Isabela ficou em silêncio, apenas pensando: "Essa informação é pesada, hein?"
Já era tarde, ela acabou adormecendo em cima dos documentos sobre a mesa. Na manhã seguinte, acordou com o corpo dolorido por ter dormido numa posição tão desconfortável.
Viviane, que agora estava sóbria, deu um sorriso travesso e balançou o cartão de crédito na frente de Isabela.
— Valeu! — Disse ela, animada.
Isabela retribuiu o sorriso antes que Viviane fosse embora. Logo depois, organizou suas coisas e seguiu para o escritório.
Assim que chegou na firma, Jorge chamou ela até a sala dele e avisou que ela acompanharia ele para encontrar um cliente.
— Preciso preparar algo? — Perguntou Isabela, tentando parecer atenta e profissional.
— Só preste atenção.
Jorge pegou o paletó, o vestindo com naturalidade enquanto se dirigia para a saída.
— Ah, claro. — Isabela respondeu, se apressando para acompanhá-lo. Precisava quase correr para acompanhar o ritmo dos passos dele.
"Culpa daquelas pernas longas.", pensou ela.
Eles foram direto para o estacionamento e pegaram o elevador até o subsolo. Jorge assumiu o volante, e Isabela, sem pensar muito, entrou no banco de trás. A viagem foi longa, até um bairro mais afastado, e, para sua surpresa, o encontro seria em um restaurante simples.
Ela franziu a testa, intrigada. Não esperava que um advogado renomado como Jorge se encontrasse com clientes em um lugar tão modesto. Mas logo ele disse:
— Vou deixar isso com você.
A fala dele surpreendeu ela. Ao que parecia, Jorge queria dar a ela a oportunidade de lidar com o caso diretamente. Os olhos de Isabela brilharam, e ela, percebendo a chance de aprender, pegou o gravador da bolsa e ficou em posição de escuta, extremamente concentrada.
O cliente era um jovem e explicou sua situação. A história era a seguinte: ele havia arranjado um casamento de fachada para aumentar o valor da compensação que receberia pela desapropriação do imóvel, já que o valor da indenização era calculado por pessoa. Agora, o órgão responsável estava o processando por fraude, e a mulher com quem havia se casado tinha sido presa, o que deixou ele desesperado.
— Em que fase o processo está? — Perguntou Isabela, firme.
— Agora que ela me entregou, querem que eu assine a confissão e aceite um acordo.
— Vocês chegaram a oficializar o casamento? — Isabela continuou, sem perder o ritmo.
— Sim, sim, oficializamos.
— Onde vocês fizeram isso? — Ela quis saber.
— Foi no cartório, claro, tudo oficial.
— Então foi um casamento oficial, realizado conforme todos os trâmites legais? — Confirmou Isabela.
— Isso mesmo.
— Nesse caso, você pode fazer uma defesa de inocência. — Afirmou ela, decidida.
O homem olhou para ela, surpreso.
— Mas eles dizem que minha culpa está provada. Disseram que posso pegar de cinco a dez anos.
— Quanto você ganhou com essa operação? — Isabela perguntou.
— Recebi 540 mil.
— A defesa de inocência é possível. A caracterização do crime de fraude depende de existir uma falsificação da realidade. Se o casamento foi legalmente registrado no cartório, reconhecido oficialmente, então como podem dizer que é um casamento falso? — Isabela percebeu que ele ainda estava relutante, mas insistiu. Precisava orientá-lo bem.
Ela sabia que o ponto essencial era explorar essa brecha.
— Contrate um advogado e peça para ele conversar com a mulher que se casou com você. Esse é um detalhe importante.
— Mas disseram que a gente não tem nada que prove uma vida em comum... — Ele murmurou.
Isabela sorriu com confiança.
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