A Rebeldia da Esposa Desprezada romance Capítulo 103

As senhoras exibiam uma variedade de expressões.

Corria o boato de que Dona Lopes e Patrícia Batista tinham um relacionamento de sogra e nora muito bom, mas, mesmo durante os anos em que seu marido estava vivo, Dona Lopes nunca mostrou tanto cuidado com ela em público.

No entanto, Dona Lopes parecia ter um carinho especial por Flávia Almeida.

Claro, Marcelo Lopes perdeu o pai quando era jovem, e Dona Lopes sempre teve uma queda pelo neto mais velho. Não era de se estranhar que ela também fosse parcial com a esposa do neto.

Só isso já era suficiente para despertar a inveja das outras senhoras.

Elas poderiam até parecer impecáveis, mas todas tinham os atritos com a família do marido, e mesmo casamentos bem pareados não impediam os atritos entre sogra e nora.

Mas Flávia Almeida, de origem simples, não só se casou com um homem rico, mas também tinha o amor de Dona Lopes, isso fazia as outras morrerem de inveja.

E a própria Flávia Almeida, protagonista da história, naquele momento conversava em voz baixa com Marcelo Lopes, "Se eu gostar, você compra e não conta nos meus dez bilhões, tá?"

Marcelo Lopes franziu a testa, "Seu pai, te deixou passando necessidade quando era pequena?" Como ela podia ficar tão deslumbrada com dinheiro?

"Isso nunca, mas quem é que não gostou de dinheiro?", questionou Flávia Almeida repentinamente, "Quantos anos tem a tia Lucas?"

Marcelo Lopes ficou confuso com a mudança repentina de assunto, mas respondeu, "Dois anos mais nova que mamãe."

"Então ela já passou dos cinquenta, nê? Ela não parece muito jovem?"

Marcelo Lopes disse, "Você já a viu."

Flávia Almeida franziu a testa, "Não me lembro."

"Aquela Sra. Ferreira que jogou cartas com você."

Flávia Almeida se surpreendeu, "A Sra. Ferreira é tia do Dr. Ramos?"

Marcelo Lopes assentiu.

"Realmente parece jovem." Patrícia Batista já se cuidava muito bem, com seus cinquenta e poucos anos parecia ter quarenta e poucos, mas a Sra. Ferreira tinha quase a mesma idade e parecia ainda mais jovem. Não é à toa que tinha um marido bem mais novo.

Marcelo Lopes a olhou de lado, "Isso tem haver com seu amor por dinheiro?"

"Você ainda não entendeu? Se a gente se cuidar direito, o marido fica 'passando de ano' sempre, e cuidar da beleza custa uma grana preta, tem que começar a economizar cedo, nê?"

Marcelo Lopes controlou uma careta. Então era essa a razão dela ser tão obcecada por dinheiro?

"Olha só aquela pulseira, parece que é boa," Flávia Almeida puxou Marcelo Lopes, "Vamos lá dar uma olhada."

Marcelo Lopes afastou a mão dela e disse com a cara fechada, "Vai procurar seu marido que está 'passando de ano'."

Dito isso, ele saiu de cara amarrada.

Que cachorro grosso!

Flávia Almeida também não insistiu mais, pois, com Dona Lopes por perto, ele certamente não iria embora tão cedo. Então ela foi sozinha admirar as joias.

A família Ramos realmente tinha muita influência, e Daniela Ramos conseguiu reunir todos aqueles joalheiros de renome, isso mostrava o status e conexões.

Flávia Almeida adorava joias e pedras preciosas, especialmente jade. Depois de muito passear, ela finalmente encontrou uma pulseira que a agradou.

Era de um verde claro flutuante, com uma cor transparente e bonita, e a pulseira era larga, que geralmente agrada a mulheres mais velhas. O preço estava em torno de um milhão e pouco, o que parecia justo.

O aniversário de Dona Lopes estava chegando, e nos anos que Flávia Almeida passou na família Lopes, a matriarca nunca a tratou mal. Já que a velha senhora completaria oitenta anos, mesmo que Flávia não pudesse comparecer, ela faria questão de enviar um presente.

Na última vez que Adriana Santos comprou aquela pulseira, ela também tinha gostado, mas era mais para mostrar para a Vovó Lopes. Só que o preço estava além do que ela podia bancar.

Mas essa daqui parecia perfeita.

Flávia Almeida tinha ficado um tempão de olho, quando ia pegar, alguém se antecipou e agarrou a pulseira.

"Pai, como eu fico com essa pulseira?"

A voz familiar fez com que Flávia Almeida apertasse os lábios na hora.

Logo depois veio a risada carinhosa de uma voz masculina que ela conhecia desde pequena. "Tá linda, se gostou pode levar."

"Mas é mais de um milhão..." A garota hesitou, "É muito caro, melhor deixar pra lá. O senhor está precisando de grana pro projeto, e eu não posso ajudar. Não quero atrapalhar ainda mais."

Com essas palavras, alguém comentou, "Presidente Almeida, sua filha é mesmo sensata, sempre pensando no senhor."

João Almeida falou com ternura, "Ela passou por muita coisa desde criança, é mais madura que as outras crianças e merece ser mimada."

A pessoa brincou, "Se ela gosta, compra ué. Não é tão caro assim. Menina tem que ser bem cuidada, ver de tudo, assim ninguém engana ela depois."

João Almeida deu um sorriso, mas antes que pudesse falar, a voz fria de Flávia Almeida soou, "Pai, vai comprar?"

João Almeida engoliu em seco, só então percebendo que a pessoa que estava de costas para eles era Flávia Almeida.

Ela se virou com um sorriso nos lábios, mas sem a menor alegria nos olhos.

Beatriz Almeida ficou surpresa, "Mana, o que você está fazendo aqui?"

Flávia Almeida nem olhou para ela. Beatriz mordeu no lábio, com cara de quem foi pegada no pulo.

João Almeida ainda se lembrava do olhar frio de Flávia Almeida no hospital, quando ela lhe deu um tapa. Ele não esperava que ela fosse aparecer ali naquela noite. Se não fosse por Márcia Ferreira, que o beliscou, ele teria perdido a compostura.

Márcia Ferreira disse com entusiasmo, "Flávia, seu pai falou que você ia ficar com o Marcelo Lopes em casa. Se soubéssemos que você vinha, teríamos te levado."

O olhar de Flávia Almeida pousou em Márcia Ferreira.

A mulher devia ter uns quarenta anos, não era de tirar o fôlego, mas tinha um olhar sedutor e um corpo em forma. Vestida para parecer mais jovem, não aparentava mais de trinta.

Ela estava de braço dado com João Almeida, falando como se fosse a dona da casa.

Era a mesma mulher que Flávia tinha encontrado no estacionamento do shopping, acompanhando João Almeida.

Ela já se lembrava.

Essa mulher era a secretária de João Almeida.

Ela já tinha ido à casa deles entregar documentos, na época em que a mãe de Flávia tinha sofrido um acidente, há cerca de um ano. Flávia estava de atestado médico naquele dia, e quando voltou, deu de cara com a mulher.

João Almeida a estava acompanhando até a porta, dizendo que era a secretária que tinha ido entregar documentos da empresa.

Flávia se lembrava bem dela por causa daqueles olhos, que a faziam se sentir desconfortável.

Percebendo o olhar de Flávia Almeida, a mulher rapidamente soltou o braço e explicou sorrindo, "Estou só fazendo companhia temporária para o Presidente Almeida."

Flávia não se importava com o que eles tinham entre eles. João Almeida podia se divertir à vontade, desde que não levasse ninguém para dentro de casa.

No entanto, ela detestava a forma como aquela mulher falava, até mesmo aquela explicação soava como se a tratasse como uma criança.

Ela respondeu friamente, "Estou falando com meu pai, quem te deu liberdade para entrar na conversa?"

Márcia Ferreira ficou sem graça, e João Almeida logo interveio, "Como é que você fala assim com uma pessoa mais velha?"

"Pai, desde quando secretária é mais velha? Se o senhor está precisando de companhia, é só falar comigo. Conheço um monte de senhoras divorciadas ou viúvas que adorariam ajudar. Agora, levar uma secretária... pega mal, nê?"

Beatriz Almeida franzia a testa e reclamou, "Mano, você não pega leve, nê? Papai deve tanto à Dona Ferreira por ter dado aquela força no trampo todos esses anos. A gente como filhas está nem ali pra agradecer, e você solta uma dessas?"

Flávia Almeida soltou um risinho e, olhando para João Almeida, disse, "Depois do perrengue com a nossa mãe, confesso que fiquei bolada pensando que o senhor não ia dar conta da firma sozinho. Mas aí, a empresa seguiu firmeza, e saca só, era a Dona Ferreira que tava jogando junto. Vacilei mesmo, vou te pedir desculpas."

Márcia Ferreira, que já estava numa gangorra de emoções, ficou verde de raiva.

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