A Sra. Santos Quer se Divorciar Há Muito Tempo romance Capítulo 3

Antônio era um dos secretários pessoais de Pedro.

Ao ver a carta de demissão dela, ficou bastante surpreso. Ele era uma das poucas pessoas na empresa que sabia da relação entre Isabela e Pedro.

Quem conhecia Pedro sabia que ele não tinha nenhum interesse em Isabela. Depois do casamento, ele se tornou frio com ela e raramente voltava para casa.

Para se aproximar de Pedro, Isabela havia escolhido entrar para o Grupo Santos. Seu objetivo inicial era se tornar a secretária pessoal de Pedro. Porém, Pedro não concordou.

Mesmo Raul tentando interceder, não foi possível fazer Pedro mudar de ideia.

Por fim, Isabela teve que dar um passo atrás e acabou ficando no departamento de secretariado, se tornando uma das muitas secretárias comuns de Pedro.

No começo, Antônio ficou preocupado que, ao entrar para o departamento, Isabela pudesse causar confusão, mas, para sua surpresa, isso não aconteceu.

Embora Isabela aproveitasse a oportunidade para se aproximar de Pedro, ela o fazia de forma discreta, sem exageros. Pelo contrário, talvez para ganhar a admiração de Pedro, ela era muito dedicada ao trabalho e extremamente competente. Independentemente de estar grávida, de ter filhos ou de qualquer outra situação, Isabela sempre seguiu as regras da empresa e nunca fez algo fora do comum.

Com o passar dos anos, Isabela se tornou a líder do departamento de secretariado.

Antônio sempre soube dos sentimentos de Isabela por Pedro.

Para ser sincero, ele nunca imaginou que Isabela realmente pediria demissão. E, mais ainda, ele não acreditava que ela teria coragem de tomar tal atitude.

Agora, com Isabela realmente entregando a carta de demissão, ele suspeitava que algo tivesse ocorrido entre ela e Pedro, algo que ele não sabia, e que provavelmente levou Pedro a ordenar que ela se demitisse.

Isabela era uma funcionária muito capaz, por isso, embora fosse uma perda, Antônio procurava ser justo ao dizer:

— Recebi sua carta de demissão. Vou providenciar alguém para assumir o seu posto o mais rápido possível.

— Tudo bem.

Isabela assentiu e, com isso, se virou para retornar ao seu posto.

Após um tempo, Antônio se ocupou com outras questões e, em dado momento, fez um relatório de trabalho para Pedro.

Quando a conversa estava quase terminando, ele de repente se lembrou da demissão de Isabela.

— Presidente Pedro, sobre...

Embora tivesse dito a Isabela que rapidamente providenciaria alguém para assumir o cargo, Antônio queria sondar Pedro sobre quando ele desejava que Isabela deixasse a empresa.

Se Pedro quisesse que Isabela não aparecesse mais na empresa a partir de amanhã, Antônio poderia organizar isso imediatamente.

Porém, enquanto pensava em dar o relatório sobre a demissão de Isabela, ele se lembrou das palavras de Pedro quando Isabela entrou para a empresa. Pedro havia dito que qualquer questão relacionada a Isabela na companhia deveria ser tratada de acordo com as normas da empresa, sem a necessidade de lhe reportar diretamente. Ele não se importaria com isso.

E, de fato, foi assim ao longo dos anos.

Na empresa, Pedro nunca se importou com nada que envolvesse Isabela. Quando se encontrava com ela, sua atitude era de total indiferença, como se fosse uma estranha.

Nos primeiros anos, antes de planejarem a promoção de Isabela, levando em conta a aversão de Pedro por ela, eles até mencionaram a questão na frente dele, dizendo que, caso ele não concordasse, desistiriam da ideia.

Naquele momento, Pedro franziu a testa, visivelmente incomodado, e reiterou, com impaciência, que não interferiria, que eles deveriam seguir as regras da empresa. Ele também deixou claro que, dali em diante, qualquer questão relacionada a Isabela seria de competência deles, e não dele.

Vendo que Antônio não havia falado nada por um tempo, Pedro perguntou, franzindo a testa:

— O que foi?

Antônio se recuperou rapidamente e respondeu, apressado:

— Nada, senhor.

Já sabendo que Pedro estava ciente da demissão de Isabela, e percebendo que ele não havia se mostrado interessado em tocar no assunto, Antônio entendeu que, para Pedro, aquela situação não tinha importância alguma. Ele deveria continuar lidando com tudo da mesma forma que sempre fez, de acordo com os procedimentos da empresa.

Com isso em mente, Antônio não disse mais nada. Pedro então desligou a videoconferência.

...

— Em que está pensando?

No almoço, uma colega de trabalho de Isabela bateu levemente em seu ombro.

Isabela despertou de seus pensamentos e, sorrindo, balançou a cabeça:

— Nada demais.

— Você não vai ligar para sua filha hoje?

— Não, não vou.

Ela geralmente ligava para a filha duas vezes por dia: uma à uma da manhã e outra ao meio-dia. Isso era algo que todos no escritório sabiam.

No entanto, o que eles não sabiam era que o pai de sua filha era, na verdade, o presidente do conselho da empresa.

Após o expediente, Isabela foi ao supermercado comprar alguns ingredientes e algumas plantas para levar para casa.

Depois do jantar, ela se sentou na frente do computador para verificar as últimas notícias sobre as exposições de tecnologia.

Porque, já há mais de seis meses, ela era a única a tentar manter o contato.

Eles apenas o aceitavam de maneira passiva.

...

País A.

Ana havia desenvolvido o hábito de ligar para Sofia toda manhã, logo após acordar.

Naquele dia, como de costume, ela fez a ligação para Sofia assim que se levantou.

No entanto, mal conversaram por alguns minutos e Ana já estava chorando, tomada pela tristeza.

Isso porque Sofia lhe trouxe uma notícia devastadora.

— A Tia Sofia vai voltar para o Brasil!

Ana estava devastada. Após terminar a conversa com Sofia, ligou imediatamente para Pedro.

— Papai, você sabia disso?

No escritório, Pedro folheava alguns documentos e respondeu, sem olhar para o telefone:

— Sabia.

— Quando você soube disso?

— Já faz um tempo.

— Papai, você é muito malvado... — Ana, com o coração partido, abraçou seu ursinho de pelúcia cor-de-rosa e chorou sem parar. — Eu não quero que a tia Sofia vá embora, se ela não estiver aqui, eu não quero mais estudar aqui, eu quero voltar para o meu país.

Pedro respondeu de forma calma e sem emoção:

— Já estamos resolvendo isso.

Ana não entendeu.

— O que significa isso?

— Vamos voltar para Brasil na próxima semana.