POV: LAUREN
Estava uma noite fria e chuvosa. Eu havia passado o dia inteiro planejando algo especial para Ethan e eu. Depois de tantos dias em que ele parecia distante e indiferente, achei que talvez um jantar feito com carinho pudesse nos reconectar. Preparei seu prato favorito e deixei a mesa impecável, com velas e flores. O cheiro do assado ainda preenchia a casa quando ouvi a porta da frente se abrir.
— Ethan? — Eu chamei animada, enquanto saía da cozinha.
Ele entrou sem sequer me olhar. Tirou o casaco molhado e o jogou no encosto do sofá, caminhando até a escada. Parecia exausto, mas também alheio, como se estar em casa fosse um fardo.
— Você chegou mais cedo hoje. Preparei o jantar. Pensei que poderíamos comer juntos. — Meu tom era esperançoso.
Ethan parou no meio da sala, finalmente me encarando com os olhos profundos e o queixo erguido, sua expressão estava carregada de desinteresse enquanto torcia o nariz.
— Já comi. Tive uma reunião longa e não estou no clima para nada. Vou subir. — Ele respondeu com frieza.
— Por favor, Ethan. Só hoje. Nós quase não passamos tempo juntos. Eu sinto que… — Eu comecei tentando segurar a mão dele.
— Lauren, eu disse que não. Por que você tem que insistir em tudo? — Ele puxou a mão, quase como se meu toque o incomodasse.
Eu me encolhi diante de suas palavras, sentindo o peso de sua indiferença. Enquanto ele subia as escadas, decidi não deixar minha esperança morrer tão rápido.
Subi até nosso quarto para tentar conversar com ele novamente, quando adentrei, algo chamou minha atenção. A porta do cofre na parede estava entreaberta e dentro, havia uma caixinha de veludo. Ao abrir, encontrei um colar delicado, com um pingente de diamante. Franzi o cenho confusa.
“Será que é um presente para mim?” Eu pensei, com um fio de esperança.
O aniversário do nosso casamento estava se aproximando e, por mais que ele estivesse distante, talvez ainda houvesse um resquício do homem que um dia conheci e tanto amei.
Sem pensar muito, peguei o colar e o coloquei no pescoço. Ele era lindo, caía perfeitamente sobre minha pele. O barulho da porta do banheiro me tirou dos meus pensamentos. Ethan saiu de lá com uma toalha no ombro secando os cabelos, já vestido, seu olhar deslizou por meu corpo fixando-se em meu pescoço, assim que viu o colar, sua expressão endureceu se transformando em algo que eu não esperava: raiva.
— O que você pensa que está fazendo? — Ele gritou, caminhando até mim a passos pesados.
— Eu… achei que fosse um presente. Estava aqui e pensei… — tentei explicar, mas ele não me deixou terminar.
— Você não tem direito de mexer nas minhas coisas! — Ethan agarrou o colar e o arrancou do meu pescoço com um puxão brusco. A dor física foi mínima comparada à humilhação que senti.
— Ethan, eu não quis… — comecei, mas ele já estava pegando as chaves do carro. — Onde você vai? — perguntei, elevando meu tom em desespero.
— Você é incapaz de compreender as coisas, não é mesmo? Deixe-me em paz, Lauren. — Gritou ele, com desprezo e fúria.
Ele passou por mim como se eu fosse invisível, corri atrás dele, desesperada para impedir que saísse daquela maneira.
— Ethan, por favor! Eu só queria… — Minhas palavras morreram na garganta, esmagadas pelo desprezo em seu olhar frio e indiferente.
— Você é insuportável, Lauren. Sempre se metendo onde não é chamada. — Ele me interrompeu bruscamente, exaspero.
— Nunca mais diga isso a mim ou a qualquer outra pessoa! — Ele gritou, cada palavra escolhida para me ferir. Suas narinas estavam dilatadas, o rosto marcado pelo desprezo. — Sua família deveria me agradecer por ter tirado de suas costas o fardo de alguém como você.
Ele me lançou um último olhar, cheio de desdém, antes de virar as costas e desaparecer na escuridão. Fiquei ali, paralisada, o som da chuva misturando-se aos meus soluços.
Entrei em casa, tremendo e soluçando, minhas roupas ensopadas grudando no corpo. O frio era menor que o vazio que me consumia. Afundei no sofá, tentando recuperar o fôlego, enquanto a dor no peito parecia me sufocar.
De repente, um enjoo intenso tomou conta de mim. Corri até o banheiro e vomitei, sentindo a cabeça girar. Segurei-me na pia, ofegante, tentando me recompor. Limpei a boca com o dorso da mão, culpando as emoções fortes pelo mal-estar. Quando voltei para o sofá, encolhi-me, abraçando meu próprio corpo. O cansaço me venceu, e adormeci ali, esperando por ele.
Acordei com a luz da manhã atravessando as cortinas. O som de uma notificação no celular me tirou do torpor. Peguei o aparelho com pressa, esperando uma mensagem de Ethan, uma explicação, talvez um pedido de desculpas. Mas não era.
Minha melhor amiga, Kate, me enviou uma mensagem com fotos. Antes das imagens, suas palavras ecoaram como um aviso: “Amiga, você precisa saber a verdade. Ele não te merece, Lauren.”
Meu coração disparou ao abrir as mensagens. Lá estava Ethan, com outra mulher. As fotos mostravam os dois em um bar, próximos demais, íntimos demais. A traição estava escancarada. O ar me faltou, e as lágrimas desceram antes que eu pudesse detê-las.
Segurei o celular com força, apertando até os nós dos dedos ficarem brancos, as mãos trêmulas, enquanto a verdade me atingia como um golpe cruel.
Ethan não estava apenas distante; ele estava destruindo tudo o que tínhamos. O ressentimento me consumiu, e minha voz saiu em um grito sufocado:
— Quem é essa mulher, Ethan? Como pôde me trair assim?
Mas ele não estava lá para ouvir. Ele estava com a sua amante!
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