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Quando eu a vi tão fraca e desfalecida com o pulso pingando sangue e com os batimentos tão vagarosos, senti uma culpa tão grande. Meus olhos mudaram de cor obviamente por ter sentido o cheiro de sangue, mas eu não iria me alimentar dela. Ouço-a pedir perdão e logo fraquejar, mas eu a pego nos braços evitando o contato do seu corpo com o chão. Levo-a até seu quarto e deito-a sobre a cama. Fiquei admirando seu corpo, seu cabelo... Mesmo adormecida, não deixa de ser instigante. Chamei a Lurdes que logo veio me atender.
_Deseja algo, Alteza?_Ela diz me reverenciando.
_Cuide de Kalenna. Trate do seu ferimento e alimente-a. Espero que ela esteja bem quando eu voltar.
Saí do quarto com a cabeça fervendo. O que está acontecendo comigo? Eu nunca fui tão compreensivo nem tolerante com nada...
No meio dos meus pensamentos acabei dando de frente com meu pai no jardim. O castelo é dividido em duas torres e raramente eu ía na outra ver meus pais. Só quando tinha muitos compromissos ou eventos da realeza.
_Pai? O senhor por aqui?_Perguntei surpreso.
_Estava dando uma olhada no jardim... Mas afinal, como está as suas damas?_Ele pergunta interessado.
_Por que pergunta por elas? Nunca tivesse interesse em saber de nenhuma das minhas damas..._Falo ríspido.
_Todas que você escolheu são muito lindas. Em especial a ruivinha... Que ruivinha interessante!_O jeito que ele fala me enoja.
_É verdade... A MINHA ruivinha é extremamente linda mesmo. Agora eu preciso ir._Cumprimentei-o e saí da sua presença.
As vezes sinto pena da minha mãe que é obrigada as vezes a ouvir ele elogiar ou dar em cima de outras mulheres.
Fui em direção à cadeia da cidade. Eu precisava ver quem era o pai de Kalenna.
Cheguei alguns minutos depois e logo fui autorizado a vê-lo. Entrei e o avistei deitado no chão ainda dormindo.
_Acorda!_Gritou um soldado que estava ao meu lado fazendo ele levantar de susto.
Dispensei o soldado e fiquei encarando o senhor já inclinado para me reverenciar.
_Você é o pai de Kalenna?_Perguntei fazendo minha voz ecoar naquele lugar úmido.
_Sim, Alteza._Ele respondeu permanecendo inclinado.
_Diga-me seu nome._Exijo.
_Joseph Drummond, Alteza._Ele ergue o olhar pra mim dessa vez._Ela está bem, Alteza?
_Você não tem o direito de querer saber dela. Você estava incentivando-a a fugir de mim e a quebrar a regra da cidade._Falei grosso_O que tens a dizer em sua defesa, Joseph?
_Prometi a minha esposa que cuidaria de todos os nossos filhos..._Ele falava com muita tristeza._Meu primeiro filho está servindo ao seu exército, mas está bem. Minha segunda filha foi rejeitada para ser uma dama e cuida da lavanderia da torre do rei... Mas eu sabia que a beleza de Kalenna não iria passar batido.
_E então resolveu incitar sua filha a fugir de mim..._Complementei.
_Não queria que ela ficasse sendo usada por vocês da realeza. Ela é uma menina tão pura, tão inocente de tudo... Não a maltrate, Alteza._Ele implorava nos meus pés.
_Como vou maltratá-la se ela está morta?_Digo firme.
Eu sabia que se ele permanecesse sabendo da existência dela, iria incentivá-la a fugir de mim assim que tivesse a oportunidade. E eu quero a Kalenna perto de mim...
Vejo que ele para no ar tentando assimilar o que ouviu. Lágrimas surgem dos seus olhos e ele fica de costas pra mim. O que seria uma ousadia, mas relevei.
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