A Rebeldia da Esposa Desprezada romance Capítulo 105

No começo, ela achou que era só paranoia sua, mas com o tempo, aqueles olhares estranhos se tornaram cada vez mais frequentes, até que um dia alguém rabiscou sua carteira escolar com palavras como "vadia" e "piranha", xingando e amaldiçoando ela. Foi então que ela percebeu que aquilo não era tão simples assim.

Rapidinho descobriram quem tinha vandalizado sua carteira era Mateus Pinto.

Naquela época, ele tinha cara de moleque, era marrento até na frente do diretor, mas acabou amarelando quando o chefe ameaçou chamar seus pais. Foi aí que ele desembuchou.

O tal de Mateus era muito fã da Beatriz Almeida, e seguia cada passo dela desde o rolê da adoção.

Ele disse que, depois de ser adotada, a Beatriz não tava nem um pouco feliz. Dizia que em casa todo mundo pegava no pé dela e que a irmã, então, vivia maltratando a coitada, fazendo ela comer restos de comida e usar roupas usadas.

Flávia Almeida ficou pertubada, certa de que nunca tinha feito nada disso.

Pra provar seu ponto, Mateus abriu o Twitter da Beatriz Almeida.

"O bolo que minha irmã me deu, sabor manga, que eu detesto. Parece que ela esqueceu de novo, ou talvez nunca lembrou mesmo."

"No meu aniversário, só queria cortar um bolo inteiro igual a minha irmã, não as sobras..."

"A irmã me deu um vestido lindo, bem que podia ser novo."

"Um amigo da minha irmã me perguntou se eu era órfã. Não sabia o que responder, se ao menos eu fosse filha biológica dos meus pais..."

E por aí vai...

Quanto mais Flávia folheava, mais assustada ficava.

Qualquer um que lesse aquilo, logo ia pensar que ela era uma irmã injusta e a fonte dos problemas da Beatriz naquela casa.

Sim, ela tinha dado o bolo de manga pra Beatriz, mas não era resto, não. A foto mostrava o bolo meio amassado porque naquele dia choveu bastante e como o bus tava lotado, o bolo foi espremido. Ela cortou a parte danificada pra comer e deu o resto, que estava bom, pra Beatriz.

Nunca Beatriz disse que não gostava de manga; Flávia amava manga e, quando perguntou o que Beatriz o que ela gostava, ela disse que também gostava de manga. Por isso Flávia encomendou um bolo de manga no aniversário dela!

Quanto ao vestido, ela e a Fernanda Nunes tinham saído pra comprar, elalembrava bem do tamanho da Beatriz. E como o vestido era caro, então, pra não deixar Beatriz encanada, falou que não serviu nela e que já tinha passado o prazo de troca.

A etiqueta ainda tava lá, como que podia ser usado?

Naquele dia, Flávia finalmente entendeu quem era Beatriz Almeida de verdade: o que ela pensava não batia com o que ela mostrava. Na frente dela fingia de irmãzinha e, por trás, apunhalava ela.

A história da Beatriz tinha dado o que falar na Cidade Viana. Ela era um amor de pessoa, doce e bonitinha, e tinha um monte de fãs na escola.

Então, quando ela postava esses desabafos no Twitter, todo mundo se comovia e ficava indignado.

Comparada à Beatriz, Flávia tinha tudo: grana, beleza, era inteligente e querida por todos na escola.

Mas aí a galera pensava que ela tava oprimindo a pobre Beatriz, que não tinha nada. Como não pegar nojo de Flávia com uma história dessas?

Chocada e puta da vida, Flávia chegou em casa e foi tirar satisfação com Beatriz, perguntando por que ela tinha falado essas coisas no Twitter.

Beatriz Almeida se recusava a admitir qualquer coisa, choramingando que suas palavras eram apenas uma forma de lembrar o carinho que sua irmã tinha por ela, sem segundas intenções.

João Almeida, por outro lado, achava que Flávia Almeida estava fazendo tempestade em copo d'água. Para ele, aquelas coisas não eram nada demais. Até criticava Flávia por dar presentes usados à irmã, dizendo que não podia reclamar se alguém falasse mal.