Minha Amada Ômega romance Capítulo 8

EVANGELINE.

Três horas se passaram e eu estou perdida. Não sei onde estou e sem meu celular, não tenho nada para me orientar. Provavelmente eles já devem ter notado o meu sumiço. Será que alguém virá atrás de mim?

As lágrimas ardiam nos meus olhos, quando pensei no monstro a quem fui entregue. Como se eu não fosse nada além se um pedaço de carne. Eu não vou permitir que ele me toque. O sentimento de traição me toma por completo, afinal, como eles puderam fazer isso comigo?

Os nós dos meus dedos ficaram brancos, conforme eu cravava as unhas na palma da minha mão, ameaçando rasgar a pele sensível, enquanto agarro o volante com força. Minhas mãos estão úmidas e sinto uma gosta de suor escorrer pela nuca, o medo exala pelos meus poros enquanto tento guiar pela estrada.

A chuva bate contra o para-brisa, tornando a visibilidade extremamente difícil e me esforço para conseguir enxergar além do capô do carro. Os limpadores se agitam o mais rápido que podem, mas não me ajudam a ver a estrada à frente.

"Por favor, me ajude..." Eu sussurro, olhando para a escuridão.

A estrada é estreita e serpenteia, cheia de curvas, ao lado das montanhas rochosas. Um movimento em falso e meu carro derraparia ladeira abaixo.

O quão longe eu estou?

Será que eles vão me encontrar?

Eu pressiono meu pé no acelerado um pouco forte demais, o carro desliza pela estrada escorregadia. Então, rapidamente eu tiro o pé do acelerador, afinal, não tenho carteira de motorista e essa não foi uma das minhas ideias mais brilhantes, considerando que não tenho muita habilidade para dirigir, mas... eu não tinha outra alternativa.

Eu não posso voltar para lá. Não vou voltar para aquele lugar.

O medo me envolve quanto uma memória atormentadora invade a minha mente. Assim, minhas mãos tremem enquanto eu aperto o volante com força, neste momento meu coração está batendo como mil tambores e então, reduzo a velocidade. Eu me recuso voltar. Mesmo que eu queria, a estrada é muito estreita para fazer o retorno.

Por favor, melhora...

As lágrimas queimam meus olhos, tornando a pouca visão que tenho ainda pior, não posso voltar para ele, não agora que eu sabia o que ele é... Um monstro.

Sinto que minha respiração está arfando violentamente e pressinto a aproximação de um ataque de pânico. A voz da vovó Philomena ecoa pela minha mente.

'Respire fundo Evangeline, você pode ser uma Ômega, mas não mostre suas fraquezas!'

Ela podia ser dura, mas sempre achei que tinha um bom coração... Será que tinha mesmo?

Ela me vendeu como se eu fosse um pedaço de carne.

Então, inspiro profundamente, contando lentamente até dez enquanto expiro.

Devagar e sempre... inspire... expire...

Preciso sair de Dark Falls o mais rápido possível. O som estridente de uma buzina e faróis ofuscantes me fazem frear e bato no volante. No mesmo instante, meu coração dispara enquanto o carro passa por mim lentamente, buzinando aborrecido.

Está tudo bem, Evangeline... você consegue...

Mordo meu lábio carnudo e trêmulo, sinto o gosto metálico do sangue se espalhar pela boca, então ligo o carro mais uma vez, tentando controlar a respiração trôpega. De repente, assim que fiz outra curva, escutei um rosnado ameaçador vindo do lado de fora.

Grito aterrorizada, soltando o volante quando algo enorme atinge o para-brisa, quebrando o vidro. O impacto manda o carro para fora da estrada sinuosa e ladeada por rochas, assim, o carro derrapa pela a encosta da montanha.

Não!

Sinto que estou caindo a uma velocidade assustadora e fecho os olhos com força, não queria ver a morte vir até mim. Mas, quando o carro atingi o fundo do precipício, sou jogada para frente e para trás, meu nariz bate no volante e uma dor percorre todo meu corpo, enquanto o carro capota várias vezes, até finalmente parar.

Meu corpo inteiro grita de agonia e minha cabeça parece estar prestes a explodir.

De algum modo... eu ainda estou viva. Mas, como? Não sei como isso é possível, mas ainda estou respirando, embora meu coração pareça que vai explodir dentro do peito, a qualquer segundo.

Olhando ao redor, só encontro a escuridão.

O que era aquilo? O pânico lentamente se embrenha dentro de mim.

Minhas mãos se atrapalham com o cinto de segurança, ao tentar puxá-lo. Meu coração batia violentamente enquanto eu me atrapalhava com o cinto, então vi minhas mãos trêmulas, mas era tarde demais... O carro começou a se mover, desprendendo-se das duas árvores entre as quais estava preso.

Um grito ensurdecedor sai de mim, observando o terreno passar pelas janelas antes de tudo parar. Então, o carro bate nas rochas logo abaixo e minha cabeça cai para trás, uma dor ofuscante atravessa minha cintura e perna.

Em seguida, minha cabeça lateja e a visão escurece.

Não... Eu não quero morrer!

O pavor me serve de cobertor à medida que me liberto do cinto de segurança. Noto que há vários cacos de vidro presos no meu braço, posso sentir o cheiro metálico de sangue preencher o ar. Mais uma vez, tento sair de onde estou.

Eu silvo quando percebo que minha perna está presa, a lateral do carro está completamente amassada, e eu estou presa, sem poder me mexer...

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