A Rebeldia da Esposa Desprezada romance Capítulo 603

Flávia Almeida ficou surpresa e virou-se para ver Lucas Ramos, que estava segurando várias coisas e parado não muito longe.

Ele apenas estava lá, sem se mover, olhando-a de cima a baixo com certa hesitação, como se não tivesse certeza se era ela.

Flávia Almeida fez um gesto pedindo silêncio, e Lucas Ramos imediatamente entendeu.

Ele se aproximou rapidamente, segurando suas coisas e repreendeu em voz baixa, "Como você vem a um lugar movimentado como este para fazer compras neste momento?"

Flávia Almeida também baixou a voz, "Esconder em plena vista, não é? Quem diria que eu viria ao mercado?"

Dizendo isso, ela tirou duas tangerinas da bolsa e entregou-as a ele, "São baratas e doces, experimente."

Lucas Ramos olhou para as duas tangerinas em sua mão, duvidando se a doçura que ela mencionou era apenas um engano.

Lucas Ramos estava usando um conjunto de esporte hoje, de cor cinza claro, e seu cabelo não estava tão arrumado quanto de costume. Com seu rosto bonito, ele parecia particularmente jovem.

Flávia Almeida não pôde evitar olhar para ele mais um pouco, pensando que o conjunto esportivo não era ruim e se perguntando se também havia na cor branca, que Marcelo Lopes também ficaria bem vestindo.

Seu olhar evidente fez com que Lucas Ramos se sentisse um pouco desconfortável, e ele perguntou em voz baixa, "Tem algo de errado comigo?"

Flávia Almeida se aproximou e sussurrou, "Não é à toa que vocês, advogados, preferem usar traje formal. Se você se vestir assim, vou começar a duvidar se pode realmente ganhar um caso para mim."

Lucas Ramos ficou surpreso, e depois riu. Ele também se aproximou e disse, "Então, se minha linha do cabelo recuar, parecerá mais invencível?"

Flávia Almeida concordou rapidamente, "O que recua não é a linha do cabelo, mas sim a autoridade profissional."

Lucas Ramos riu por um bom tempo antes de brincar, "Quando eu não conseguir mais trabalho, considerarei raspar a frente do meu cabelo."

Flávia Almeida também riu, "Estou brincando. Com todo o seu currículo, quem se importaria com a aparência?"

Vendo que os dois continuavam conversando sem comprar nada, a vendedora de peixes não pôde deixar de dizer, "Querida, ainda não decidiu o que quer?"

Flávia Almeida respondeu, "Irmã, pode atender outros clientes que eu vou olhar mais um pouco."

A vendedora concordou e disse para chamá-la quando estivesse pronta, antes de ir atender outros clientes.

Lucas Ramos perguntou, "Você vai comprar tilápia?"

Flávia Almeida assentiu, "Quero fazer uma sopa, mas não sei como escolher."

Lucas Ramos perguntou, "Vai comprar selvagem ou de cativeiro?"

"Há muita diferença?"

Lucas Ramos sorriu, "Depende do que você prefere em termos de sabor. A tilápia selvagem tem menos gordura e a carne é mais firme. Devido ao ambiente diferente em que cresce, a tilápia selvagem tem um pouco mais de vitaminas e minerais do que a de cativeiro, mas essa diferença não é tão significativa em um único peixe. Não se pode esperar que um peixe sozinho traga todos os nutrientes."

"Então, a diferença não é tão grande."

Lucas Ramos disse, "Algumas pessoas são mais exigentes quanto ao sabor e à origem dos alimentos, para elas, o selvagem é melhor."

Flávia Almeida pensou por um momento. Marcelo Lopes realmente era exigente, não tanto no sabor, mas se soubesse que ela comprou um peixe mais barato para fazer uma sopa para ele, com certeza ele reclamaria, perguntando se ele não merece um peixe de trinta reais o quilo.

Melhor comprar o selvagem.

Ela então pediu conselho a Lucas Ramos, "Como escolho uma tilápia selvagem?"

Lucas Ramos perguntou, "Você vai fazer sopa?"

Que tipo de educação é essa que obriga uma criança a matar um peixe?

"Não pense assim," Flávia Almeida tentou consolá-lo baixinho, "É normal que as crianças queiram brincar, qual criança não quer? Eu também sempre enganava minha mãe, dizendo que estava praticando piano, mas na verdade saía para brincar e levava umas palmadas..."

Flávia Almeida parou, sem saber como continuar. O tipo de punição que ela recebia não se comparava ao de Lucas Ramos. Ela espremeu as palavras com dificuldade, "Mas eu esquecia as surras assim que as feridas cicatrizavam e voltava a brincar. Você também não deveria ficar remoendo as coisas da infância. Se quiser brincar, brinque. Quanto mais você se lembrar, menos feliz será. A vida é curta demais para viver lembrando das coisas que te deixam triste. Pense mais nas coisas alegres."

Vendo o esforço dela em consolá-lo, os cantos da boca de Lucas Ramos se curvaram em um sorriso.

Ele disse baixinho, "Você tem razão, vou comprar um peixe para tentar."

Flávia Almeida rapidamente o deteve, "Não, não, não faça isso de cara. Vá com calma, não saia de um círculo vicioso para cair em outro, se forçando a comer peixe. Você precisa se sentir confortável, não importa o que os outros digam."

Lucas Ramos sentiu uma doçura no coração e falou com voz suave, "Você realmente sabe como confortar as pessoas."

Flávia Almeida silenciou.

"Sempre que você fala assim, sinto que está me criticando." Afinal, ela sempre acabava mexendo nas feridas dos outros.

Lucas Ramos riu baixo, "Eu estou falando sério."

Vendo que Lucas carregava várias coisas, ela perguntou, "Por que você comprou tanto?"

Lucas explicou, "Em nossa casa, o Dia de Ação de Graças é uma data muito importante. É um momento para a família se reunir e fazer uma refeição juntos. Nós temos muitos parentes próximos que vêm nos visitar, minha mãe e minha tia ficam sobrecarregadas sozinhas. Como estou de folga esses dias, vim ajudar nas compras."

Flávia estava prestes a sugerir que contratassem alguém para fazer as compras, mas lembrou do que Marcelo Lopes havia dito sobre o irmão de Lucas, que morreu em um acidente quando a família Ramos estava preparando uma recepção para Daniela Ramos.

Aquela estranha tradição familiar já existia há muito tempo, melhor ela, uma estranha, não comentar sobre isso.