Acordei com a claridade invadindo meu quarto. Levantei e fiz minhas higienes matinais. Desço e tomo apenas uma dose forte de café. Deixo a xícara na pia e saio pra ver como o dia está lá fora.
Fico admirando o sol brilhando com toda a sua majestade no céu. Logo ouço uma voz conhecida, mas que há muito tempo não ouço.
_Kalenna?_Ouço ela chamar-me e viro-me para olhá-la.
_Ravenna!_Exclamo indo de encontro a ela e logo abraçando-a.
_Então pelo visto você está muito bem, não é?_Seu tom é ríspido._A dama do príncipe Lyam.
_Por que está falando assim? Acha que estou feliz por ter tido minha pureza roubada e agora estar servindo de distração para um homem?_Questiono afastando-me.
_Não é qualquer homem, Kalenna. É um príncipe!_Ela dizia como se isso fosse justificativa plausível.
_Você não parece a mesma Ravenna._Desabafo um pouco triste._Você está dando mais valor aos bens que um homem tem do que ao seu próprio corpo. O que fizeram com você?
_Eu apenas tive a decepção de ser rejeitada para ser dama de um príncipe por não ser tão bonita._Ela dizia andando em minha direção._Mas você, você nasceu bonita. Desde sempre os homens da cidade cobiçavam você. "A menina ruiva" ou "A menina dos olhos verdes"..._Ela imitava a fala das pessoas._Nasceu igual a mamãe, mas a matou. Essa sua semelhança com ela só serve para que todas as vezes que você olhe no espelho, você lembre que por sua culpa ela não está mais entre nós.
Nesse momento eu já morria de chorar agachada no chão. Ela apenas me olhou uma última vez e foi embora. Fiquei sentada no chão da varanda soluçando um bom tempo. Logo vejo Lyam vindo em minha direção.
_Kalenna..._Ele olhava meu rosto afastando os cabelos que grudaram nas minhas lágrimas._O que fizeram com você?
_Eu matei minha mãe, Lyam..._Eu o abracei soluçando no seu ombro._Eu a matei, eu a matei...
_Shiii..._Ele me acalentava._Não chora, minha ruivinha. Você não matou ninguém... Vem._Ele me pega nos braços.
Ao chegarmos no quarto, ele me deita na minha cama e senta perto de mim.
_Agora me conta, o que aconteceu para você ter dito que matou sua mãe?_Ele passava a mão no meu rosto.
_No dia do meu nascimento minha mãe teve uma complicação, uma hemorragia ou algo do tipo e acabou morrendo por me dar a vida._Abaixo a cabeça._Eu matei a minha mãe. Eu cresci ouvindo essa história repetidas vezes...
_Ei?_Ele levanta meu queixo._Você não a matou. Apenas o corpo dela não reagiu bem a mais um parto. Só isso. E tenho certeza que se fosse para ela morrer por você, ela faria isso mil vezes._Ele deu um sorriso singelo pra mim._Tira isso da sua cabeça.
Quando ele terminou de falar isso, ouvimos um grande estrondo vindo das escadas. Corremos imediatamente pra lá e quando chegamos, vimos a Thianna no fim da escada desacordada e ensanguentada.
_Thianna!_Gritei.
Logo Lyam pegou-a nos braços e a deitou sobre o sofá que tinha na sala.
Apareceu Ralf, Cecilia e Biatrice na sala.
_O que aconteceu com ela?_Ralf bradou com dor nos olhos.
_Escontramos ela caída no fim da escada já desacordada._Lyam dizia pingando gostas de sangue na boca dela.
_Maldito!_Ralf sussurrou baixinho, mas tenho certeza que tanto eu quanto o Lyam ouvimos._Ela está acordando...
Logo Thianna abre os olhos vagarosamente e olha diretamente pra Ralf.
_O que aconteceu?_Ela passava a mão na cabeça.
Todos a olhavam com bastante tristeza. Sabíamos o que tinha acontecido só pela queda, mas quem iria contá-la?
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