A Segunda Noiva romance Capítulo 249

Falando até aqui, Marta começou a chorar.

- Sim, a sua irmã me odeia. Odeia que eu não tenha deixado ela estudar, mas o que eu posso fazer? Eu queria apenas que ela se casasse com uma boa pessoa. Queria que ela não fosse como eu, tendo dois filhos e nem tinha dinheiro de sobra para comprar uma roupa decente. No dia do casamento dela, a roupa que eu usei foi dada de presente pela Gina, justamente para eu não ser uma vergonha na frente dos outros. Mas e a Chloé? Ela ainda tem essa família no coração dela?

O choro de Marta fazia Chloé se sentir mal.

Antes apenas achava Marta odiável, mas esse discurso todo a fez sentir um pouco de tristeza.

Ela sabia que a sua mãe não teve muitos estudos, e nunca teve boas condições, portanto, a visão dela era limitada. Ela não conseguia enxergar os frutos que estudar podia trazer, e muito menos conseguia aceitar que uma menina tivesse muitos estudos. Para ela, isso era desperdício de recursos.

Ela sentiu dó pela sua mãe.

Marta era um pouco maior do que Enrico, mas ao comparar os dois, eram completamente diferentes. Ninguém poderia imaginar que eles seriam da mesma época.

Um vivia no topo, aproveitando a vida.

O outro vivia no poço, se esforçando para sobreviver.

Chloé se virou e analisou o rosto de sua mãe. Ela já estava cheia de rugas, eram todas marcas que a vida deixou nela.

- Eu já paguei os gastos do hospital. Tenho dois mil aqui, tome. Eu sei que você e o pai viveram muito apertados para que eu e Adam pudéssemos estudar. Não é muito, mas espero que você possa cuidar melhor de si. - disse Chloé enfiando o dinheiro em suas mãos.

Marta achou que Chloé ia retrucar e discutir com ela como antes, mas não imaginava que ela fosse lhe dar dinheiro.

Mas, ela apenas fechou a cara e disse:

- Só dois mil? Você acha que eu sou uma mendiga?

Chloé apenas sorriu, dizendo:

- Eu não tenho outro jeito. A sua filha tem capacidades limitadas, e esse dinheiro eu ganhei com muito esforço. Se você achar muito pouco, eu também não posso fazer nada. Eu vou indo.

Chloé olhou para Adam antes de sair pela porta.

Assim que chegou no corredor, deu de cara com Gabriel. Vendo-o, Chloé ficou surpresa.

- O que você está fazendo aqui?

- O Sr. Enrico estava preocupado com você, então me mandou vir para ver como estava a situação. O Sr. Adam está bem? - disse Gabriel com um olhar indecifrável.

Senhor realmente... era bem atencioso com ela.

- Não tem com que se preocupar, tem a nossa mãe cuidando dele.

Se fosse ela, ainda teria motivos para se preocupar. Mas era Adam, e ele era precioso para Marta, então ela cuidaria muito bem dele.

Gabriel acenou, seguindo atrás de Chloé ao saírem do hospital. Vendo Chloé em silêncio, ele sentiu nela uma maturidade que não deveria existir numa garota dessa idade.

Lembrando-se do que ouvira na porta do quarto do hospital, ele perguntou um pouco surpreso:

- Eu achei que a Sra. Chloé nunca mais iria falar com a sua mãe! Ela foi tão má com você na época...

- Ah... - disse Chloé, rindo. Sem saber o porquê, seus olhos se umedeceram. - Você sabe de uma coisa? Minha mãe também já foi muito boa comigo. Eu me lembro de quando eu tinha uns oito ou nove anos, ela sempre estava trabalhando duro nas áreas de construções, movendo tijolos. Tijolos do primeiro até o sexto andar, pra cima e pra baixo. Um tijolo apenas valia alguns centavos, e ela ganhava no máximo uns vinte reais trabalhando por um dia inteiro. E ela pegava esse dinheiro para comprar guloseimas para mim e Adam. Desde aqueles tempos, eu dizia para mim mesma que, um dia, eu vou ganhar muito dinheiro e usar para cuidar muito bem dela. Eu não sabia como ganhar dinheiro, então o que eu podia fazer naquela época era apenas estudar mais e mais, e minhas notas sempre foram boas na escola por causa disso.

- Agora a pouco enquanto escutava as suas reclamações, eu apenas lembrei que ela também... Não era nada fácil. - Chloé suspirou, terminando de dizer.

- Já que é assim, então por que não exigiu dote à família Camargos? - perguntou Gabriel, o que fez Chloé abrir um leve sorriso.

- Ela é minha mãe, e a família Camargos não deve nada a ela. Mesmo que ela não teve uma vida fácil, mas é uma pessoa ambiciosa, e não usa a cabeça. Se deixar ela abusar deles uma vez, então ela abusará muitas outras vezes.

Cuidar da própria mãe era o seu dever, e de mais ninguém. Não era o dever da família Camargos.

Chloé chegou em casa e Bruna a viu, cumprimentando:

- Chloé, boa noite.

- Boa noite, Bruna. - Chloé respondeu dando um grande bocejo. Ela estava morrendo de sono.

- O que quer de café da manhã? - perguntou Bruna.

- Macarrão.

- Ok, então você espere um pouco.

- Beleza, eu vou lavar um rosto.

Chloé voltou para o seu quarto, escovou os dentes e lavou o rosto. Quando saiu do banheiro, viu que Enrico continuava jogado na cama.

Ainda estava dormindo?

Chloé se enfiou dentro das cobertas e o abraçou pela cintura, se deitando em cima dele, e disse toda melosa:

- Acorde, meu amor.

Ela tinha acabado de lavar o rosto, então o seu rosto e as mãos estavam um pouco frios. Enrico uivou com seu toque gelado, esbugalhando os olhos, e pegou as suas mãos. Sentindo a temperatura, franziu o cenho e perguntou:

- Por que está tão fria?

- Acabei de lavar o rosto. - disse ela segurando o riso. - Gelei você?

Ele envolveu as suas mãos em suas com carinho, e perguntou:

- Era muito frio no hospital?

- Mais ou menos, não era muito frio.

Enrico admirava a garota esparramada encima de si, e questionou todo atencioso:

- A barriga ainda está doendo?

Ela estava naqueles dias e ainda passou a noite inteira sem dormir, ele estava bem preocupado.

Chloé ficou intrigada. Por que raios Enrico estava perguntando sobre a sua barriga do nada?

Ela respondeu sem pensar:

- Não está doendo.

- Não dói? - Enrico franziu a sobrancelha. Ele se lembra de que toda vez que Chloé menstruava, a cólica era bem forte no primeiro dia e nem queria se mexer, só queria ficar o dia todo encolhido na cama.

Mas desta vez, ela ficou uma noite inteira sem voltar para casa, e não estava com dores?

Chloé assistia a mudança nas expressões de seu Enrico, e no próximo instante, ele se virou e a prendeu debaixo de seu corpo.

- Enrico! - Chloé olhou para ele, inesperada. Ela não estava preparada para algo tão excitante logo de manhã!

Ele a pressionou debaixo de seu corpo, e a mão se estendendo rapidamente para baixo...

A cara de Chloé ficou imediatamente corada. Ele... Ele estava...

Meu Deus! Enrico recém-acordado era um pouco atrevido demais!

Chloé segurou a sua mão o impedindo, com um pouco de peso na consciência, e procurou logo por uma desculpa:

- Eu... Eu ainda tenho que tomar café da manhã! O macarrão que a tia fez para mim vai esfriar!

Enrico abaixou a cabeça e seus olhos escureceram por um instante. Ele mordiscou a sua orelha e murmurou:

- Sua pequena mentirosa!

A palavra “mentirosa” a fez finalmente se lembrar da mentira que disse ontem de noite.

Ela disse que estava menstruada para escapar de uma noite de...

E acabou esquecendo disso com tanta coisa acontecendo.

- Não é isso, é que eu... - Chloé tentou dizer.

- Você o que? - Enrico a encarava. Sob a luz matinal, a pele dela era branca e suave, e seus pelos finos eram levemente visíveis sobre ela.

Ele se arrependeu por ter acreditado nela tão rápido!

Chloé o mirava, se fazendo de coitada ao dizer:

- Foi tudo culpa minha. Mas agora estou com muita fome, podemos ir comer primeiro?

- Não precisa ter pressa, ainda está cedo. - respondeu ele, com uma voz preguiçosa. Ele não ia deixá-la fugir tão fácil assim.

- Mas eu realmente estou com muita fome. - insistiu Chloé.

- Ah, é? - Enrico a olhava com um semblante perigoso.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: A Segunda Noiva