Eu estava em um precipício, olhando impotente o homem que amava duelar pela minha mão em casamento, e perder miseravelmente, não só minha mão, mas sua vida.
Meu amado Cristhofer lutava com tanto afinco contra o comandante John Chase, um homem alto e que estava perto dos 28 anos.
Ele governava na ilha do Corvo que ficava ao lado de Shivia, e o motivo dele lutar pela minha mão não era amor, era por política e poder, porque eu era Helena Lancaster, irmã do rei Carlos Lancaster ll que achou divertido sediar um torneio até a morte pela minha mão.
Que romântico, não?! Homens vindo de todo canto só para morrerem competindo pela chance de casar comigo.
Então quando a cabeça do único homem que eu desejava que ganhasse o torneio caiu sobre a arena de luta, eu senti que era meu fim.
John Chase estava nas finais do torneio pela princesa, e a plateia rugia em regozijo ao show sangrento que ele proporcionou para eles. Do alto da nossa tenda real eu olhei pela primeira vez nos olhos do homem que tinha grande chances de se tornar meu marido. Seus cabelos negros caíam molhados de suor sobre a fronte, seus olhos eram negros como pedras de ônix, e seu rosto com uma barba por fazer, o nariz desenhado e o queixo forte, suas características físicas eram atraentes, se não fosse pelo sangue de Cristhofer em seu rosto, ele poderia parecer comum e bonito.
Ele olhou para cima, para o local onde eu estava sentada com o rei que batia palmas entusiasmado com a matança, seu olhar negro cruzou com os meus e eu vi um abismo neles, uma obscuridade profunda, como uma noite fria e escura, assim eram seus olhos.
Eu realmente não podia me casar com aquele homem!
Eu me levantei da cadeira sentindo as lágrimas ameaçarem cair na frente de todos, elas me traíam as emoções, tentando a todo custo liberar a dor que eu tentava mascarar, porque eu não podia mostrar para aquelas pessoas que o meu amado caiu morto enquanto eles comemoravam. Então desci do lugar reservado ao rei sendo acompanhada pelos guardas para a carruagem, de volta ao palácio, onde em meus aposentos eu poderia chorar por Cristhofer.
Quando passei pelas portas, o meu quarto estava repleto de servas preparando um banho e caminhando com vários vestidos para bailes, eu gritei para todas saírem. Eu sabia o motivo daquele alvoroço, pouco antes do rei anunciar os finalistas das semifinais, ele anunciou que o vencedor que ganhasse sua vaga para a luta final, seria convidado para um baile sediado no palácio real, esta noite.
Eu acreditei que essa noite eu estaria nos braços de Cristhofer...
Quando as servas arregalaram os olhos com meus gritos eu não consegui ter pena de estar gritando com elas, porque meu coração estava destroçado pelo homem que acabei de perder, e a última coisa que queria era ficar em um salão de baile com o homem que o matou friamente.
Quando voltei meu olhar para elas novamente, percebi que embora elas estivessem assustadas com minhas ordens, elas não se moveram de seus lugares, e embora minhas lágrimas ameaçassem cair eu as segurei, e quando me virei para olhar a direção do olhar das servas, imediatamente percebi o motivo da hesitação delas.
— O que pensa que está fazendo, Helena? Vocês voltem ao trabalho. — ordenou Hera, a rainha, também conhecida como megera.
Eu respirei fundo e encarei aqueles olhos azuis inquisidores.
Meu relacionamento com Cristhofer era um segredo, porque ele não era nobre, mas graças ao torneio ele teve a chance de competir pela minha mão, porque essa era a parte do torneio que movimentou homens de vários cantos do reino, não era necessário ter um título nobre para participar.
Então, minha atitude carrancuda e histérica despertou aquele olhar azul desconfiado.
— Hoje é uma noite importante, olhe para você com essa cara chorosa, esses olhos cansados como se não tivesse dormido a noite! Isso não é a aparência de uma princesa, tome um banho e deixe que as servas deixem você apresentável.
Com essas duras palavras sem sequer me dar a chance de rebater que esse baile não era importante para mim, ela se virou sendo acompanhada de sua guarda para o corredor, me deixando parada no centro do quarto morrendo de vontade de dizer o quanto a odiava.
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