POV : Aslin Ventura
6 meses depois
Abri os olhos e os fechei várias vezes enquanto tentava me acostumar com a luz do quarto em que estava. Sentia as pálpebras pesadas, como se tivesse dormido por muito tempo.
— Carttal... — foi o que consegui pronunciar ao mover meus lábios depois de tanto tempo. As lembranças invadiram minha mente rapidamente e arregalei os olhos.
— Meu Deus... como é que estou viva? — perguntei mentalmente a mim mesma.
Lembrava perfeitamente de como, ao fechar os olhos, caí em uma escuridão profunda... e depois disso, não me recordava de mais nada. Tentei me mover, mas foi impossível, pois uma dor atroz invadiu meu corpo de repente. Até minha garganta doía, e na boca, sentia um gosto amargo, como de ervas. Levantei as mãos e vi que meus dedos já não estavam inchados, estavam normais... como antes.
— Será que isso é um sonho?
Perguntei sem conseguir acreditar no que estava acontecendo.
— Vejo que você acordou, minha linda...
Ouvi uma voz vinda do canto do quarto.
— Carttal? Será que era Carttal? — me perguntei várias vezes. Mas franzi o cenho ao perceber que aquela voz não se parecia em nada com a dele... Era a voz de Alexander!
Ao me dar conta disso, uma descarga de adrenalina percorreu meu corpo. Minha mente gritava em alerta: perigo.
Apesar da dor, me obriguei a me levantar da cama. E ao ver a figura imponente daquele homem à minha frente, empalideci imediatamente.
Alexander estava sentado elegantemente em uma poltrona, com um livro nas mãos. Virava as páginas com movimentos lentos e calculados. Parecia estar ali há horas, pelas cinco xícaras de café na mesinha ao seu lado. Vestia-se completamente de preto. Parecia um demônio saído das profundezas do inferno.
— O que estou fazendo aqui? Como é que estou com você?
— Onde está o Carttal?
— Não me importa! Pode me matar, mas nunca mais vou te amar. Não vou negar que, em certo momento da minha vida, eu te amei... mais até do que a mim mesma. Mas isso já acabou faz tempo. Você destruiu o pouco que restava de mim. Me pisou como se eu fosse um inseto. Eu confiava em você cegamente. E o que fez? Me traiu... não hesitou nem por um segundo em cravar uma faca nas minhas costas. E ainda por cima se deitou com minha irmã! Nunca vou te perdoar. Eu te odeio e te desprezo. O homem que eu amo de verdade é o Carttal... o homem que me devolveu a vontade de viver — disparei sem anestesia, vendo a fúria e a dor estampadas nos olhos dele.
De repente, a porta se abriu e um guarda entrou, esbaforido.
— Chefe, temos problemas — disse o homem, com o medo visível no rosto.
— Agora não! Cai fora! — gritou Alexander, sem tirar os olhos de mim.
— Mas senhor...
— Vaza, porra! Ou te dou um tiro na cabeça!
— Senhor... é importante... estão nos atacando — disse o guarda.
Alexander empalideceu, virou-se para ele, me soltou o cabelo e saiu apressado pela porta.

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