A Rebeldia da Esposa Desprezada romance Capítulo 104

João Almeida, machão até não poder mais, vivia nessa de bate-boca com a Fernanda Nunes, só porque o povo não parava de dizer que, se não fosse pela mulherada que ele escolheu bem, ele não teria chegado onde chegou.

Depois que a Fernanda Nunes se deu mal, ele correu pra tomar conta dos negócios, doido pra mostrar pra geral que mesmo sem a Fernanda Nunes, ele ia levar a firma às alturas.

O que ele mais detestava era ouvir que dependia de mulher. Quando a Flávia Almeida chegou falando, pisou na bola sem querer, e acabou jogando o rolo no colo da Márcia Ferreira.

João Almeida ficou com uma cara de poucos amigos e soltou a real: "Ajuda nada, é só uma companhia pra não ir sozinho nos eventos."

Márcia Ferreira ficou pálida, mas se segurou firme e, baixando a cabeça, falou mansinho: "Foi mal, eu passei dos limites."

Beatriz Almeida estava aflita pra soltar o verbo, mas quando viu Márcia Ferreira fazer um sinal de negativo com a cabeça, engoliu seco e fechou a boca.

Do lado, uma vendedora toda simpática perguntou: "Srta. Almeida, ainda vai querer o bracelete?"

Beatriz Almeida se recompôs, olhou pro lado e, com um jeito meio apaixonado e hesitante, respondeu: "Acho que é caro demais, vou dar uma olhada em outra coisa."

Quando a Flávia Almeida ia falar, um deboche de um homem ecoou: "Pede pra sua irmã comprar pra você. Um milhão a mais, pra família Lopes é troco de bala. Quando era pequena, ela vivia te dando as sobras, agora que casou com dinheiro, bem que podia cuidar da irmãzinha, não é?"

Flávia Almeida olhou pra fonte da voz e viu um cara de terno, da sua idade, bonitão feito um ídolo pop, e algo familiar. Com um balançar de cabeça, lembrou que o cara era Mateus Pinto, um antigo colega dela da escola.

Ela sentiu um peso no olhar, a presença dele trazendo à tona lembranças nada agradáveis.

Beatriz Almeida estava visivelmente nervosa e, com um suspiro apressado, disse: "Mateus, não fala assim, minha irmã sempre foi boa comigo."

Mateus Pinto soltou uma risada sarcástica: "Boa? Jogando as migalhas pra você como se fossem lixo? Eles te adotaram, lucraram com sua imagem e ainda deveriam te tratar bem, não é? E como é que ela te tratava?"

A família de Mateus Pinto tinha seu destaque em Cidade Viana, e quando ele começou a criticar a nora mais velha da família Lopes, logo juntou uma rodinha de fofoca.

"Aquela filha adotiva dos Almeida é aquela influencer do Twitter, a BeaAtiva, né?"

"É ela mesmo, por isso que me parecia conhecida. E a Flávia Almeida é aquela que o pessoal diz que vive diminuindo a irmã?"

"Pois é, quando a família Almeida adotou a Beatriz, fizeram o maior barulho, faturaram uma grana. Logo depois, vazou que a pobre vivia sendo desprezada, mas ela mostrou a que veio, se formou em universidade top, trabalha numa empresa de ponta. E a filha verdadeira deles, pelo que ouvi, saiu de uma faculdade meia-boca, só tem a beleza pra mostrar, se não fosse isso, a família Lopes teria notado nela?"

"Ah, agora que você fala, lembrei, estudamos juntos. A confusão dela com a menina adotada bombou na época, ela até saiu na mão com alguém na escola, uma encrenqueira de primeira. Quem diria que ia acabar casando com alguém da família Lopes."

João Almeida franziu a testa, parecendo querer explodir, mas foi interrompido por Márcia Ferreira, que segurou seu braço e aconselhou: "Pensa nas palhaçadas da Flávia Almeida."

João deu uma travada na hora, apertando os lábios com força.

Flávia Almeida tinha uma expressão de gelo, aquelas palavras já não tinham o poder de feri-la como antigamente, só serviam para deixar claro o tipo de pessoa que Beatriz Almeida era.

Beatriz cresceu num orfanato, vivendo de favor, no mesmo que era sustentado pela grana do Fernanda Nunes e do João Almeida.

Num desses eventos, rolou um acidente daqueles: o depósito que guardava as doações pegou fogo, e um moleque acabou preso lá dentro.

Por sorte, os bombeiros chegaram rapidinho e controlaram o fogo, salvando o garoto.