máquina.

Não pude deixar de rir da ironia, considerando o tipo de dia que tinha sido. "Deixe-me tentar", ofereci, empurrando-a levemente para o lado.

Apesar dos meus melhores esforços para sacudir e cutucar a máquina, o pacote permaneceu teimosamente preso. Sarah suspirou, parecendo ainda mais exasperada. "Só a minha sorte. Nem mesmo trouxe almoço hoje. Eu odeio comer sozinha fora."

Olhei para ela, vendo uma oportunidade. Afinal, eu estava na mesma situação.

"Bem", comecei com um sorriso, "que tal sairmos juntos?"