Volto para dentro da torre tranquilamente. Ao virar para subir a escada, ouço Ralf chamar-me. Viro-me para olhá-lo.
_Você está bem?_Ele diz olhando para meu rosto.
_Acho que estou bem._Falei com indiferença._Mais alguma coisa?
Ele parece assustado pela minha maneira grossa de falar.
_Que bicho te mordeu, Kalenna?_Ele diz se aproximando de mim.
_O bicho não só me mordeu, como também me bateu, me chicoteou, me violentou..._Falo explodindo de raiva._Se me der licença, preciso ir.
Não espero mais nada e subo em direção ao meu quarto. Entro e instantaneamente as lágrimas caem.
_Que droga! Será que eu não vou parar de chorar nunca?_Digo jogando um pequeno vaso contra o espelho que refletia a minha imagem._Sua fraca!
Limpei minhas lágrimas com o dorso das minhas mãos.
Preciso ver Henrico. Preciso dizê-lo que nosso pai não está morto e que ele precisa protegê-lo.
Me recomponho e desço em rumo a área de treinamentos.
Chego e vejo o mesmo homem da vez anterior. Como ele já sabe o motivo da minha vinda aqui, precisei nem falar e ele já foi em direção a sala que Henrico sempre ficava.
Logo o vejo vindo em minha direção de cara fechada.
_Hegel já me passou bronca pelas suas vindas aqui._Ele fala referindo-se ao homem que foi chamá-lo._Não deveria ter vindo assim novamente, Kalenna.
_Preciso falar com você e dessa vez não é só saudade._Digo de rosto extremamente sério.
Novamente fomos para a sala na qual eu já conhecia. Ouvi algumas gracinhas de alguns soldados no trajeto, mas era só Henrico olhar e eles se calavam.
_Vamos, diga que assunto é esse._Ele fala apressando-me. Logo senta-se e me indica a fazer o mesmo.
_É um assunto muito delicado, Henrico..._Falo mexendo nos dedos.
_Pois diga, Kalenna. Diga rapidamente pois tenho diversos deveres hoje._Diz ele com pressa nítida.
_O nosso pai, Henrico..._Falo olhando em seu rosto._Ele está vivo.
De repente Henrico arregala os olhos e começa a tossir freneticamente. Levanto-me e massageio suas costas tentando amenizar. Logo pego um pouco de água em um copo e o entrego,
ele bebe com pressa.
_Você disse o quê?_Ele fala exaltado e bastante vermelho._Como você sabe?
_Como eu sei?_Levanto-me furiosa._Então você sabia, Henrico Drummond? Você sabia esse tempo todo e preferiu mentir pra mim me fazendo acreditar que nosso pai estava morto?
Nesse momento eu estava cega de ódio. Como que pode isso?
_Kalenna..._Ele levanta-se tocando em mim, mas eu tiro suas mãos._Me ouve. Se eu contasse, o...
_Lyam, não é?_Falo com um riso irônico._Sempre tem que ter esse homem em tudo de ruim que me acontece. Você tem noção do que você fez? Você me feriu assim como todos eles..._Lágrimas desceram incontrolavelmente._Você mentiu pra mim, você me enganou, Henrico... E eu pensando que você era tão vítima quanto eu.
Apóio-me no sofá com uma mão e a outra abafando meu choro que parecia querer rasgar meu peito. Sinto a mão dele pousar em meu ombro, me afasto abruptamente.
_Não toca em mim!_Grito exaltada._Não ouse dirigir a palavra à mim. Só vim aqui dizer que eu consegui achar nosso pai e ele está na nossa antiga casa. Proteja-o.
Virei-me e fui embora ouvindo ele gritar meu nome.
Será que todos mentem pra mim? Será que não tenho mais ninguém?
Corro em direção a torre cega pelas lágrimas, quando esbarro em alguém e acabo caindo.
_Perdão..._Falo levantando-me e ao olhar para seu rosto vejo que é a rainha._Perdão, Majestade._Reverencio.
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