— Comida de cachorro? Como eu iria imaginar? Você nem tem um cachorro!
Lucine tentou se explicar, visivelmente confusa.
— Você chegou aqui ontem, como pode saber se eu tenho ou não um cachorro?
— Onde está esse cachorro então, e porque não estava escrito no pacote que era comida de cachorro?
Aram secou a boca com um pano de prato que estava no fogão. Apesar de tudo, o cozido não havia ficado com gosto tão ruim, apenas a textura estava estranha. Quando Yasmina morreu, ele não conseguiu ficar com o cachorro deles, o Eros. Szafir então levou o animal para a sua casa, para que fosse cuidado decentemente. Nas raras vezes que ia fazer compras, ele comprava comida para o animal e entregava ao amigo. Com os últimos acontecimentos, havia esquecido de entregar a ração a Szafir.
— O cachorro não mora mais aqui, mas eu ainda levo comida de vez em quando. Bem, mas não importa, não têm como comer isso, vou fazer uns sanduíches.
Ela começou a esvaziar os pratos de volta na panela.
— Eu sinto muito Alfa, era a única coisa que tinha na geladeira para preparar. Achei que fosse uma embalagem de carne conservada.
— Tudo bem, eu tenho mesmo que fazer compras, amanhã depois da reunião eu vou ao mercado.
— Vai haver uma reunião amanhã?
— Sim, decisões sobre o inverno precisam ser tomadas. É obrigatória a presença de todos os membros maiores de idade da alcateia, então, você precisará ir.
Ela ficou insegura com a novidade.
— Tem certeza que os outros não vão se importar com a minha presença?
— Eles não podem reclamar, devido ao casamento você é um membro do clã agora, com todos os direitos e deveres que isso implica.
— Ok. — Ela respondeu.
A reunião foi marcada para a manhã do dia seguinte. Lucine acompanhou Aram, caminhando sempre dois passos atrás dele pela rua, até o local que chamavam de casa dos anciãos. Vestia o mesmo conjunto de moletom preto que ficava ridiculamente gigante nela.
Quando chegaram, ele a orientou a sentar na primeira fileira, enquanto ele assumiu seu lugar no pequeno palco improvisado. Logo o lugar estava cheio e as pessoas tomaram todo o cuidado para deixar as duas cadeiras do lado dela vazias, como se ela tivesse alguma doença contagiosa. O único olhar amigável que recebeu foi do homem que a havia trazido até a aldeia.
O Alfa chamou a atenção de todos e deu início a reunião.
— Estamos aqui hoje para a divisão justa dos suprimentos que estão estocados. Como já devem saber, a colheita não foi das melhores, então será necessário racionar. A carne também não temos em grande quantidade e os rebanhos não são como os dos outros anos.
Ele falou e se instaurou um silêncio no recinto, as pessoas estavam visivelmente insatisfeitas. Até que um senhor tomou coragem e fez o comentário que estava na mente de todos.
— E a que devemos essa situação? Além de abandonar suas responsabilidades, trouxe essa loba para o meio de nós. Isso vai trazer mau agouro.


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